29 No dia seguinte João viu Jesus, que vinha ter com ele, e disse: «Eis o Cordeiro de Deus, eis O que tira o pecado do mundo. 30 Este é Aquele de Quem eu disse: Depois de mim vem um homem que é superior a mim, porque era antes de mim, 31 eu não O conhecia, mas vim baptizar em água, para Ele ser reconhecido em Israel». 32 João deu este testemunho: «Vi o Espírito descer do céu em forma de pomba e repousou sobre Ele. 33 Eu não O conhecia, mas O que me mandou baptizar em água, disse-me: Aquele sobre quem vires descer e repousar o Espírito, esse é O que baptiza no Espírito Santo. 34 Eu O vi, e dei testemunho de que Ele é o Filho de Deus».
Comentário:
Há, neste trecho do Evangelho de S. João, uma passagem que envolve algum mistério:
«O que me mandou baptizar em água, disse-me».
Quem é este que deu a João o encargo de baptizar e anunciar o Reino de Deus?
Só pode ser alguém que Deus enviou directamente a João com as instruções do que tinha a fazer, como, onde e quando e uma clara indicação de como reconheceria o Messias que iria anunciar.
Por aqui se vê a singularidade da história da salvação humana, se por um lado, João, “dá um pouco nas vistas” devido ao seu comportamento de asceta, à forma como se vestia e vivia, sobre Jesus é o silêncio mais absoluto e, isto, durante trinta longos anos.
Ou seja, percebemos que os primos – Jesus e João – não se conheciam pessoalmente e que, se por um lado se compreende que João deveria ter ficado órfão bastante novo – não esqueçamos que os seus pais eram de idade avançada quando do seu nascimento – logo, entregue a si mesmo e responsável pela sua própria vida de eremita o que não deixaria de chamar a atenção e, como costume, conquistar prosélitos, Jesus viveu no seio de uma família normalíssima, com a maior descrição e anonimato, nada fazendo que chamasse a atenção de quem quer que fosse.
Porque será que o Evangelho não fala nesse “emissário” de Deus a João?
De facto não é importante que o faça porque, embora a figura do Baptista seja fulcral na história da salvação humana, o Salvador é Jesus Cristo que, a partir do momento do Seu baptismo, assume definitivamente a missão para a qual veio ao mundo.
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