17/04/2011

Senhor! Sou um homem sem remédio?

Duc in altum
Eu reconheço a minha culpa, diz o salmista. Se eu a reconheço, digna-te tu perdoá-la. Não tenhamos de modo algum a presunção de que vivemos rectamente e sem pecado. O que testemunha a favor da nossa vida é o reconhecimento das nossas culpas.  Os homens sem remédio são aqueles que deixam de atender os seus próprios pecados para se fixarem nos dos outros. Não procuram o que há que corrigir, mas em quem podem morder. E, ao não poderem desculpar-se a si mesmos, estão sempre dispostos a acusar os outros.  Não é assim que nos ensina o salmo a orar e dar a Deus satisfação, já que diz: Pois eu reconheço a minha culpa, tenho sempre presente o meu pecado. O que ora assim não atende aos pecados alheios, mas examina-se a si mesmo, e não de maneira superficial, como quem apalpa, mas aprofundando no seu interior. Não se perdoa a si mesmo, e precisamente por isto pode atrever-se a pedir perdão. (Sant. Agustinho. Sermão 19,2)

A Quaresma vai chegando ao seu fim. Já com a Semana Santa tão próxima convém repassar alguns textos dos Padres da Igreja, para que com essa linguagem tão directa e viva, nos ajudem a aprofundar na conversão.

Senhor! Sou um homem sem remédio? Olho para os outros procurando o seu pecado? Estou preparado para os morder, desprezando corrigi-los com caridade e afecto? Sou dos que acusam os outros para ocultar as minhas culpas e impotências?

Quem pode pedir perdão a Deus realmente? Quem não se perdoa a si mesmo. Deus é o que perdoa e nos dá a Graça que nos converte. Nós, no máximo, podemos esquecer os nossos erros sem chegar a transformar-nos.  Reflectindo sobre este texto encontram-se muitas chaves do sacramento da reconciliação e porque é como é e não de outra forma.

Senhor perdoa os nossos pecados e sobretudo, perdoa que esqueçamos que o perdão, que converte, que transforma, só pode provir de Ti.
Amén

néstor mora núñez, Religionenlibertad, trad ama, 2011.04.13

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