Não abandones a tua leitura espiritual.
A leitura tem feito muitos santos.
(S. josemaria, Caminho 116)
Está aconselhada a leitura espiritual diária de mais ou menos 15 minutos. Além da leitura do novo testamento, (seguiu-se o esquema usado por P. M. Martinez em “NOVO TESTAMENTO” Editorial A. O. - Braga) devem usar-se textos devidamente aprovados. Não deve ser leitura apressada, para “cumprir horário”, mas com vagar, meditando, para que o que lemos seja alimento para a nossa alma.
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Evangelho: Jo 10, 1-21
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Evangelho: Jo 10, 1-21
1 «Em verdade, em verdade vos digo que quem não entra pela porta no redil das ovelhas, mas sobe por outra parte, é ladrão e salteador. 2 Aquele que entra pela porta é pastor das ovelhas. 3 A este o porteiro abre e as ovelhas ouvem a sua voz, ele as chama pelo seu nome e as tira para fora. 4 Quando as tirou para fora, vai à frente delas e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. 5 Mas não seguem o estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos». 6 Jesus disse-lhes esta alegoria, mas eles não compreenderam o que lhes dizia. 7 Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: «Em verdade, em verdade vos digo que Eu sou a porta das ovelhas. 8 Todos os que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores; mas as ovelhas não os ouviram. 9 Eu sou a porta; se alguém entrar por Mim, será salvo, entrará e sairá e encontrará pastagens. 10 O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que elas tenham vida e a tenham abundantemente. 11 Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas. 12 O mercenário, o que não é pastor, de quem não são próprias as ovelhas, vê vir o lobo, deixa as ovelhas e foge - e o lobo arrebata e dispersa as ovelhas -, 13 porque é mercenário e não se importa com as ovelhas. 14 Eu sou o bom pastor; conheço as Minhas ovelhas e as Minhas ovelhas conhecem-Me. 15 Como o Pai Me conhece, assim Eu conheço o Pai; e dou a Minha vida pelas Minhas ovelhas. 16 Tenho outras ovelhas que não são deste redil; importa que Eu as traga; elas ouvirão a Minha voz e haverá um só rebanho e um só pastor. 17 Se o Pai Me ama, é porque dou a Minha vida para outra vez a assumir. 18 Ninguém Ma tira, mas Eu a dou por Mim mesmo e tenho poder de a dar e tenho poder de a retomar. Este é o mandamento que recebi de Meu Pai». 19 Por causa destas palavras originou-se um novo desacordo entre os judeus.20 Muitos deles diziam: «Ele está possesso do demónio e louco! Porque estais a ouvi-l'O?». 21 Outros diziam: «Estas palavras não são de quem está possesso do demónio! Porventura pode o demónio abrir os olhos aos cegos?».
Redemptoris Mater
sobre
a Bem Aventurada
Virgem
Maria
na
vida da Igreja que está a caminho
/…8
3. O sentido do Ano Mariano
48.
O vínculo especial da humanidade com esta Mãe foi precisamente o que me levou a
proclamar na Igreja, no período que antecede a conclusão do Segundo Milénio do
nascimento de Cristo, um Ano Mariano. Uma iniciativa semelhante a esta já se
verificou no passado, quando o Papa Pio XII proclamou o ano de 1954 como Ano
Mariano, para dar realce à excepcional santidade da Mãe de Cristo, expressa nos
mistérios da sua Imaculada Conceição (definida exactamente um século antes) e
da sua Assunção ao Céu. 141
Seguindo
a linha do Concílio Vaticano II, anima-me o desejo de pôr em relevo a presença
especial da Mãe de Deus no mistério de Cristo e da sua Igreja. Esta é uma
dimensão fundamental que dimana da Mariologia do Concílio, de cujo encerramento
já nos separam mais de vinte anos. O Sínodo extraordinário dos Bispos, que se
realizou em 1985, exortou a todos a seguirem fielmente o magistério e as indicações
do Concílio. Pode dizer-se que em ambos - no Concílio e no Sínodo - está
contido aquilo que o Espírito Santo deseja "dizer à Igreja" (cf.
Apoc 2, 7.17.29; 3, 6.13.22) na fase presente da história.
Neste
contexto, o Ano Mariano deverá promover também uma leitura nova e aprofundada
daquilo que o Concílio disse sobre a Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus,
no mistério de Cristo e da Igreja, a que se referem as considerações contidas
na presente Encíclica. Com esta perspectiva, trata-se não só da doutrina da fé,
mas também da vida de fé; e, portanto, da autêntica "espiritualidade
mariana", vista à luz da Tradição e, especialmente, daquela espiritualidade
a que nos exorta o Concílio. 142
Além disso, a espiritualidade mariana, assim como a devoção correspondente, tem
uma riquíssima fonte na experiência histórica das pessoas e das diversas
comunidades cristãs, que vivem no seio dos vários povos e nações, sobre toda a
face da terra. A este propósito, é-me grato recordar, dentre as muitas
testemunhas e mestres de tal espiritualidade, a figura de São Luís Maria
Grignion de Montfort, 143 o qual
propõe aos cristãos a consagração a Cristo pelas mãos de Maria, como meio
eficaz para viverem fielmente os compromissos baptismais. E registo ainda aqui,
de bom grado, que também nos nossos dias não faltam novas manifestações desta
espiritualidade e devoção.
Há,
portanto, pontos de referência seguros para os quais olhar e aos quais ater-se,
no contexto deste Ano Mariano.
49.
A celebração do mesmo Ano Mariano terá início na Solenidade do Pentecostes no
dia 7 de Junho próximo. Trata-se, efectivamente, não apenas de recordar que
Maria "precedeu" o ingresso de Cristo Senhor na história da
humanidade, mas também de salientar, à luz de Maria, que, desde que se realizou
o mistério da Incarnação, a história da humanidade entrou "na plenitude dos
tempos" e que a Igreja é o sinal desta plenitude. Como Povo de Deus, a
Igreja vai fazendo, mediante a fé, a peregrinação no sentido da eternidade no
meio de todos os povos e nações, peregrinação que começou no dia do Pentecostes.
A Mãe de Cristo, que esteve presente no princípio do "tempo da
Igreja" quando, durante os dias de espera do Espírito Santo, era assídua
na oração no meio dos Apóstolos e dos discípulos do seu Filho,
"precede" constantemente a Igreja nesta sua caminhada através da
história da humanidade. Ela é também aquela que, precisamente como serva do
Senhor, coopera sem cessar na obra da salvação realizada por Cristo, seu Filho.
Assim,
por meio deste Ano Mariano, a Igreja é chamada não só a recordar tudo o que no
seu passado testemunha a especial cooperação materna da Mãe de Deus na obra da
salvação em Cristo Senhor, mas também a preparar para o futuro, na parte que
lhe toca, os caminhos desta cooperação salvífica, dado que, com o final do
Segundo Milénio cristão, se abre como que uma nova perspectiva.
50.
Como já tivemos ocasião de recordar, também entre os irmãos desunidos muitos
honram e celebram a Mãe do Senhor, especialmente entre os Orientais. É uma luz
mariana projectada sobre o Ecumenismo. Mas desejaria aqui recordar ainda, em
particular, que durante o Ano Mariano ocorrerá o Milénio do Baptismo de São
Vladimiro, Grão-Príncipe de Kiev (a. 988), que deu início ao
Cristianismo nos territórios da "Rus'" de então e, em seguida, em
todos os territórios da Europa oriental; e que, por esta via, mediante a obra
de evangelização, o Cristianismo se estendeu também para além da Europa, até
aos territórios setentrionais do Continente asiático. Desejaríamos, portanto,
especialmente durante este Ano, unir-nos na oração com todos aqueles que
celebram o Milénio desse Baptismo, ortodoxos e católicos, renovando e
confirmando com o Concílio, a vivência de sentimentos de alegria e consolação,
pelo facto de que "os Orientais... acorrem a venerar a Mãe de Deus, sempre
Virgem, com fervor ardente e ânimo devoto". 144
Embora experimentemos ainda os efeitos dolorosos da separação, que se deu
alguns decénios depois (a. 1054), podemos dizer que diante da Mãe de
Cristo nos sentimos verdadeiros irmãos e irmãs no âmbito daquele Povo
messiânico chamado a ser uma única família de Deus sobre a face da terra, como
já tive ocasião de anunciar no passado dia de Ano Novo: "Desejamos reconfirmar
esta herança universal de todos os filhos e filhas desta terra". 145
Ao
anunciar o Ano de Maria, eu precisava ainda que o seu encerramento será no ano
seguinte, na solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao Céu, querendo realçar
"o sinal grandioso no céu" de que fala o Apocalipse. Deste modo,
queremos também pôr em prática a exortação do Concílio, que olha para Maria
como um "sinal de esperança segura e de consolação para o Povo de Deus
peregrino". E essa exortação foi expressa pelo Concílio com as seguintes
palavras: "Dirijam todos os fiéis súplicas instantes à Mãe de Deus e Mãe
dos homens, para que ela, que assistiu com suas orações aos começos da Igreja,
também agora, no Céu, exaltada acima de todos os bem-aventurados e dos anjos,
interceda junto de seu Filho, na comunhão de todos os santos, até que todas as
famílias dos povos, quer as que ostentam o nome cristão, quer as que ignoram ainda
o seu Salvador, se reúnam felizmente, em paz e concórdia, no único Povo de
Deus, para glória da santíssima e indivisa Trindade". 146
CONCLUSÃO
51.
Ao terminar a Liturgia das Horas quotidiana, entre outras, eleva-se esta
invocação da Igreja a Maria:
"Ó
Santa Mãe do Redentor, porta do Céu sempre aberta, estrela-do-mar, socorrei o
vosso povo, que cai e anela por erguer-se. Vós que gerastes, com grande
admiração de todas as criaturas, o vosso santo Genitor"!
"Com
grande admiração de todas as criaturas"! Estas palavras da antífona
exprimem aquela admiração de fé, que acompanha o mistério da maternidade divina
de Maria. E acompanha-o, em certo sentido, no coração de tudo o que foi criado
e, directamente, no coração de todo o Povo de Deus, no coração da Igreja.
Quão
admiravelmente Deus, Criador e Senhor de todas as coisas, se deixou levar longe
na "revelação de si mesmo" ao homem! 147 Quanto se nos torna patente
que ele traspôs todos os espaços daquela "distancia" infinita que
separa o Criador da criatura! Se Ele, em si mesmo, permanece inefável e
imperscrutável, é ainda mais inefável e imperscrutável na realidade da sua
Incarnação, no facto de "se ter feito homem", nascendo da Virgem de
Nazaré.
Se
Ele quis chamar eternamente o homem para ser "participante da natureza
divina" (cf. 2 Pdr 1, 4), pode dizer-se que predispôs a
"divinização" do homem em função das suas condições históricas, de
modo que, mesmo depois do pecado, está disposto a "resgatar" por
elevado preço o desígnio eterno do seu amor, mediante a "humanização"
do Filho, que lhe é consubstancial. Tudo o que foi criado e, mais directamente,
o homem não pode deixar de ficar estupefacto diante deste dom, de que se tornou
participante no Espírito Santo: "Com efeito, Deus amou tanto o mundo que
lhe deu o seu Filho unigénito" (Jo 3, 16).
No
centro deste mistério, no mais vivo desta admiração de fé está Maria. Santa Mãe
do Redentor, ela foi a primeira a experimentá-la: "Vós que gerastes, com
grande admiração de todas as criaturas, o vosso santo Genitor"!
52.
Nas palavras desta antífona litúrgica está expressa também a verdade da
"grande mudança de situação" para o homem, determinada pelo mistério
da Incarnação. Trata-se de uma autêntica reviravolta, que afecta toda a sua
história, desde aquele princípio que nos é revelado nos primeiros capítulos do
Génesis, até ao termo derradeiro, na perspectiva do fim do mundo, de que Jesus
não nos revelou "o dia nem a hora" (cf. Mt 25, 13). É uma
mudança de situação incessante e contínua, entre o cair e o erguer-se, entre o
homem do pecado e o homem da graça e da justiça. A liturgia, especialmente no
Advento, coloca-se no ponto nevrálgico desta reviravolta e alude ao seu incessante
"aqui e agora", ao mesmo tempo que exclama: "Socorrei o vosso
povo, que cai e anela por erguer-se"!
Estas
palavras referem-se a cada um dos homens, a todas as comunidades humanas, às
nações e aos povos, às gerações e às épocas da história humana: referem-se à
nossa época, a estes anos do Milénio que está a caminhar para o fim: Socorrei,
sim, socorrei o vosso povo que cai"!
É
esta a invocação dirigida a Maria, "Santa Mãe do Redentor"; é a
invocação dirigida a Cristo, que por meio de Maria entrou na história da
humanidade. De ano para ano, a antífona é elevada ao Céu, em louvor de Maria,
evocando o momento em que se realizou esta essencial reviravolta histórica, que
perdura irreversivelmente: a mudança de situação entre "o cair" e
"o erguer-se".
A
humanidade fez descobertas admiráveis e alcançou resultados portentosos, no
campo da ciência e da técnica; realizou grandes obras nos caminhos do progresso
e da civilização; e, nos tempos mais recentes, dir-se-ia que conseguiu acelerar
o curso da história; mas a transformação fundamental, a reviravolta que pode
dizer-se "original", essa acompanha sempre a caminhada do homem e,
através das diversas vicissitudes históricas, acompanha a todos e a cada um dos
homens. É a mudança de situação entre "o cair" e "o
erguer-se", entre a morte e a vida. Tal reviravolta constitui também um
desafio incessante às consciências humanas, um desafio a toda a consciência
histórica do homem: o desafio para seguir os caminhos do "não cair",
com os recursos sempre antigos e sempre novos, e do "ressurgir", se
caiu.
À
medida que a Igreja se vai aproximando, juntamente com toda a humanidade, da
fronteira entre os dois Milénios, ela por sua parte, com toda a comunidade dos
que acreditam em Deus e em comunhão com todos os homens de boa vontade, aceita
o grande desafio que se encerra nas palavras da antífona sobre "o povo que
cai e anela por erguer-se"; e, conjuntamente, dirige-se ao Redentor e à
sua Mãe com a invocação: "Socorrei"! Com efeito, a mesma Igreja vê -
e atesta-o esta oração litúrgica - a Bem-aventurada Mãe de Deus no mistério
salvífico de Cristo e no seu próprio mistério; vê-a radicada profundamente na
história da humanidade, na eterna vocação do homem, segundo o desígnio
providencial que Deus predispôs eternamente para ele; vê-a presente como mãe e
a participar nos múltiplos e complexos problemas que hoje acompanham a vida das
pessoas individualmente, das famílias e das nações; vê-a como auxílio do povo
cristão, na luta incessante entre o bem e o mal, para que "não caia"
ou, se caiu, para que "se erga".
Faço
ardentes votos de que também as reflexões contidas na presente Encíclica
aproveitem, para que se renove esta visão no coração de todos os que acreditam.
Como
Bispo de Roma, eu envio a todos aqueles a quem estas considerações são
destinadas, o ósculo da paz, com saudações e a bênção em nosso Senhor Jesus
Cristo. Ámen!
Dado
em Roma, junto de São Pedro, no dia 25 de Março - Solenidade da Anunciação do
Senhor - do ano de 1987, nono do meu Pontificado.
IOANNES PAULUS PP. II
(Nota:
Revisão da tradução para português por ama)
Copyright © Libreria Editrice Vaticana
______________________________
*Notas
(em latim):
(141) Cfr. Litt. Enc. Fulgens Corona (8
Septembris 1953): AAS 45 (1953) 577-592. Pius PP. X Litt. Enc. Ad diem illum (2
Februarii 1904) instante L anno a definito dogmate Immaculatae Conceptionis
Beatae Mariae Virginis indixerat et ipse Iubilaeum extra ordinem aliquot mensium:
Pii X P. M. Acta, I, 147-166.
(142) Cfr. Const. dogm. Lumen Gentium de
Ecclesia, 66, 67.
(143) Cfr. S. LUDOVICUS MARIA GRIGNION DE
MONTFORT, Traité de la vraie dévotion à la sainte Vierge. Cum hoc Sancto
sociari merito potest S. Alfonsus Maria de' Liguori, cultus hoc anno celebratur
bis centenarius dies mortis. Cfr. inter opera eius: Le glorie di Maria.
(144) Const. dogm. Lumen Gentium de
Ecclesia, 69.
(145) Homilia in Petriana Basilica habita
die 1 Ianuarii 1987.
(146) Const. dogm. Lumen Gentium de
Ecclesia, 69.
(147) Const. dogm. Dei Verbum de Divina
Revelatione, 2: « Hac itaque revelatione Deus invisibilis ... ex abundantia
caritatis suae homines tamquam amicos alloquitur ... et cum eis conversatur ...
ut eos ad societatem Secum invitet in eamque suscipiat ».
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