28/11/2011

Novíssimos: A Morte 12

O dia da Morte
William-Adolphe Bourgerau


O medo à morte e aos tormentos nada tem de culpa, mas antes de pena: é uma aflição das que Cristo veio para padecer e não para escapar. Nem se há-de chamar cobardia ao medo e à tortura e horror diante dos suplícios. Não obstante, fugir por medo à tortura ou à própria morte numa situação em que é necessário lutar, ou também, abandonar toda a esperança de vitória e entregar-se ao inimigo, isto, sem dúvida, é um crime grave na disciplina militar. Além disso, não importa quão perturbado e assustado pelo medo esteja o ânimo de um soldado; se apesar de tudo avança quando o manda o capitão, e marcha e luta e vence o inimigo, nenhum motivo tem para temer que aquele seu primeiro medo possa diminuir o prémio. De facto, deveria receber inclusivamente maior louvor, visto que teve de superar não só o exército inimigo, mas também o seu próprio temor; este último, com frequência, é mais difícil de vencer que o próprio inimigo.

(S. Tomás Moro, A Agonia de Cristo)

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