Novo Testamento [i]
Mc VIII, 10-26
Os fariseus pedem um prodígio
10 Subindo logo para o barco com os
discípulos, foi para os lados de Dalmanuta. 11
Apareceram os fariseus e começaram a discutir com Ele, pedindo-lhe um sinal do
céu para o pôr à prova. 12 Jesus, suspirando profundamente, disse: «Porque pede
esta geração um sinal? Em verdade vos digo: sinal algum será concedido a esta
geração.» 13 E, deixando-os, embarcou de novo e foi para a outra margem.
O fermento dos fariseus
14
Os discípulos tinham-se esquecido de levar pães e só traziam um pão no barco.
15 Jesus começou a avisá-los, dizendo: «Olhai: tomai cuidado com o fermento dos
fariseus e com o fermento de Herodes.» 16 E eles discorriam entre si: «Não
temos pão.» 17 Mas Ele, percebendo-o, disse: «Porque estais a discorrer que não
tendes pão? Ainda não entendestes nem compreendestes? Tendes o vosso coração
endurecido? 18 Tendes olhos e não vedes, tendes ouvidos e não ouvis? E não vos
lembrais 19 de quantos cestos cheios de pedaços recolhestes, quando parti os
cinco pães para aqueles cinco mil?» Responderam: «Doze.» 20 «E quando parti os
sete pães para os quatro mil, quantos cestos cheios de bocados recolhestes?»
Responderam: «Sete.» 21 Disse-lhes então: «Ainda não compreendeis?»
O cego de Betsaida
22 Chegaram a Betsaida e trouxeram-lhe
um cego, pedindo-lhe que o tocasse. 23 Jesus tomou-o pela mão e conduziu-o para
fora da aldeia. Deitou-lhe saliva nos olhos, impôs-lhe as mãos e perguntou:
«Vês alguma coisa?» 24 Ele ergueu os olhos e respondeu: «Vejo os homens;
vejo-os como árvores a andar.» 25 Em seguida, Jesus impôs-lhe outra vez as mãos
sobre os olhos e ele viu perfeitamente; ficou restabelecido e distinguia tudo
com nitidez. 26 Jesus mandou-o para casa, dizendo: «Nem sequer entres na
aldeia.»
Texto:
Castidade
Como já se disse o prazer é sempre
efémero por isso a busca de novas sensações e momentos de satisfação torna-se
uma verdadeira necessidade e não poucas vezes uma obsessão.
A imaginação joga um papel decisivo e deixá-la “à solta” acaba quase sempre
por forçar a atitude.
Muitas vezes a pessoa dominada por
este vício ultrapassa os limites da normalidade - por assim dizer - de uma
actuação própria que não existiria se o não tivesse. Chega a cometer autênticos
crimes contra si próprio ou contra terceiros. Configura um desprezo ou pelo
menos falta de consideração pelo próprio corpo e pelo dos outros.
O respeito pelo corpo é sem dúvida alguma uma característica do carácter
bem formado.
A pessoa sabe que o corpo é como que o invólucro da alma e portanto deve
ser respeitado na sua integridade e nunca usado como um meio objecto de prazer
ou deleite.
A modéstia e o decoro pessoais caracterizam a pessoa consciente desta
realidade.
Ter a noção correcta do que é
permitido e que não o é, dos limites onde se deve actuar, faz parte integrante
desse carácter bem formado e bem informado.
Não se deve encarar este tema pela
negativa com uma posição redutora do seu âmbito ou da sua importância; pelo
contrário, é conveniente ter bem claro que a castidade é uma das mais belas e
gratificantes virtudes como, no fim e ao cabo são todas a virtudes que
exigem luta, perseverança, vigilância e vontade expressas da sua defesa.
Quanto maior a luta e mais árduo o
esforço maior o prémio e a satisfação pessoal quando se vence.
Ora bem, como pode estranhar-se que
uma virtude exija luta e coragem para se manter e conservar quando o vício
também os exige para a sua satisfação?
Ao discorrer sobre a castidade é
fundamental ter uma atitude positiva porque não se trata nem de algo estranho,
raro e muito menos impossível.
Ser casto nas palavras, atitudes, comportamentos não é de modo nenhum algo
reservado a pessoas com alguma vocação especial.
Algumas têm a castidade pessoal
como uma exigência atinente a essa mesma vocação havendo até nalguns casos
compromisso solene de a observar.
O comum das pessoas não têm esse compromisso mas sim esse dever, muito
particularmente como dever de estado. Isto é, a pessoa consciente sabe que a
castidade pessoal joga forte na sua vida.
Longe de ser um “problema” observar a castidade é uma vitória pessoal sobre
as inclinações naturais, um triunfo da vontade, uma escolha gratificante.
A cedência causa sempre amargura e
insatisfação, não ceder, bem ao contrário, traz consigo o doce sabor da
vitória.
Durante muito tempo a direcção
espiritual dos jovens centrava-se muito na castidade e não poucas vezes esta
forma de proceder causava no jovem um autêntico obstáculo à sua vida interior
tornando-se, com o desenvolvimento pessoal, numa quase obsessão limitando
muito o critério, a tranquilidade e a visão correcta e desapaixonada da
consideração da sexualidade.
Algo natural e comum tornava-se assim
num problema de proporções por vezes desmedidas num misto de sentimentos de
fraqueza, cedências, descontrolo e, evidentemente, de vergonha.
Por causa disso muitos jovens se afastaram da direcção espiritual e da
prática dos sacramentos nomeadamente da confissão sacramental.
Bem se sabe que meses tempos o tema era de difícil abordagem nomeadamente
entre filhos e pais. Era como que um tema “tabu” que por costume não se
abordava.
A juventude educada na escola oficial era a que mais sofria com esta situação
já que normalmente os
estabelecimentos de ensino não proporcionavam direcção espiritual aos
seus alunos deixando assim os jovens como que entregues a si mesmos procurando
adrede respostas para as questões que inevitavelmente vão surgindo com o
avançar dos anos.
E não poucas vezes não encontrando o esclarecimento que procuram ou,
o que é pior, as respostas vêm daqueles que não têm nem seriedade, nem
critério, nem conhecimentos que lhes permitam responder de uma forma
séria e conclusiva, o jovem vai mergulhando num poço ao qual não encontra fundo
e ou se deixa ir nesse mergulho sem objectivo, ou se desinteressa completamente
por interrogar-se, esclarecer as suas dúvidas e se comporta como se não
houvesse nem limites a observar nem regras a ter em conta.
Nestes casos e situações encontram terreno fértil as solicitações próprias
da sexualidade juvenil.
Seria, pois, na minha opinião,
muito mais eficaz falar-se de pureza e amor.
O problema da sexualidade está
intimamente ligado a estes dois parâmetros já que a sexualidade tem um âmbito
muitíssimo mais abrangente que a mera acção sexual que, se não envolve ou
considera o amor como motor e causa, não passa de um acto de mera satisfação
pessoal.
De facto é recorrente chamar-se à
acção do acto “fazer amor” o que quer dizer exactamente que se aceita aquele
como a expressão física e emocional daquela.
E porque segundo as leis da própria natureza o acto sexual está
intrinsecamente orientado para um fim que é a procriação e a propagação da
espécie, não se deve admitir sob outro pretexto qualquer.
Posto isto é bem de ver que os dois
envolvidos no acto sexual têm forçosamente de ser de géneros diferentes,
ou seja, macho e fêmea.
Estes, pelas mesmas leis da
natureza, elegem-se mutuamente para levarem a cabo essa acção procriadora, quer
levados pelos seus instintos apelativos, no caso dos irracionais, quer pelos
sentimentos que os atraírem mutuamente no que se refere ao ser humano e,
neste caso, é o amor.
Claro... também existe a atracção que suscita o desejo mas esta é a acção primária que deve levar àquele. E, a verdade é que, mesmo desvanecidas a atracção e mitigado o desejo com o passar dos anos e o "amortecimento" do libido, o amor permanece cada vez mais forte e seguro, construído passo a passo no dia-a-dia da vida em comum e pode afirmar-se que já não necessita de exercitar o sexo para continuar a existir.
Se assim não fosse, as pessoas de idade mais avançada não encontrariam
o amor mútuo nas suas vidas.
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