28/11/2020

Leitura espiritual 28 Novembro

 

Evangelho

 

Jo XIX, 25 - 42

 

A mãe junto da Cruz

25 Estavam, de pé, junto à cruz de Jesus, Sua mãe, a irmã de Sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. 26 Jesus, vendo Sua mãe e, junto dela, o discípulo que amava, disse a Sua mãe: «Mulher, eis o teu filho». 27 Depois disse ao discípulo: «Eis a tua mãe». E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-a na sua casa. 28 Em seguida, sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse: «Tenho sede». 29 Havia ali um vaso cheio de vinagre. Então, os soldados, ensopando no vinagre uma esponja e atando-a a uma cana de hissopo, chegaram-Lha à boca. 30 Jesus, tendo tomado o vinagre, disse: «Tudo está consumado!». Depois, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

 

Sepultura de Jesus

31 Os judeus, visto que era o dia da Preparação, para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, porque aquele dia de sábado era de grande solenidade, pediram a Pilatos que lhes fossem quebradas as pernas e fossem retirados. 32 Foram, pois, os soldados e quebraram as pernas ao primeiro e ao outro com quem Ele havia sido crucificado. 33 Mas, quando chegaram a Jesus, vendo que já estava morto, não Lhe quebraram as pernas, 34 mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança e imediatamente saiu sangue e água. 35 Quem foi testemunha deste facto o atesta, e o seu testemunho é digno de fé e ele sabe que diz a verdade, para que também vós acrediteis. 36 Porque estas coisas sucederam para que se cumprisse a Escritura: “Não Lhe quebrarão osso algum”. 37 E também diz outro passo da Escritura: “Hão-de olhar para Aquele a quem trespassaram”. 38 Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, ainda que oculto por medo dos judeus, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. Pilatos permitiu-o. Foi, pois, e tomou o corpo de Jesus. 39 Nicodemos, aquele que tinha ido anteriormente de noite ter com Jesus, foi também, levando uma composição de quase cem libras de mirra e aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-n'O em lençóis com perfumes, segundo a maneira de sepultar usada entre os judeus. 41 Ora, no lugar em que Jesus foi crucificado, havia um horto e no horto um sepulcro novo, em que ninguém tinha ainda sido sepultado. 42 Por ser o dia da Preparação dos judeus e o sepulcro estar perto, depositaram ali Jesus.

 



DE  CIVITATE DEI

 

LIVRO IX

 

CAPÍTULO VI

 

Paixões que perturbam os demónios, segundo Apuleio, que afirma ser útil aos homens a sua ajuda junto dos deuses.

 

Por agora, ponhamos de parte a questão dos santos anjos e vejamos com o, segundo os platónicos, os demónios, colocados entre os deuses e os homens, são agitados pelas ferventes ondas das paixões. Se, efectivamente, sofressem tais movimentos, mantendo a liberdade de espírito e dominando-as, (A Puleio) não teria dito dos demónios que, entregues, com o nós, aos movimentos desordenados do coração e às agitações do espírito, flutuam à mercê do fervilhar das ondas do pensamento. E, pois, o seu espírito, isto é, a parte superior da alma, a parteque os toma

racionais, onde a virtude e a sabedoria (se é que alguma têm) com andariam as paixões turbulentas das partes inferiores da alma, para as reger e moderar — é, pois, o seu espírito, digo eu, como confessa este platónico, que é sacudido pelas agitadas ondas das paixões. O seu espírito é, portanto, escravo das paixões torpes, dos medos, das cóleras e de outras que tais. Qual é, então, neles a parte que está livre e na posse da sabedoria pela qual poderão agradar aos deuses e, com o exemplo dos seus bons costumes, estimularos homens, — se o seu espírito, submetido e oprimido por paixões viciosas, aplica tudo o que a natureza lhes concedeu de razão para enganar e seduzir — com tanto maior sanha quanto mais possuído está pela avidez de prejudicar?

 

CAPÍTULO VII

 

Afirmam os platónicos que os deuses foram desacreditados

pelas fantasias dos poetas, que os representam como sujeitos a afeições contrárias, próprias dos demónios e não dos deuses.

Se alguém disser que não se refere a todos mas apenas ao grupo dos maus demónios aos quais os poetas, sem muito se afastarem da verdade, representam como deuses inimigos ou amigos do homem, e que é destes que A Puleio diz que “flutuam à mercê do fervilhar das ondas do seu pensamento” — com o poderemos compreender uma coisa dessas, quando, ao falar assim, ele (A Puleio) descreve o lugar que ocupam entre os deuses e os homens, não apenas os maus mas todos os demónios, devido ao seu corpo aéreo?

Realm ente, diz ele, a ficção dos poetas consiste nisto: em colocarem alguns destes demónios entre os deuses, em darem-lhes nomes de deuses, em lhes distribuírem homens à sua vontade, como amigos ou inimigos, — e tudo graças à liberdade impune da ficção poética. Todavia, apresentam-nos os deuses muito distanciados, devido à sua morada celeste e à opulência da sua felicidade, destes costumes dos demónios. É, pois, uma ficção dos poetas chamar deuses a seres que o não são e, com o nome de deuses, pô-los a brigar entre si por causa dos homens que amam ou odeiam por paixão partidária. Mas esta ficção, diz ele, não está longe da verdade, porque os demónios, chamados deuses [835] sem o serem, são todavia descritos tais quais são. Diz ser o caso dessa Minerva de Homero que intervém em plena assembleia dos Gregos para acalmar a cólera de Aquiles (Quae mediis coetibus Graiutn cohibendo Achiüi intervenit. Apuleio, De Deo Socratis, XI; ed. Thom as, p. 19).

Essa Minerva é para ele uma ficção poética, porque Minerva, considera-a ele como uma deusa e coloca-a, longe de todo o contacto com os mortais, nas altas regiões do éter, entre os deuses, que ele a todos tem por bons e felizes. Mas que certo demónio tenha favorecido os Gregos contra os Troianos e outro tenha protegido os Troianos contra os Gregos (Vénus e Marte, como lhes chama o citado poeta (Homero) — mas que para ele (A Puleio) são deuses por ele colocados nas moradas celestes onde não praticam estas façanhas, e que os demónios tenham lutado entre si a favor dos seus amigos contra os seus inimigos, é nisso que, confessa, os poetas pouco se afastam da verdade. Realmente, contam estes factos de seres semelhantes aos homens nos movimentos do seu coração e que, com o afirma (A Puleio), flutuam à mercê do fervilhar das ondas do seu pensamento, capazes de manifestarem a sua predilecção por uns e o seu ódio por outros, não por amorda justiça mas por paixões partidárias, tal como o público que, no circo, toma partido pelos caçadores ou aurigas da sua preferência. Parece, pois, que o filósofo platónico procurou fazer com que, quando os poetas cantam estes feitos, todos acreditem que eles foram cometidos, não pelos demónios intermediários, mas pelos próprios deuses cujos nomes os poetas introduzem nas suas ficções.

 

 

 

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