Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Jo 15, 1-17
1 «Eu sou a videira
verdadeira, e Meu Pai é o agricultor. 2 Todo o ramo que não dá fruto em Mim,
Ele o cortará; e todo o que der fruto, podá-lo-á, para que dê mais fruto. 3 Vós
já estais limpos em virtude da palavra que vos anunciei. 4 Permanecei em Mim e
Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode por si mesmo dar fruto se não
permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim. 5 Eu sou
a videira, vós os ramos. Aquele que permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito
fruto, porque sem Mim nada podeis fazer. 6 Se alguém não permanecer em Mim,
será lançado fora como o ramo, e secará; depois recolhê-lo-ão, lançá-lo-ão no
fogo e arderá. 7 Se permanecerdes em Mim, e as Minhas palavras permanecerem em
vós, pedireis tudo o que quiserdes e ser-vos-á concedido. 8 Nisto é glorificado
Meu Pai: Em que vós deis muito fruto e sejais Meus discípulos. 9 Como o Pai Me
amou, assim Eu vos amei. Permanecei no Meu amor. 10 Se observardes os Meus
preceitos, permanecereis no Meu amor, como Eu observei os preceitos de Meu Pai
e permaneço no Seu amor. 11 Disse-vos estas coisas, para que a Minha alegria
esteja em vós e para que a vossa alegria seja completa. 12 «O Meu preceito é este: Amai-vos uns aos
outros, como Eu vos amei. 13 Não há maior amor do que dar a própria vida pelos
seus amigos. 14 Vós sois Meus amigos se fizerdes o que vos mando. 15 Não mais
vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas
chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de Meu Pai. 16 Não
fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi, e vos destinei para
que vades e deis fruto, e para que o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo o
que pedirdes a Meu Pai em Meu nome, Ele vo-lo conceda. 17 Isto vos mando:
Amai-vos uns aos outros.
Ioannes
Paulus PP. II
Dominum et vivificantem
sobre
o Espírito Santo
na
Vida da Igreja e do Mundo
/…10
6. «O Espírito e a Esposa dizem:
"Vem!"»
65.
O sopro da vida divina, o Espírito Santo, exprime-se e faz-se ouvir, da forma
mais simples e comum, na oração. É belo e salutar pensar que, onde quer que no
mundo se reze, aí está presente o Espírito Santo sopro vital da oração. É belo
e salutar reconhecer que, se a oração se encontra difundida por todo o
universo, igualmente difundida é a presença e a acção do Espírito Santo, que
«insufla» a oração no coração do homem em toda a gama incomensurável das mais
diversas situações e das condições, umas vezes favoráveis, outras vezes
contrárias à vida espiritual e religiosa. Em muitos casos, sob a acção do
Espírito, a oração sobe do coração do homem, apesar das proibições e das
perseguições, e mesmo malgrado as proclamações oficiais, afirmando o carácter
a-religioso ou até ateu na vida pública! A oração continua a ser sempre a voz
de todos os que aparentemente não têm voz; e nesta voz ecoa, sem cessar, aquele
«forte clamor» atribuído a Cristo pela Epístola aos Hebreus. 280 A oração é também a revelação do abismo
que é o coração do homem: uma profundidade que vem de Deus e que somente Deus
pode preencher, precisamente pelo Espírito Santo! Lemos em São Lucas: «Se vós,
portanto, embora sendo maus, sabeis oferecer coisas boas aos vossos filhos,
quanto mais o vosso Pai celeste dará o Espírito Santo àqueles que lho
pedirem!». 281
O
Espírito Santo é o Dom, que vem ao coração do homem ao mesmo tempo que a
oração. Na oração Ele manifesta-se, antes de mais e acima de tudo, como o Dom,
que «vem em auxílio da nossa fraqueza». É o magnífico pensamento desenvolvido
por São Paulo na Epístola aos Romanos, quando escreve: «Nós nem sequer sabemos
o que devemos pedir como nos convém; mas o próprio Espírito Santo intercede por
nós, com gemidos inexprimíveis». 282
Assim o mesmo Espírito Santo não só nos leva a rezar, mas também nos guia «de
dentro» na oração, suprindo à nossa insuficiência e remediando a nossa
incapacidade de rezar: está presente na nossa oração e confere-lhe a dimensão
divina. 283 «Aquele que perscruta
os corações (Deus) sabe quais são os desejos do Espírito, porque Ele intercede
pelos santos em conformidade com Deus». 284
A oração, por obra do Espírito Santo, torna-se a expressão cada vez mais
amadurecida do homem novo que, através dela, participa na vida divina.
A nossa
época difícil tem particular necessidade da oração. Se no decorrer da história,
ontem como hoje, homens e mulheres em grande número deram testemunho da importância
da oração — consagrando-se ao louvor de Deus e à vida de oração, sobretudo nos
mosteiros, com grande proveito para a Igreja — nestes últimos anos vai
crescendo também o número das pessoas que, em movimentos e grupos cada vez mais
desenvolvidos, põem a oração em primeiro lugar e nela procuram a renovação da
vida espiritual. Trata-se de um sintoma significativo e consolador, uma vez que
desta experiência tem derivado uma contribuição real para a retomada da oração
entre os fiéis, os quais, desse modo, foram ajudados a melhor considerarem o
Espírito Santo como Aquele que suscita nos corações uma profunda aspiração à
santidade.
Em
muitas pessoas e em muitas comunidades amadurece a consciência de que, mesmo
com todo o progresso vertiginoso da civilização técnico-científica e não
obstante as reais conquistas e as metas alcançadas, o homem está ameaçado, a
humanidade está ameaçada. Diante deste perigo, e mais ainda ao experimentar a
inquietude perante uma real decadência espiritual do homem, pessoas
individualmente e comunidades inteiras, como que guiados por um sentido
interior da fé, buscam a força capaz de erguer de novo o homem, de o salvar de
si mesmo, dos seus próprios erros e das ilusões que tornam nocivas, muitas
vezes, as suas próprias conquistas. E assim descobrem a oração, na qual se
manifesta o «Espírito que vem em auxílio da nossa fraqueza». Deste modo, os
tempos em que vivemos aproximam do Espírito Santo muitas pessoas, que retornam
à oração. E eu confio que todas possam encontrar no ensino da presente
Encíclica alimento para a sua vida interior e consigam fortalecer, sob a acção
do Espírito Santo, o seu empenho de oração, em consonância com a Igreja e com o
seu Magistério.
66.
No meio dos problemas, das desilusões e das esperanças, das deserções e dos
retornos desta nossa época, a Igreja continua fiel ao mistério do seu
nascimento. Se é um facto histórico que a Igreja saiu do Cenáculo no dia do
Pentecostes, também pode dizer-se que, em certo sentido, ela nunca o abandonou.
Espiritualmente, o acontecimento do Pentecostes não pertence só ao passado: a
Igreja está sempre no Cenáculo, que traz no seu coração. A Igreja persevera na
oração, como os Apóstolos, juntamente com Maria, Mãe de Cristo, e com aqueles
que, em Jerusalém, constituíam o primeiro núcleo da comunidade cristã e
aguardavam, orando, a vinda do Espírito Santo.
A
Igreja persevera na oração com Maria. Esta união da Igreja orante com a Mãe de
Cristo faz parte do mistério da mesma Igreja, desde os seus inícios: nós vemos
Maria presente neste mistério, como está presente no mistério do seu Filho. O
Concílio no-lo diz: «A Santíssima Virgem... envolvida pela sombra do poder do
Espírito Santo... deu à luz o Filho, que Deus estabeleceu como primogénito
entre muitos irmãos» (cf. Rom 8, 29), isto é, entre os fiéis, em
cuja regeneração e formação ela coopera com amor materno». Ela, pelas suas
«graças e funções singulares... está intimamente unida à Igreja: é figura da
Igreja». 285 «A Igreja, contemplando a sua misteriosa santidade e imitando a
sua caridade,... torna-se também ela mãe»; e «à imitação da Mãe do seu Senhor,
conserva, pela graça do Espírito Santo, virginalmente íntegra a fé, sólida a
esperança, sincera a caridade: também ela (isto é, a Igreja) é virgem que
guarda... a fé jurada ao Esposo». 286
Compreende-se,
assim, o sentido profundo do motivo pelo qual a Igreja, em união com a Virgem
Maria, se volta continuamente como Esposa para o seu divino Esposo, conforme
atestam as palavras do Apocalipse, citadas pelo Concílio: «O Espírito Santo e a
Esposa dizem ao Senhor Jesus: Vem!». 287
A oração da Igreja é esta invocação incessante, na qual o Espírito intercede
por nós: de certo modo, Ele próprio pronuncia essa invocação com a Igreja e na
Igreja. O Espírito, de facto, é dado à Igreja, a fim de que, pelo seu poder,
toda a comunidade do Povo de Deus, por mais ramificada que seja na sua
diversidade, se mantenha na esperança: naquela esperança em que já «fomos
salvos». 288 É a esperança escatológica, a esperança da realização definitiva
em Deus, a esperança do Reino eterno, que se actua pela participação na vida
trinitária. O Espírito Santo, concedido aos Apóstolos como Consolador, é o
guarda e o animador desta esperança no coração da Igreja.
Na
perspectiva do terceiro Milénio depois de Cristo, quando «o Espírito e a Esposa
dizem ao Senhor Jesus: Vem!», esta sua oração, como sempre, reveste-se de um
denso alcance escatológico, destinado a dar também plenitude de sentido à
celebração do grande Jubileu. É uma oração voltada para os destinos salvíficos,
para os quais o Espírito Santo abre os corações com a sua acção, ao longo de
toda a história do homem sobre a terra. Ao mesmo tempo, porém, esta oração
orienta-se para um preciso momento da história, em que é posta em relevo a nova
«plenitude dos tempos», momento que soará no ano 2000. A Igreja tenciona preparar-se
para esse Jubileu no Espírito Santo, tal como, pelo Espírito Santo foi
preparada a Virgem de Nazaré, em quem o Verbo se fez carne.
CONCLUSÃO
67.
Queremos concluir estas considerações situando-nos no coração da Igreja e no
coração do homem. O caminho da Igreja passa através do coração do homem, porque
nele está o lugar recôndito do encontro salvífico com o Espírito Santo, com
Deus escondido, e porque exactamente aí o Espírito Santo se torna «nascente de
água que jorra para a vida eterna». 289
Ele chega aí, ao coração do homem, como Espírito da verdade e como Consolador,
Intercessor e Advogado — especialmente quando o homem, ou a humanidade, se encontra
diante do juízo de condenação do «acusador», acerca do qual no Apocalipse se
afirma que «acusa os nossos irmãos na presença do nosso Deus dia e noite». 290 O Espírito Santo não cessa nunca de ser
o guarda da esperança no coração do homem: da esperança de todas as criaturas
humanas, e especialmente daquelas que «possuem as primícias do Espírito», e
«aguardam a redenção do seu corpo». 291
O
Espírito Santo, na sua misteriosa ligação de divina comunhão com o Redentor do
homem, é Quem dá continuidade à sua obra: Ele recebe do que é de Cristo e
transmite-o a todos, entrando incessantemente na história do mundo através do
coração do homem. É aí que ele se torna — como proclama a Sequência litúrgica
da Solenidade do Pentecostes — verdadeiro «pai dos pobres, distribuidor dos
dons e luz dos corações»; torna-se: «hóspede amável das almas», que a Igreja
saúda, sem cessar, no limiar da intimidade de cada homem. Ele, efectivamente,
traz «descanso e refrigério» no meio dos esforços, do trabalho dos braços e das
mentes humanas; traz «descanso» e «alívio» nas horas de calor ardente do dia,
no meio das preocupações, das lutas e dos perigos de todas as épocas; e traz,
por fim, a «consolação», quando o coração humano chora e é tentado pelo
desespero.
Por
isso, a mesma Sequência litúrgica exclama: «Sem a tua potência divina nada há
no homem, nada que seja inocente». Só o Espírito Santo, de facto, «convence do
pecado», do mal, com o objectivo de restabelecer o bem no homem e no mundo
humano: para «renovar a face da terra». Por isso, Ele realiza a purificação de
tudo o que «deturpa» o homem, de «tudo o que é sórdido»; cura as feridas mesmo
as mais profundas da existência humana; transforma a aridez interior das almas
em campos férteis de graça e de santidade. O que é «duro — abranda-o», o que é
«frio — aquece-o», o que está «desencaminhado - reconduze-o aos caminhos da
salvação». 292
Rezando
assim, a Igreja professa sem cessar a sua fé: há no nosso mundo criado um
Espírito, que é um Dom incriado. É o Espírito do Pai e do Filho: como o Pai e o
Filho, Ele é incriado, imenso, eterno, omnipotente, Deus e Senhor. 293 Este Espírito de Deus «enche o
universo», e tudo o que é criado reconhece nele a fonte da própria identidade e
nele encontra a própria expressão transcendente, a ele se dirige e espera-o e
invoca-o com todo o seu ser. Para ele se volta, como Paráclito, Espírito da
verdade e do amor, o homem que vive de verdade e de amor e que, sem a fonte da
verdade e do amor, não pode viver. Para ele se volta a Igreja, que é o coração da
humanidade, a fim de invocar para todos e a todos dispensar aqueles dons do
Amor, que por meio dele «foi derramado nos nossos corações». 294 Para ele se volta a Igreja ao longo dos
caminhos escarpados da peregrinação do homem sobre a terra: e pede, pede
incessantemente a rectidão dos actos humanos, como sua obra; pede a alegria e a
consolação, que só ele, verdadeiro consolador, pode trazer descendo ao mais
profundo dos corações humanos; 295
pede a graça das virtudes, que são merecedoras da glória celeste, pede a
salvação eterna, na comunicação plena da vida divina, à qual o Pai eternamente
«predestinou» os homens, criados por amor à imagem e semelhança da Santíssima
Trindade.
A
Igreja, com o seu coração, que inclui em si todos os corações humanos, pede ao
Espírito Santo a felicidade que só em Deus tem a sua completa realização: a
alegria que «ninguém pode tirar», 296
a alegria que é fruto do amor e, portanto, de Deus que «é Amor»; pede «a
justiça, a paz e a alegria no Espírito Santo», nas quais, segundo São Paulo,
consiste o «Reino de Deus». 297
Também
a paz é fruto do amor: a paz interior, que o homem afadigado procura no íntimo
do seu ser; a paz que a humanidade, a família humana, os povos, as nações, os
continentes pedem com trepidante esperança de obtê-la, na perspectiva da
passagem do segundo ao terceiro Milénio cristão. Uma vez que o caminho da paz
passa, afinal, através do amor, e tende a criar uma civilização do amor, a
Igreja fixa o olhar naquele que é o Amor do Pai e do Filho e, não obstante as ameaças
crescentes, não cessa de ter confiança, não deixa de invocar e de servir a paz
do homem sobre a terra. A sua confiança fundamenta-se naquele que, sendo o
Espírito-Amor, é também o Espírito da paz, e não cessa de estar presente no
nosso mundo humano, no horizonte das consciências e dos corações humanos, para
«encher o universo» de amor e de paz.
Diante
dele ajoelho-me, no final destas considerações, implorando que, como Espírito
do Pai e do Filho, nos conceda a todos a bênção e a graça, que desejo transmitir,
em nome da Santíssima Trindade, aos filhos e filhas da Igreja e a toda a
família humana.
Dado em Roma, junto de São Pedro, a 18 de Maio,
Solenidade do Pentecostes, do ano de 1986, oitavo ano do meu Pontificado.
Ioannes Paulus PP. II
Copyright © Libreria Editrice Vaticana
(Nota: Revisão da tradução para português por ama)
____________________
Notas:
280 Cf. Hebr 5, 7.
281 Lc 11, 13.
282 Rom 8, 26.
283 Cf. ORIGENES, De orctione, 2: PG 11, 419-423.
284 Rom 8, 27.
285 Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 63.
286 Ibid., 64.
287 Ibid., 4; cf. Apoc 22, 17.
288 Cf. Rom 8, 24.
289 Cf. Jo 4, 14; Const. dogm. sobre a Igreja Lumen
gentium, 4.
290 Cf. Apoc 12, 10.
291 Cf. Rom 8, 23.
292 Cf. Sequência Veni, Sancte Spiritus.
293 Cf. Símbolo Quicumque: DS 75.
294 Cf. Rom 5, 5.
295 Convém lembrar aqui a importante Exortação
Apostólica Gaudete in Domino, publicada pelo Sumo Pontífice Paulo VI, de v. m.,
a 9 de Maio do Ano Santo de 1975: permanece com todo o seu valor, de facto, o
convite que aí se exprime, para «implorar do Espírito Santo este dom da
alegria» e também para «saborear a alegria propriamente espiritual, que é um
fruto do Espírito Santo»: AAS 67 (1975), pp. 289; 302.
296 Cf. Jo 16, 22.
297 Cf. Rom 14, 17; Gál 5, 22.
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