Um Deus poderoso, que renega a cruz e o amor, que pela força do poder domina o homem, não é realmente um Deus: é demónio transfigurado em Deus. Não é de estranhar que Jesus chamasse “Satanás” a Pedro quando este resistiu a que o Senhor viajasse par Jerusalém para ser crucificado (Mt 16, 23).
Falando de física, Hegel ensinava que a luz se manifesta como tal na medida em que se distingue da escuridão. Porque há escuridão, há luz. O ensino hegeliano é também válido no espiritual. É imprescindível a escuridão para poder ver a luz. A nossa escuridão – o pecado, a terrível miséria humana que há em nós - permite procurar e viver a luz de Deus. Felix culpa.
Só porque podemos dizer não a Deus podemos ser abraçados por Ele. Paradoxo doloroso? Sem dúvida. Mas quereríamos um Deus cuja luz nos abrasasse? Sim, é verdade, tudo seria mais fácil. Todo o fácil que o demónio quereria. Mas Deus nega-se a tal.
Quando pedimos que Deus se nos revele com a claridade do dia, quando exigimos a Deus que se torne presente na nossa vida como se não o estivesse já ou quando lhe atiramos à cara o seu silencio, a sua ausência aparente, estamos reproduzindo sem o sabe a petição do tentador.
Tal como no deserto Deus deixa-se tentar por nós. Tal como naquela ocasião Deus não cai na tentação. Para nosso bem e para maior desespero do príncipe deste mundo.
[i] Profesor de filosofía de un Instituto de Toledo y profesor invitado de teoría educativa en el instituto de ciencias religiosas de la misma ciudad. Interesado por la educación, ha presidido la Federación toledana de CONCAPA durante cuatro años y es cofundador y presidente de la asociación toledana de profesores Educación y Persona.
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