06/02/2021

Leitura espiritual Fev 06

 


Novo Testamento [i]


Evangelho


Mc VIII, 10-26

 

Os fariseus pedem um prodígio

10 Subindo logo para o barco com os discípulos, foi para os lados de Dalmanuta. 11 Apareceram os fariseus e começaram a discutir com Ele, pedindo-lhe um sinal do céu para o pôr à prova. 12 Jesus, suspirando profundamente, disse: «Porque pede esta geração um sinal? Em verdade vos digo: sinal algum será concedido a esta geração.» 13 E, deixando-os, embarcou de novo e foi para a outra margem.

 

O fermento dos fariseus

14 Os discípulos tinham-se esquecido de levar pães e só traziam um pão no barco. 15 Jesus começou a avisá-los, dizendo: «Olhai: tomai cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes.» 16 E eles discorriam entre si: «Não temos pão.» 17 Mas Ele, percebendo-o, disse: «Porque estais a discorrer que não tendes pão? Ainda não entendestes nem compreendestes? Tendes o vosso coração endurecido? 18 Tendes olhos e não vedes, tendes ouvidos e não ouvis? E não vos lembrais 19 de quantos cestos cheios de pedaços recolhestes, quando parti os cinco pães para aqueles cinco mil?» Responderam: «Doze.» 20 «E quando parti os sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de bocados recolhestes?» Responderam: «Sete.» 21 Disse-lhes então: «Ainda não compreendeis?»

 

O cego de Betsaida

22 Chegaram a Betsaida e trouxeram-lhe um cego, pedindo-lhe que o tocasse. 23 Jesus tomou-o pela mão e conduziu-o para fora da aldeia. Deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou: «Vês alguma coisa?» 24 Ele ergueu os olhos e respondeu: «Vejo os homens; vejo-os como árvores a andar.» 25 Em seguida, Jesus impôs-lhe outra vez as mãos sobre os olhos e ele viu perfeitamente; ficou restabelecido e distinguia tudo com nitidez. 26 Jesus mandou-o para casa, dizendo: «Nem sequer entres na aldeia.»


Texto:

 


  Castidade

  Como já se disse o prazer é sempre efémero por isso a busca de novas sensações e momentos de satisfação torna-se uma verdadeira necessidade e não poucas vezes uma obsessão.

A imaginação joga um papel decisivo e deixá-la “à solta” acaba quase sempre por forçar a atitude.

  Muitas vezes a pessoa dominada por este vício ultrapassa os limites da normalidade - por assim dizer - de uma actuação própria que não existiria se o não tivesse. Chega a cometer autênticos crimes contra si próprio ou contra terceiros. Configura um desprezo ou pelo menos falta de consideração pelo próprio corpo e pelo dos outros.

O respeito pelo corpo é sem dúvida alguma uma característica do carácter bem formado.

A pessoa sabe que o corpo é como que o invólucro da alma e portanto deve ser respeitado na sua integridade e nunca usado como um meio objecto de prazer ou deleite.

A modéstia e o decoro pessoais caracterizam a pessoa consciente desta realidade.

  Ter a noção correcta do que é permitido e que não o é, dos limites onde se deve actuar, faz parte integrante desse carácter bem formado e bem informado.

  Não se deve encarar este tema pela negativa com uma posição redutora do seu âmbito ou da sua importância; pelo contrário, é conveniente ter bem claro que a castidade é uma das mais belas e gratificantes virtudes como, no fim e ao cabo são todas a virtudes que exigem luta, perseverança, vigilância e vontade expressas da sua defesa.

  Quanto maior a luta e mais árduo o esforço maior o prémio e a satisfação pessoal quando se vence.

  Ora bem, como pode estranhar-se que uma virtude exija luta e coragem para se manter e conservar quando o vício também os exige para a sua satisfação?

  Ao discorrer sobre a castidade é fundamental ter uma atitude positiva porque não se trata nem de algo estranho, raro e muito menos impossível.

Ser casto nas palavras, atitudes, comportamentos não é de modo nenhum algo reservado a pessoas com alguma vocação especial.

  Algumas têm a castidade pessoal como uma exigência atinente a essa mesma vocação havendo até nalguns casos compromisso solene de a observar.

O comum das pessoas não têm esse compromisso mas sim esse dever, muito particularmente como dever de estado. Isto é, a pessoa consciente sabe que a castidade pessoal joga forte na sua vida.

Longe de ser um “problema” observar a castidade é uma vitória pessoal sobre as inclinações naturais, um triunfo da vontade, uma escolha gratificante.

  A cedência causa sempre amargura e insatisfação, não ceder, bem ao contrário, traz consigo o doce sabor da vitória.

  Durante muito tempo a direcção espiritual dos jovens centrava-se muito na castidade e não poucas vezes esta forma de proceder causava no jovem um autêntico obstáculo à sua vida interior tornando-se, com o  desenvolvimento pessoal, numa quase obsessão limitando muito o critério, a tranquilidade e a visão correcta e desapaixonada da consideração da sexualidade.

  Algo natural e comum tornava-se assim num problema de proporções por vezes desmedidas num misto de sentimentos de fraqueza, cedências, descontrolo e, evidentemente, de vergonha.

Por causa disso muitos jovens se afastaram da direcção espiritual e da prática dos sacramentos  nomeadamente da confissão sacramental.

Bem se sabe que meses tempos o tema era de difícil abordagem nomeadamente entre filhos e pais. Era como que um tema “tabu” que por costume não se abordava.

A juventude educada na escola oficial era a que mais sofria com esta situação já que  normalmente os  estabelecimentos de ensino não proporcionavam direcção espiritual aos seus alunos deixando assim os jovens como que entregues a si mesmos procurando adrede respostas para as questões que inevitavelmente vão surgindo com o avançar dos anos.

E não poucas vezes não encontrando o  esclarecimento que procuram ou, o que é pior, as respostas vêm daqueles que não têm nem seriedade, nem critério, nem  conhecimentos que lhes permitam responder de uma forma séria e conclusiva, o jovem vai mergulhando num poço ao qual não encontra fundo e ou se deixa ir nesse mergulho sem objectivo, ou se desinteressa completamente por interrogar-se, esclarecer as suas dúvidas e se comporta como se não houvesse nem limites a observar nem regras a ter em conta.

Nestes casos e situações encontram terreno fértil as solicitações próprias da sexualidade juvenil.

  Seria, pois, na minha opinião, muito mais eficaz falar-se de pureza e amor.

  O problema da sexualidade está intimamente ligado a estes dois parâmetros já que a sexualidade tem um âmbito muitíssimo mais abrangente que a mera acção sexual que, se não envolve ou considera o amor como motor e causa, não passa de um acto de mera satisfação pessoal.

  De facto é recorrente chamar-se à acção do acto “fazer amor” o que quer dizer exactamente que se aceita aquele como a expressão física e emocional daquela.

E porque segundo as leis da própria natureza o acto sexual está  intrinsecamente orientado para um fim que é a procriação e a propagação da espécie, não se deve admitir sob outro pretexto  qualquer.

  Posto isto é bem de ver que os dois envolvidos no acto sexual têm  forçosamente de ser de géneros diferentes, ou seja, macho e fêmea.

  Estes, pelas mesmas leis da natureza, elegem-se mutuamente para levarem a cabo essa acção procriadora, quer levados pelos seus instintos apelativos, no caso dos irracionais, quer pelos  sentimentos que os atraírem mutuamente no que se refere ao ser humano e, neste caso, é o amor.

  Claro... também existe a atracção que suscita o desejo mas esta é a acção primária que deve levar àquele. E, a verdade é que, mesmo desvanecidas a atracção e mitigado o desejo com o passar dos anos e o "amortecimento" do libido, o amor permanece cada vez mais forte e seguro, construído passo a passo no dia-a-dia da vida em comum e pode afirmar-se que já não necessita de exercitar o sexo para continuar a existir. 

Se assim não fosse, as pessoas de idade mais avançada não encontrariam o amor mútuo nas suas vidas.

 

 



[i] Sequencial todos os dias do ano

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