03/06/2011

Confidências de alguém

Confidências de Alguém

Nota de AMA: 
Estas “confidências” têm, obviamente, um autor, que não se revela; foram feitas em tempo indeterminado, por isso não se lhes atribui a data. O estilo discursivo revela, obviamente, que se tratam de meditações escritas ao correr da pena. A sua publicação deve-se a ter considerado que, nelas se encontram muitas situações e ocorrências que fazem parte do quotidiano que, qualquer um, pode viver.




Amor grande puro e santo

Novamente na Tua presença, Senhor, para Te dizer que Te amo.
Assim, simplesmente como quem não tem mais nada que dizer.
Ficar assim, tempo esquecido e repetir: Senhor amo-te!
Mesmo tendo de pedir-te: Senhor, eu amo-te mas aumenta o meu amor.
Para que ele seja grande, total, imenso.
De uma dimensão tal que me extravase e seja notado por todos, para que os outros ao ver a dimensão desse amor, se sintam atraídos por ele e assim, aproximarem-se de Ti para Te amar também.
Senhor, eu amo-te mas ensina-me como devo amar-te.
Porque eu não sei, Senhor, sou casmurro e desajeitado, faço e digo coisas que não devo e quando não devo.
Tu meu Senhor, e meu Deus, tens de ser amado de uma forma única que é aquela que Tu aceites, sem reservas, sem negócios, sem hesitações e eu, meu Deus, sei bem que não Te amo assim.
É à minha maneira, de uma forma mais cómoda, mais egoísta, menos simples.

Senhor, eu amo-te mas torna o meu amor completo.
Porque eu deixo sempre coisas para trás.
Coisas que amo também e que não quero deixar.
As minhas comodidades, as  minhas cobardias, os meus segredinhos, as minhas preferências, as minhas preguiças, as minhas hesitações, os meus prazeres, a comida, a bebida, a caça, a pesca, o dormir, a família, o dinheiro ... amo-te, Senhor, mais que a isto tudo?
Amo-te eu Senhor, tanto como a isto tudo?
Amo-te eu, Senhor, menos que a isto tudo?
Bem sei que Tu não me pedes que deixe a minha família por Teu amor, nem sequer que mude a minha vida e passe a viver de forma diferente.
Queres que eu seja quem sou e continue a viver como e onde vivo.
Simplesmente queres que eu faça isto tudo na Tua presença, sempre na Tua presença, isto é, na convicção profunda que Tu vês e ouves e conheces a cada momento todos os meus actos.
Assim, eu serei incapaz de Te ofender, de não fazer o que tenho a fazer da forma mais capaz e completa que possa, e também com urgência, sem me deter ou adiar, desta forma, lutando continuamente na Tua presença, eu não Te ofenderei e provarei assim o meu amor.
Amor que sinto, sem dúvida e que peço, aceites, Senhor, mesmo assim como ele é, mal formado e cheio de defeitos, mas é um amor que me sai direito do coração e do espírito em entrega de alegria e acção de graças.

Alegria por ser Teu filho, salvo por Ti para a Vida Eterna.
Ter sido objecto desse acto inacreditável de grandeza, de teres Tu próprio oferecido a Tua vida por mim, pela minha salvação.
Tu, o meu Criador, o Criador de todas as coisas, o ser omnipotente a quem tudo é devido e a quem tudo obedece, achou-me tão importante, achou o meu amor tão necessário, que voluntariamente se fez homem, sofreu a agonia da paixão e morreu numa cruz.
Quem pode ficar indiferente a tal coisa, quem, no seu perfeito juízo, não se alegra até - loucura com tal maravilha?
E, alegrando-se não dê graças e louvores constantemente, pelas maravilhas recebidas.
Sim, porque eu nada fiz para merecer tal coisa, nem poderia alguma vez fazer fosse o que fosse que se aproximasse sequer do merecimento de tal graça.
Não.
Foi o Senhor que quis, porque é infinitamente bom e misericordioso.
Foi o Senhor que achou que valia a pena, que era importante.
O Senhor faz o que quer, sem dúvida, e o que faz é bem feito.
Mas a mim, espanta-me que fosse possível tal acontecimento:
Deus morrendo por mim e sabendo e conhecendo que eu, (…), dois mil anos depois, O ofenderia, me esqueceria dele, renunciaria à Sua chamada, me esqueceria dos meus compromissos.
Mesmo assim, sabendo tudo isto, o Senhor morre por mim e deixa-se ficar, ao mesmo tempo, no Santíssimo Sacramento do Altar, para meu alimento diário.

Oh Senhor!
Que poderei eu fazer para tentar merecer tais graças?

Nada mais que implorar-te que me ajudes, permanentemente, a amar-te com o coração inteiro, esquecendo as minhas coisas, e pensando apenas em Ti, nas Tuas coisas, Senhor.
Fazer da noite dia, da escuridão luz, com o brilho desse mesmo amor apaixonado, que me há-de deixar tão absorvido por ele próprio, que nada mais restará para amar.
Tudo o resto, como o amor da (…) e das (...), será um reflexo desse mesmo amor, puro e casto, e engrandecido pela própria natureza.
Não saber nem poder amar mais. Esgotar a capacidade de amar.
Amar, tanto, tanto, que fique exausto e exaurido de sentimentos, transfigurado em Cristo, no próprio Deus, Senhor deste amor, dono único do meu coração, possa eu ser o veículo permanente deste fogo que arde sem se ver mas que queima verdadeiramente.
E, com esse fogo, incendiar a terra inteira, indo de homem em homem transmitindo centelhas desse fogo de amor, até converter este mundo em que vivo num gigantesco braseiro de amor por Ti.

Que todos vejam, que todos sintam, que todos possa ser arrastados por esse amor, mas, sobretudo, que Tu, Senhor, possas aceitar de braços abertos, esse mesmo amor, e, aceitando-o, só por isso, torná-lo grande, torná-lo puro, torná-lo santo.



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