22/05/2012

Leitura espiritual para 22 Mai 2012


Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemariaCaminho 116)


Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.




Para ver, clicar SFF.

Evangelho: Jo 15, 1-17

1 «Eu sou a videira verdadeira, e Meu Pai é o agricultor. 2 Todo o ramo que não dá fruto em Mim, Ele o cortará; e todo o que der fruto, podá-lo-á, para que dê mais fruto. 3 Vós já estais limpos em virtude da palavra que vos anunciei. 4 Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós. Como o ramo não pode por si mesmo dar fruto se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em Mim. 5 Eu sou a videira, vós os ramos. Aquele que permanece em Mim e Eu nele, esse dá muito fruto, porque sem Mim nada podeis fazer. 6 Se alguém não permanecer em Mim, será lançado fora como o ramo, e secará; depois recolhê-lo-ão, lançá-lo-ão no fogo e arderá. 7 Se permanecerdes em Mim, e as Minhas palavras permanecerem em vós, pedireis tudo o que quiserdes e ser-vos-á concedido. 8 Nisto é glorificado Meu Pai: Em que vós deis muito fruto e sejais Meus discípulos. 9 Como o Pai Me amou, assim Eu vos amei. Permanecei no Meu amor. 10 Se observardes os Meus preceitos, permanecereis no Meu amor, como Eu observei os preceitos de Meu Pai e permaneço no Seu amor. 11 Disse-vos estas coisas, para que a Minha alegria esteja em vós e para que a vossa alegria seja completa. 12 «O Meu preceito é este: Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amei. 13 Não há maior amor do que dar a própria vida pelos seus amigos. 14 Vós sois Meus amigos se fizerdes o que vos mando. 15 Não mais vos chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de Meu Pai. 16 Não fostes vós que Me escolhestes, mas fui Eu que vos escolhi, e vos destinei para que vades e deis fruto, e para que o vosso fruto permaneça, a fim de que tudo o que pedirdes a Meu Pai em Meu nome, Ele vo-lo conceda. 17 Isto vos mando: Amai-vos uns aos outros.





Ioannes Paulus PP. II
Dominum et vivificantem
sobre o Espírito Santo
na Vida da Igreja e do Mundo

/…10

6. «O Espírito e a Esposa dizem: "Vem!"»

65. O sopro da vida divina, o Espírito Santo, exprime-se e faz-se ouvir, da forma mais simples e comum, na oração. É belo e salutar pensar que, onde quer que no mundo se reze, aí está presente o Espírito Santo sopro vital da oração. É belo e salutar reconhecer que, se a oração se encontra difundida por todo o universo, igualmente difundida é a presença e a acção do Espírito Santo, que «insufla» a oração no coração do homem em toda a gama incomensurável das mais diversas situações e das condições, umas vezes favoráveis, outras vezes contrárias à vida espiritual e religiosa. Em muitos casos, sob a acção do Espírito, a oração sobe do coração do homem, apesar das proibições e das perseguições, e mesmo malgrado as proclamações oficiais, afirmando o carácter a-religioso ou até ateu na vida pública! A oração continua a ser sempre a voz de todos os que aparentemente não têm voz; e nesta voz ecoa, sem cessar, aquele «forte clamor» atribuído a Cristo pela Epístola aos Hebreus. 280 A oração é também a revelação do abismo que é o coração do homem: uma profundidade que vem de Deus e que somente Deus pode preencher, precisamente pelo Espírito Santo! Lemos em São Lucas: «Se vós, portanto, embora sendo maus, sabeis oferecer coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai celeste dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem!». 281

O Espírito Santo é o Dom, que vem ao coração do homem ao mesmo tempo que a oração. Na oração Ele manifesta-se, antes de mais e acima de tudo, como o Dom, que «vem em auxílio da nossa fraqueza». É o magnífico pensamento desenvolvido por São Paulo na Epístola aos Romanos, quando escreve: «Nós nem sequer sabemos o que devemos pedir como nos convém; mas o próprio Espírito Santo intercede por nós, com gemidos inexprimíveis». 282 Assim o mesmo Espírito Santo não só nos leva a rezar, mas também nos guia «de dentro» na oração, suprindo à nossa insuficiência e remediando a nossa incapacidade de rezar: está presente na nossa oração e confere-lhe a dimensão divina. 283 «Aquele que perscruta os corações (Deus) sabe quais são os desejos do Espírito, porque Ele intercede pelos santos em conformidade com Deus». 284 A oração, por obra do Espírito Santo, torna-se a expressão cada vez mais amadurecida do homem novo que, através dela, participa na vida divina.

A nossa época difícil tem particular necessidade da oração. Se no decorrer da história, ontem como hoje, homens e mulheres em grande número deram testemunho da importância da oração — consagrando-se ao louvor de Deus e à vida de oração, sobretudo nos mosteiros, com grande proveito para a Igreja — nestes últimos anos vai crescendo também o número das pessoas que, em movimentos e grupos cada vez mais desenvolvidos, põem a oração em primeiro lugar e nela procuram a renovação da vida espiritual. Trata-se de um sintoma significativo e consolador, uma vez que desta experiência tem derivado uma contribuição real para a retomada da oração entre os fiéis, os quais, desse modo, foram ajudados a melhor considerarem o Espírito Santo como Aquele que suscita nos corações uma profunda aspiração à santidade.

Em muitas pessoas e em muitas comunidades amadurece a consciência de que, mesmo com todo o progresso vertiginoso da civilização técnico-científica e não obstante as reais conquistas e as metas alcançadas, o homem está ameaçado, a humanidade está ameaçada. Diante deste perigo, e mais ainda ao experimentar a inquietude perante uma real decadência espiritual do homem, pessoas individualmente e comunidades inteiras, como que guiados por um sentido interior da fé, buscam a força capaz de erguer de novo o homem, de o salvar de si mesmo, dos seus próprios erros e das ilusões que tornam nocivas, muitas vezes, as suas próprias conquistas. E assim descobrem a oração, na qual se manifesta o «Espírito que vem em auxílio da nossa fraqueza». Deste modo, os tempos em que vivemos aproximam do Espírito Santo muitas pessoas, que retornam à oração. E eu confio que todas possam encontrar no ensino da presente Encíclica alimento para a sua vida interior e consigam fortalecer, sob a acção do Espírito Santo, o seu empenho de oração, em consonância com a Igreja e com o seu Magistério.

66. No meio dos problemas, das desilusões e das esperanças, das deserções e dos retornos desta nossa época, a Igreja continua fiel ao mistério do seu nascimento. Se é um facto histórico que a Igreja saiu do Cenáculo no dia do Pentecostes, também pode dizer-se que, em certo sentido, ela nunca o abandonou. Espiritualmente, o acontecimento do Pentecostes não pertence só ao passado: a Igreja está sempre no Cenáculo, que traz no seu coração. A Igreja persevera na oração, como os Apóstolos, juntamente com Maria, Mãe de Cristo, e com aqueles que, em Jerusalém, constituíam o primeiro núcleo da comunidade cristã e aguardavam, orando, a vinda do Espírito Santo.

A Igreja persevera na oração com Maria. Esta união da Igreja orante com a Mãe de Cristo faz parte do mistério da mesma Igreja, desde os seus inícios: nós vemos Maria presente neste mistério, como está presente no mistério do seu Filho. O Concílio no-lo diz: «A Santíssima Virgem... envolvida pela sombra do poder do Espírito Santo... deu à luz o Filho, que Deus estabeleceu como primogénito entre muitos irmãos» (cf. Rom 8, 29), isto é, entre os fiéis, em cuja regeneração e formação ela coopera com amor materno». Ela, pelas suas «graças e funções singulares... está intimamente unida à Igreja: é figura da Igreja». 285 «A Igreja, contemplando a sua misteriosa santidade e imitando a sua caridade,... torna-se também ela mãe»; e «à imitação da Mãe do seu Senhor, conserva, pela graça do Espírito Santo, virginalmente íntegra a fé, sólida a esperança, sincera a caridade: também ela (isto é, a Igreja) é virgem que guarda... a fé jurada ao Esposo». 286

Compreende-se, assim, o sentido profundo do motivo pelo qual a Igreja, em união com a Virgem Maria, se volta continuamente como Esposa para o seu divino Esposo, conforme atestam as palavras do Apocalipse, citadas pelo Concílio: «O Espírito Santo e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: Vem!». 287 A oração da Igreja é esta invocação incessante, na qual o Espírito intercede por nós: de certo modo, Ele próprio pronuncia essa invocação com a Igreja e na Igreja. O Espírito, de facto, é dado à Igreja, a fim de que, pelo seu poder, toda a comunidade do Povo de Deus, por mais ramificada que seja na sua diversidade, se mantenha na esperança: naquela esperança em que já «fomos salvos». 288 É a esperança escatológica, a esperança da realização definitiva em Deus, a esperança do Reino eterno, que se actua pela participação na vida trinitária. O Espírito Santo, concedido aos Apóstolos como Consolador, é o guarda e o animador desta esperança no coração da Igreja.

Na perspectiva do terceiro Milénio depois de Cristo, quando «o Espírito e a Esposa dizem ao Senhor Jesus: Vem!», esta sua oração, como sempre, reveste-se de um denso alcance escatológico, destinado a dar também plenitude de sentido à celebração do grande Jubileu. É uma oração voltada para os destinos salvíficos, para os quais o Espírito Santo abre os corações com a sua acção, ao longo de toda a história do homem sobre a terra. Ao mesmo tempo, porém, esta oração orienta-se para um preciso momento da história, em que é posta em relevo a nova «plenitude dos tempos», momento que soará no ano 2000. A Igreja tenciona preparar-se para esse Jubileu no Espírito Santo, tal como, pelo Espírito Santo foi preparada a Virgem de Nazaré, em quem o Verbo se fez carne.

CONCLUSÃO

67. Queremos concluir estas considerações situando-nos no coração da Igreja e no coração do homem. O caminho da Igreja passa através do coração do homem, porque nele está o lugar recôndito do encontro salvífico com o Espírito Santo, com Deus escondido, e porque exactamente aí o Espírito Santo se torna «nascente de água que jorra para a vida eterna». 289 Ele chega aí, ao coração do homem, como Espírito da verdade e como Consolador, Intercessor e Advogado — especialmente quando o homem, ou a humanidade, se encontra diante do juízo de condenação do «acusador», acerca do qual no Apocalipse se afirma que «acusa os nossos irmãos na presença do nosso Deus dia e noite». 290 O Espírito Santo não cessa nunca de ser o guarda da esperança no coração do homem: da esperança de todas as criaturas humanas, e especialmente daquelas que «possuem as primícias do Espírito», e «aguardam a redenção do seu corpo». 291

O Espírito Santo, na sua misteriosa ligação de divina comunhão com o Redentor do homem, é Quem dá continuidade à sua obra: Ele recebe do que é de Cristo e transmite-o a todos, entrando incessantemente na história do mundo através do coração do homem. É aí que ele se torna — como proclama a Sequência litúrgica da Solenidade do Pentecostes — verdadeiro «pai dos pobres, distribuidor dos dons e luz dos corações»; torna-se: «hóspede amável das almas», que a Igreja saúda, sem cessar, no limiar da intimidade de cada homem. Ele, efectivamente, traz «descanso e refrigério» no meio dos esforços, do trabalho dos braços e das mentes humanas; traz «descanso» e «alívio» nas horas de calor ardente do dia, no meio das preocupações, das lutas e dos perigos de todas as épocas; e traz, por fim, a «consolação», quando o coração humano chora e é tentado pelo desespero.

Por isso, a mesma Sequência litúrgica exclama: «Sem a tua potência divina nada há no homem, nada que seja inocente». Só o Espírito Santo, de facto, «convence do pecado», do mal, com o objectivo de restabelecer o bem no homem e no mundo humano: para «renovar a face da terra». Por isso, Ele realiza a purificação de tudo o que «deturpa» o homem, de «tudo o que é sórdido»; cura as feridas mesmo as mais profundas da existência humana; transforma a aridez interior das almas em campos férteis de graça e de santidade. O que é «duro — abranda-o», o que é «frio — aquece-o», o que está «desencaminhado - reconduze-o aos caminhos da salvação». 292

Rezando assim, a Igreja professa sem cessar a sua fé: há no nosso mundo criado um Espírito, que é um Dom incriado. É o Espírito do Pai e do Filho: como o Pai e o Filho, Ele é incriado, imenso, eterno, omnipotente, Deus e Senhor. 293 Este Espírito de Deus «enche o universo», e tudo o que é criado reconhece nele a fonte da própria identidade e nele encontra a própria expressão transcendente, a ele se dirige e espera-o e invoca-o com todo o seu ser. Para ele se volta, como Paráclito, Espírito da verdade e do amor, o homem que vive de verdade e de amor e que, sem a fonte da verdade e do amor, não pode viver. Para ele se volta a Igreja, que é o coração da humanidade, a fim de invocar para todos e a todos dispensar aqueles dons do Amor, que por meio dele «foi derramado nos nossos corações». 294 Para ele se volta a Igreja ao longo dos caminhos escarpados da peregrinação do homem sobre a terra: e pede, pede incessantemente a rectidão dos actos humanos, como sua obra; pede a alegria e a consolação, que só ele, verdadeiro consolador, pode trazer descendo ao mais profundo dos corações humanos; 295 pede a graça das virtudes, que são merecedoras da glória celeste, pede a salvação eterna, na comunicação plena da vida divina, à qual o Pai eternamente «predestinou» os homens, criados por amor à imagem e semelhança da Santíssima Trindade.

A Igreja, com o seu coração, que inclui em si todos os corações humanos, pede ao Espírito Santo a felicidade que só em Deus tem a sua completa realização: a alegria que «ninguém pode tirar», 296 a alegria que é fruto do amor e, portanto, de Deus que «é Amor»; pede «a justiça, a paz e a alegria no Espírito Santo», nas quais, segundo São Paulo, consiste o «Reino de Deus». 297

Também a paz é fruto do amor: a paz interior, que o homem afadigado procura no íntimo do seu ser; a paz que a humanidade, a família humana, os povos, as nações, os continentes pedem com trepidante esperança de obtê-la, na perspectiva da passagem do segundo ao terceiro Milénio cristão. Uma vez que o caminho da paz passa, afinal, através do amor, e tende a criar uma civilização do amor, a Igreja fixa o olhar naquele que é o Amor do Pai e do Filho e, não obstante as ameaças crescentes, não cessa de ter confiança, não deixa de invocar e de servir a paz do homem sobre a terra. A sua confiança fundamenta-se naquele que, sendo o Espírito-Amor, é também o Espírito da paz, e não cessa de estar presente no nosso mundo humano, no horizonte das consciências e dos corações humanos, para «encher o universo» de amor e de paz.

Diante dele ajoelho-me, no final destas considerações, implorando que, como Espírito do Pai e do Filho, nos conceda a todos a bênção e a graça, que desejo transmitir, em nome da Santíssima Trindade, aos filhos e filhas da Igreja e a toda a família humana.

Dado em Roma, junto de São Pedro, a 18 de Maio, Solenidade do Pentecostes, do ano de 1986, oitavo ano do meu Pontificado.

Ioannes Paulus PP. II

Copyright © Libreria Editrice Vaticana

(Nota: Revisão da tradução para português por ama)
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Notas:
280 Cf. Hebr 5, 7.
281 Lc 11, 13.
282 Rom 8, 26.
283 Cf. ORIGENES, De orctione, 2: PG 11, 419-423.
284 Rom 8, 27.
285 Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 63.
286 Ibid., 64.
287 Ibid., 4; cf. Apoc 22, 17.
288 Cf. Rom 8, 24.
289 Cf. Jo 4, 14; Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 4.
290 Cf. Apoc 12, 10.
291 Cf. Rom 8, 23.
292 Cf. Sequência Veni, Sancte Spiritus.
293 Cf. Símbolo Quicumque: DS 75.
294 Cf. Rom 5, 5.
295 Convém lembrar aqui a importante Exortação Apostólica Gaudete in Domino, publicada pelo Sumo Pontífice Paulo VI, de v. m., a 9 de Maio do Ano Santo de 1975: permanece com todo o seu valor, de facto, o convite que aí se exprime, para «implorar do Espírito Santo este dom da alegria» e também para «saborear a alegria propriamente espiritual, que é um fruto do Espírito Santo»: AAS 67 (1975), pp. 289; 302.
296 Cf. Jo 16, 22.
297 Cf. Rom 14, 17; Gál 5, 22.

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