Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Mc 1, 1-22
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Evangelho: Mc 1, 1-22
1 Princípio do Evangelho de
Jesus Cristo, Filho de Deus. 2 Conforme está escrito na profecia de
Isaías: “Eis que envio o Meu mensageiro diante de Ti, o qual preparará o Teu
caminho”. 3 Voz do que brada no deserto: “Preparai o caminho do
Senhor, endireitai as Suas veredas”. 4 Apareceu João Baptista no
deserto, pregando o baptismo de penitência para remissão dos pecados. 5
E ia ter com ele toda a região da Judeia e todos os habitantes de Jerusalém, e
eram baptizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. 6
Andava João vestido de pêlo de camelo, trazia um cinto de couro atado à volta
dos rins e alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre. 7 E pregava,
dizendo: «Depois de mim vem Quem é mais forte do que eu, a Quem eu não sou
digno de me inclinar para Lhe desatar as correias das sandálias. 8
Eu tenho-vos baptizado em água, Ele, porém, baptizar-vos-á no Espírito Santo». 9
Ora aconteceu naqueles dias que Jesus veio de Nazaré da Galileia e foi
baptizado por João no Jordão. 10 No momento de sair da água, viu os
céus abertos e o Espírito Santo que descia sobre Ele em forma de pomba; 11
e ouviu-se dos céus uma voz: «Tu és o Meu Filho amado, em Ti pus as Minhas
complacências». 12 Imediatamente o Espírito impeliu Jesus para o
deserto. 13 E permaneceu no deserto quarenta dias, sendo tentado por
Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos O serviam. 14
Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de
Deus 15 e dizendo: «Completou-se o tempo e aproxima-se o reino de
Deus; arrependei-vos e acreditai no Evangelho». 16 Passando junto do
mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar,
pois eram pescadores. 17 Jesus disse-lhes: «Vinde após Mim e Eu vos
farei pescadores de homens». 18 Imediatamente, deixadas as redes,
seguiram-n'O. 19 Prosseguindo um pouco, viu Tiago, filho de Zebedeu,
e João, seu irmão, que estavam também numa barca a consertar as redes.
Chamou-os logo. 20 Eles, tendo deixado na barca seu pai Zebedeu com
os jornaleiros, seguiram-n'O. 21 Depois
foram a Cafarnaum; e Jesus, tendo entrado no sábado na sinagoga, ensinava. 22
Os ouvintes ficavam admirados com a Sua doutrina, porque os ensinava como quem
tem autoridade e não como os escribas.
Ioannes
Paulus PP. II
Ut unum sint
sobre
o Empenho Ecuménico
…/6
Relações com as antigas Igrejas do
Oriente
62.
Desde o Concílio Vaticano II em
diante, a Igreja Católica, com modalidades e ritmos diversos, estreitou
relações fraternas também com aquelas antigas Igrejas do Oriente, que
contestaram as fórmulas dogmáticas dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia.
Todas estas Igrejas enviaram observadores como delegados ao Concílio Vaticano II; os seus Patriarcas
honraram-nos com a sua visita, e o Bispo de Roma pôde falar com eles como a
irmãos que, após longo tempo, felizes se reencontram.
O
restabelecimento das relações fraternas com as antigas Igrejas do Oriente,
testemunhas da fé cristã muitas vezes em situações hostis e trágicas, é um sinal
concreto de quanto Cristo nos una, não obstante as barreiras históricas,
políticas, sociais e culturais. E precisamente a propósito do tema
cristológico, pudemos, juntamente com os Patriarcas de algumas destas Igrejas,
declarar a nossa fé comum em Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
O Papa Paulo VI, de veneranda memória, tinha assinado declarações neste sentido
com Sua Santidade Shenouda III, Papa e Patriarca copto ortodoxo, 103 e com o Patriarca siro ortodoxo de
Antioquia, Sua Santidade Jacoub III. 104
Eu mesmo pude confirmar esse acordo cristológico e tirar as suas consequências:
para o desenvolvimento do diálogo, com o Papa Shenouda, 105 e para a colaboração pastoral, com o
Patriarca siro de Antioquia Mar Ignazio Zakka I Iwas. 106
Com
o venerável Patriarca da Igreja da Etiópia, Abuna Paulos, que me veio visitar a
Roma no dia 11 de Junho de 1993, sublinhámos a profunda comunhão existente
entre as nossas duas Igrejas: «Compartilhamos a fé transmitida pelos Apóstolos,
bem como os mesmos sacramentos e o mesmo ministério, radicados na sucessão
apostólica (...). Hoje, aliás, podemos afirmar que temos uma só fé em Cristo,
apesar de por longo tempo isto ter sido uma fonte de divisão entre nós». 107
Mais
recentemente, o Senhor deu-me a alegria imensa de subscrever uma declaração
cristológica comum com o Patriarca Assírio do Oriente, Sua Santidade Mar Dinkha
IV, que, por este motivo, quis visitar-me em Roma, no mês de Novembro de 1994.
Tendo em conta certas formulações teológicas diferenciadas, pudemos assim
professar juntos a verdadeira fé em Cristo. 108
Quero exprimir o meu júbilo por tudo isto, com as palavras da Virgem: «A minha
alma glorifica ao Senhor» (Lc 1, 46).
63.
Para as tradicionais controvérsias sobre a cristologia, os contactos ecuménicos
tornaram, assim, possíveis alguns esclarecimentos essenciais, a ponto de nos
permitir confessar, juntos, a fé que nos é comum. Uma vez mais, há que
constatar que uma aquisição tão importante é seguramente fruto da pesquisa
teológica e do diálogo fraterno. E mais. Ela serve-nos de encorajamento:
mostra- -nos, de facto, que o caminho percorrido é justo e que razoavelmente se
pode esperar encontrar juntos a solução para as outras questões controversas.
Diálogo com as outras Igrejas e
Comunidades eclesiais no Ocidente
64.
No amplo plano traçado para a restauração da unidade entre todos os cristãos, o
Decreto sobre o ecumenismo toma igualmente em consideração as relações com as
Igrejas e Comunidades eclesiais do Ocidente. Com o intuito de instaurar um clima
de fraternidade cristã e de diálogo, o Concílio situa as suas indicações no
âmbito de duas considerações de ordem geral: uma de carácter
histórico-psicológico, e outra de carácter teológico-doutrinal. Por um lado, o
citado documento ressalta: «As Igrejas e Comunidades eclesiais, que se
separaram da Sé Apostólica Romana naquela grave perturbação iniciada no
Ocidente já pelos fins da Idade Média, ou em tempos posteriores, continuam,
contudo, ligadas à Igreja Católica pelos laços de uma peculiar afinidade devida
à longa convivência do povo cristão na comunidade eclesiástica durante os
séculos passados». 109 Por outro
lado e com igual realismo, constata-se: «É preciso, contudo, reconhecer que
entre estas Igrejas e Comunidades e a Igreja Católica há discrepâncias
consideráveis, não só de índole histórica, sociológica, psicológica, cultural,
mas sobretudo de interpretação da verdade revelada». 110
65.
Comuns são as raízes, tal como semelhantes, apesar das diferenças, são as
orientações que guiaram no Ocidente o desenvolvimento da Igreja Católica e das
Igrejas e Comunidades saídas da Reforma. Consequentemente possuem uma
característica ocidental comum. As «discrepâncias» acima acenadas, ainda que
importantes, não excluem, portanto, influências e complementaridade recíproca.
O
movimento ecuménico teve início precisamente no âmbito das Igrejas e
Comunidades da Reforma. Contemporaneamente, estava-se em Janeiro de 1920, o
Patriarca Ecuménico tinha formulado votos de que se organizasse uma colaboração
entre as Comunhões cristãs. Este facto demonstra que a incidência do contexto
cultural não é decisiva. Essencial é, pelo contrário, a questão da fé. A oração
de Cristo, nosso único Senhor, Redentor e Mestre, interpela a todos do mesmo
modo, tanto no Oriente como no Ocidente. Torna-se um imperativo que obriga a
abandonar as divisões para buscar e reencontrar a unidade, impelidos
inclusivamente pelas próprias amargas experiências da divisão.
66.
O Concílio Vaticano II não tenta
fazer a «descrição» do cristianismo saído da Reforma, já que as «Igrejas e
Comunidades eclesiais (...) não só diferem de nós mas também diferem
consideravelmente entre si», e isto «por causa da diversidade de origem,
doutrina e vida espiritual». 111
Além disso, o mesmo Decreto observa que o movimento ecuménico e o desejo de paz
com a Igreja Católica ainda não alastrou por toda a parte. 112 Mas, independentemente destas circunstâncias,
o Concílio propõe o diálogo.
O
Decreto conciliar procura, depois, «expor (...) alguns pontos que podem e devem
ser o fundamento e o incentivo deste diálogo». 113
«Consideramos
(...) aqueles cristãos que, para glória de Deus único, Pai e Filho e Espírito
Santo, abertamente confessam Jesus Cristo como Deus e Senhor e único mediador
entre Deus e os homens». 114
Estes
irmãos promovem o amor e a veneração pela Sagrada Escritura: «Invocando o
Espírito Santo, na própria Sagrada Escritura, procuram a Deus que lhes fala em
Cristo anunciado pelos profetas, Verbo de Deus por nós encarnado. Nela
contemplam a vida de Cristo e aquilo que o divino Mestre ensinou e realizou
para a salvação dos homens, sobretudo os mistérios da sua morte e ressurreição.
(...) Afirmam a autoridade divina da Sagrada Escritura». 115
Ao
mesmo tempo, contudo, pensam «diferentemente de nós (...) sobre a relação entre
a Escritura e a Igreja. Na Igreja, segundo a fé católica, o magistério
autêntico tem lugar peculiar na exposição e pregação da palavra de Deus
escrita». 116 Apesar disso, «no
(...) diálogo, a Sagrada Escritura é um exímio instrumento na poderosa mão de
Deus para a consecução daquela unidade que o Salvador oferece a todos os
homens». 117
Além
disso, o sacramento do Baptismo, que temos em comum, representa «o vínculo
sacramental da unidade que liga todos os que foram regenerados por ele». 118 As implicações teológicas, pastorais e
ecuménicas do Baptismo comum são muitas e importantes. Embora de per si
constitua apenas «o início e o exórdio», este sacramento «ordena-se à completa
profissão da fé, à íntegra incorporação na obra da salvação, tal como o próprio
Cristo o quis, e finalmente à total inserção na comunhão eucarística». 119
67.
Apareceram divergências doutrinais e históricas do tempo da Reforma, a
propósito da Igreja, dos sacramentos e do Ministério ordenado. Por isso, o
Concílio requer que «se tome como objecto do diálogo a doutrina sobre a Ceia do
Senhor, sobre os outros sacramentos, sobre o culto e sobre os ministérios da
Igreja». 120
Ao
assinalar que às Comunidades saídas da Reforma falta «a unidade plena connosco
proveniente do baptismo», o Decreto
Unitatis redintegratio observa que elas não conservaram «a genuína e
íntegra substância do mistério eucarístico, sobretudo por causa da falta do
sacramento da Ordem», mas «quando na santa Ceia comemoram a morte e a
ressurreição do Senhor, elas confessam ser significada a vida na comunhão de
Cristo e esperam o seu glorioso advento». 121
68.
O Decreto não esquece a vida espiritual e as consequências morais: «A vida
cristã destes irmãos alimenta-se da fé em Cristo e é fortalecida pela graça do
baptismo e pela escuta da palavra de Deus. Manifesta-se na oração privada, na
meditação bíblica, na vida familiar cristã, no culto da comunidade congregada
para o louvor de Deus. Aliás, o culto deles contém por vezes notáveis elementos
da antiga Liturgia comum». 122
O
documento conciliar, aliás, não se limita a estes aspectos espirituais, morais
e culturais, mas regista com apreço também o sentimento vivo da justiça e da
sincera caridade para com o próximo, que estão presentes nestes irmãos; não
esquece, além disso, as suas iniciativas para tornar mais humanas as condições
sociais da vida e para restabelecer a paz. Tudo isto, com a sincera vontade de
aderir à palavra de Cristo enquanto fonte da vida cristã.
Deste
modo, o texto põe em destaque uma problemática, no campo ético-moral, que se
torna cada vez mais urgente no nosso tempo: Muitos dentre os cristãos nem sempre entendem
o Evangelho do mesmo modo que os católico ». 123
Nesta vasta matéria, há grande espaço de diálogo acerca dos princípios morais
do Evangelho e das suas aplicações.
69.
Os votos e o convite do Concílio Vaticano
II foram postos em prática, tendo-se iniciado progressivamente o diálogo
teológico bilateral com as várias Igrejas e Comunidades cristãs mundiais do
Ocidente.
Quanto
ao diálogo plurilateral, já em 1964 tinha início o processo da constituição de
um «Grupo Misto de Trabalho» com o Conselho Ecuménico das Igrejas e, desde 1968,
teólogos católicos começaram a tomar parte, como membros de pleno direito, no
Departamento teológico do referido Conselho, a Comissão «Fé e Constituição».
O
diálogo foi fecundo e rico de promessas, e continua a sê-lo. Os temas sugeridos
pelo Decreto conciliar como matéria de diálogo, foram já enfrentados ou
sê-lo-ão brevemente. A reflexão ao nível dos vários diálogos bilaterais, com
uma dedicação que merece o elogio de toda a comunidade ecuménica, concentrou-se
sobre muitas questões controversas, como o Baptismo, a Eucaristia, o Ministério
ordenado, a sacramentalidade e a autoridade da Igreja, a sucessão apostólica.
Foram-se delineando assim perspectivas de soluções inesperadas, mas, ao mesmo
tempo, compreendeu-se como era necessário investigar mais profundamente alguns
argumentos.
70.
Esta busca difícil e delicada, que implica problemas de fé e respeito da
consciência própria e alheia, foi acompanhada e sustentada pela oração da
Igreja Católica e das outras Igrejas e Comunidades eclesiais. A oração pela
unidade, já tão radicada e difundida no tecido conectivo eclesial, mostra que a
importância da questão ecuménica não passa despercebida aos cristãos.
Exactamente porque a busca da plena unidade exige um confronto de fé entre
crentes que se apelam ao único Senhor, a oração é a fonte de iluminação acerca
da verdade que se há-de acolher em toda a sua integridade.
Além
disso, através da oração, a busca da unidade, longe de ficar circunscrita ao
âmbito de especialistas, estende-se a todo o baptizado. Todos podem,
independentemente do seu papel na Igreja e da sua formação cultural, dar um
contributo activo, numa dimensão misteriosa e profunda.
Relações eclesiais
71.
É preciso também dar graças à Providência divina por todos os acontecimentos
que testemunham o progresso no caminho da busca da unidade. A par do diálogo
teológico, há que mencionar oportunamente as outras formas de encontro, a
oração em comum e a colaboração prática. O Papa Paulo VI deu um forte impulso a
este processo com a sua visita à sede do Conselho Ecuménico das Igrejas, em
Genebra, que teve lugar a 10 de Junho de 1969, e encontrando muitas vezes os
representantes de várias Igrejas e Comunidades eclesiais. Estes contactos
contribuem eficazmente para melhorar o conhecimento recíproco e fazer crescer a
fraternidade cristã.
O
Papa João Paulo I, durante o seu pontificado tão breve, exprimiu a vontade de
continuar o caminho. 124 O Senhor
concedeu-me trabalhar nesta direcção. Para além dos importantes encontros
ecuménicos havidos em Roma, uma parte significativa das minhas visitas pastorais
é habitualmente dedicada ao testemunho a favor da unidade dos cristãos. Algumas
das minhas viagens apresentam mesmo uma «prioridade» ecuménica, especialmente
em países onde as comunidades católicas estão em minoria, relativamente às
Comunhões saídas da Reforma; ou em lugares onde estas últimas representam uma
porção considerável dos crentes em Cristo de determinada sociedade.
72.
Isto vale sobretudo para os países europeus, onde tiveram início estas
divisões, e para a América do Norte. Neste contexto, e sem querer diminuir as
demais visitas, merecem especial relevo, no continente europeu, as duas feitas
à Alemanha, em Novembro de 1980 e em Abril-Maio de 1987 respectivamente; a
visita à Grã-Bretanha (Inglaterra, Escócia e País de Gales), em Maio-Junho de
1982; à Suíça, no mês de Junho de 1984; aos Países Escandinavos e Nórdicos
(Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca e Islândia), onde me desloquei em Junho
de 1989. Na alegria, no respeito recíproco, na solidariedade cristã e na
oração, encontrei tantos e tantos irmãos, todos eles comprometidos na busca da
fidelidade ao Evangelho. A constatação de tudo isto foi para mim fonte de
grande encorajamento. Experimentámos a presença do Senhor entre nós.
A
este propósito, queria lembrar um gesto, ditado pela caridade fraterna e
repassado de profunda lucidez de fé, que vivi com intensa emoção. Passou-se nas
celebrações eucarísticas, que presidi na Finlândia e na Suécia, durante a minha
viagem aos Países Escandinavos e Nórdicos. No momento da comunhão, os Bispos
luteranos apresentaram-se ao celebrante. Com um gesto de antemão acordado, eles
quiseram demonstrar o desejo de chegar ao momento em que nós, católicos e
luteranos, teremos a possibilidade de partilhar a mesma Eucaristia, e quiseram
receber a bênção do celebrante. Com amor, os abençoei. O mesmo gesto, muito
rico de significado, foi repetido em Roma, durante a missa que presidi, na
Praça Farnese, por ocasião do VIo centenário da canonização de Santa Brígida, a
6 de Outubro de 1991.
Encontrei
análogos sentimentos do outro lado do oceano, no Canadá, em Setembro de 1984; e
especialmente, no mês de Setembro de 1987, nos Estados Unidos, onde se nota uma
grande abertura ecuménica. É o caso — para dar um exemplo — do encontro ecuménico
em Colúmbia, na Carolina do Sul, a 11 de Setembro de 1987. Já de per si é
importante o facto de que se verifiquem com regularidade estes encontros entre
os irmãos do «pós-Reforma» e o Papa. Estou-lhes profundamente grato, porque
eles me aceitaram de boa vontade, tanto os responsáveis das várias Comunidades,
como as Comunidades no seu todo. Deste ponto de vista, julgo significativa a
celebração ecuménica da Palavra, realizada em Colúmbia e que teve por tema a
família.
73.
Motivo de grande alegria é, ainda, a constatação de como, no período
pós-conciliar, abundam, nas diversas Igrejas locais, as iniciativas e acções a
favor da unidade dos cristãos, as quais estendem sucessivamente a sua
incidência ao nível das Conferências episcopais, de cada uma das dioceses e
comunidades paroquiais, como também dos diversos ambientes e movimentos
eclesiais.
Colaborações realizadas
74.
«Nem todo o que Me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim
aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos Céus» (Mt 7, 21). A
coerência e a honestidade das intenções e afirmações de princípio verificam-se
pela sua aplicação à vida concreta. O Decreto conciliar sobre o ecumenismo
assinala que, nos outros cristãos, «a sua fé em Cristo produz frutos de louvor
e acção de graças pelos benefícios recebidos de Deus. Há também, entre eles, um
vivo sentido da justiça e uma sincera caridade para com o próximo». 125
O
terreno, agora delineado, é fértil não apenas para o diálogo, mas também para
uma activa colaboração: a «fé operosa produziu não poucas instituições para
aliviar a miséria espiritual e corporal, promover a educação da juventude,
tornar mais humanas as condições sociais da vida e estabelecer por toda a parte
a paz». 126
A
vida social e cultural oferece amplos espaços de colaboração ecuménica. Com uma
frequência sempre maior, os cristãos aparecem juntos a defender a dignidade
humana, a promover o bem da paz, a aplicação social do Evangelho, a tornar
presente o espírito cristão nas ciências e nas artes. Eles encontram-se cada
vez mais unidos, quando se trata de ir ao encontro das carências e misérias do
nosso tempo: a fome, as calamidades, a injustiça social.
75.
Esta cooperação, que recebe inspiração do próprio Evangelho, deixa de ser uma
mera acção humanitária, para os cristãos. Mas tem a sua razão de ser na palavra
do Senhor: «Tive fome e destes-Me de comer» (Mt 25, 35). Como já
sublinhei, a cooperação de todos os cristãos manifesta claramente aquele grau
de comunhão que existe já entre eles. 127
Assim
aos olhos do mundo, a acção concorde dos cristãos na sociedade reveste o valor
transparente de um testemunho prestado unanimemente ao nome do Senhor. Aquela
assume também as dimensões de um anúncio, porque revela o rosto de Cristo.
As
divergências doutrinais que restam, exercem uma influência negativa e põem
limites também à colaboração. Porém, a comunhão de fé já existente entre os
cristãos oferece uma base sólida para a sua acção conjunta não apenas no campo
social, mas também no âmbito religioso.
Esta
cooperação facilitará a procura da unidade. O Decreto sobre o ecumenismo
observa que, por ela, «todos os que crêem em Cristo podem mais facilmente
aprender como devem entender-se melhor e estimar-se mais uns aos outros, e
assim se abre o caminho que leva à unidade dos cristãos». 128
76.
Neste contexto, como não recordar o interesse ecuménico pela paz, que se
exprime na oração e na acção com uma participação crescente dos cristãos e uma
motivação teológica que pouco a pouco se vai tornando mais profunda? Nem poderia
ser de outro modo. Porventura não acreditamos nós em Jesus Cristo, Príncipe da
paz? Os cristãos estão cada vez mais unidos na rejeição da violência, qualquer
tipo de violência, desde as guerras à injustiça social.
Somos
chamados a um compromisso cada vez mais activo, a fim de se manifestar ainda
mais claramente que as motivações religiosas não são a verdadeira causa dos
conflitos em curso, embora infelizmente, não esteja esconjurado o risco de
instrumentalizações para fins políticos e polémicos.
No
ano 1986, durante a Jornada Mundial de Oração pela Paz, em Assis, os cristãos
das várias Igrejas e Comunidades eclesiais invocaram, a uma só voz, o Senhor da
história pela paz no mundo. Naquele dia, de modo distinto mas paralelo, rezaram
pela paz também os hebreus e os representantes das religiões não cristãs, numa
sintonia de sentimentos que fizeram vibrar as cordas mais profundas do espírito
humano.
E
não quero esquecer a Jornada de Oração pela Paz na Europa especialmente nos
Balcãs, que me levou de novo como peregrino à cidade de S. Francisco, nos dias
9 e 10 de Janeiro de 1993, bem como a Missa pela Paz nos Balcãs e de modo
particular na Bósnia-Herzegovina, que presidi a 23 de Janeiro de 1994 na
Basílica de S. Pedro, no contexto da Semana de oração pela unidade dos
cristãos.
Quando
o nosso olhar percorre o mundo, a alegria invade o nosso espírito. Constatamos,
de facto, que os cristãos se sentem cada vez mais interpelados pela questão da
paz. Consideram-na estritamente conexa com o anúncio do Evangelho e com o
advento do Reino de Deus.
Revisão
da tradução portuguesa por ama
_____________________________________________
Notas:
(em italiano)
103
Cfr. Dichiarazione comune del Sommo Pontefice Paolo VI e di Sua Santità
Shenouda III, Papa di Alessandria e Patriarca della sede di S. Marco (10 maggio
1973): AAS 65 (1973), 299-301.
104
Cfr. Dichiarazione comune del Sommo Pontefice Paolo VI e di Sua Beatitudine Mar
Ignazio Jacoub III, Patriarca della Chiesa di Antiochia dei Siri e di tutto
l'Oriente (27 ottobre 1971): AAS 63 (1971), 814-815.
105
Cfr. Discorso agli inviati della Chiesa Copta Ortodossa (2 giugno 1979): AAS 71
(1979), 1000-1001.
106
Cfr. Dichiarazione comune del Papa Giovanni Paolo II e di Sua Santità Moran Mar
Ignazio Zakka I Iwas, Patriarca Siro-Ortodosso di Antiochia e di tutto
l'Oriente (23 giugno 1984): Insegnamenti VII, 1 (1984), 1902-1906.
107
Discorso rivolto a Sua Santità Abuna Paulos, Patriarca della Chiesa Ortodossa
d'Etiopia (11 giugno 1993): L'Osservatore Romano 11-12 giugno 1993, p. 4.
108
Cfr. Dichiarazione cristologica comune tra la Chiesa cattolica e la Chiesa
assira dell'Oriente: L'Osservatore Romano 12 novembre 1994, p. 1.
109
Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 19.
110
Ibid.
111
Ibid., 19.
112
Cfr. ibid.
113
Ibid.
114
Ibid., 20.
115
Ibid., 21.
116
Ibid.
117
Ibid.
118
Ibid., 22.
119
Ibid.
120
Ibid., 22; cfr. 20.
121
Ibid., 22.
122
Ibid., 23.
123
Ibid.
124
Cfr. Radiomessaggio Urbi et Orbi (27 agosto 1978): AAS 70 (1978), 695-696.
125
Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 23.
126
Ibid.
127
Cfr. ibid., 12.
128
Conc. Ecum. Vat. II, Decr. sull'ecumenismo Unitatis redintegratio, 12.
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