O problema da selecção natural é – como já se disse – que jamais se observou um salto de espécie, nem tampouco se pode prevenir. E a ciência necessita que as demonstrações confirmem as suposições. Por outro lado, a selecção natural parece um processo evidente e irrefutável, porque estabelece que sobrevivemos como indivíduos mais aptos para sobreviver. Mas semelhante afirmação coloca um grave problema, pois – como observou Karl Popper – parece-se demasiado a uma tautología (a=a), e com tautologías não se faz ciência. Além do mais, a selecção natural não introduz novidades, pois opera sobre o que previamente sofreu uma mutação. É portanto, um agente passivo e externo, como uma rede que apanha uns peixes e deixa livres outros, mas não os engendra. A selecção natural é responsável – se se me permite a comparação – do que resta em pé numa cidade que sofreu, ao longo dos séculos, guerras, inundações, terramotos e incêndios. Em certo sentido, o que ficou em pé é uma cidade. Mas a causa dos seus edifícios actuais não são essas desgraças, mas sim os engenheiros e arquitectos que os levantaram. O aqueduto de Segóvia passou a prova da selecção natural, mas não foi levantado pela selecção natural.
jose ramón ayllón, trad. ama
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