Jo
XV, 18-27; XVI, 1-4
Ódio do mundo
18 «Se o mundo vos odeia, reparai que,
antes que a vós, me odiou a mim. 19 Se viésseis do mundo, o mundo amaria o que
é seu; mas, como não vindes do mundo, pois fui Eu que vos escolhi do meio do
mundo, por isso é que o mundo vos odeia. 20 Lembrai-vos da palavra que vos
disse: o servo não é mais que o seu senhor. Se me perseguiram a mim, também vos
hão-de perseguir a vós. Se cumpriram a minha palavra, também hão-de cumprir a
vossa. 21 Mas tudo isto vos farão por causa de mim, porque não reconhecem
aquele que me enviou. 22 Se Eu não tivesse vindo e não lhes tivesse dirigido a
palavra, não teriam culpa, mas, agora, não têm escusa do seu pecado. 23Quem me
odeia a mim odeia também o meu Pai. 24 Se, diante deles, Eu não tivesse
realizado obras que ninguém mais realizou, não teriam culpa; mas agora, apesar
de as verem, continuam a odiar-me a mim e ao meu Pai. 25 Tinha, porém, de se
cumprir a palavra que ficou escrita na sua Lei: Odiaram-me sem razão.» 26 «Quando
vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, que procede do Pai, e que Eu vos
hei-de enviar da parte do Pai, Ele dará testemunho a meu favor. 27 E vós também
haveis de dar testemunho, porque estais comigo desde o princípio.»
16 1 «Dei-vos a conhecer estas coisas
para não vos perturbardes. 2 Sereis expulsos das sinagogas; há-de chegar mesmo
a hora em que quem vos matar julgará que presta um serviço a Deus! 3 E farão
isto por não terem conhecido o Pai nem a mim. 4 Deixo-vos ditas estas coisas,
para que, quando chegar a hora, vos lembreis de que Eu vo-las tinha dito. Não
vo-las disse, porém, desde o princípio, porque Eu estava convosco.» 5 «Agora
vou para aquele que me enviou, e ninguém de vós me pergunta: ‘Para onde vais?’
6 Mas, por vos ter anunciado estas coisas, o vosso coração ficou cheio de
tristeza.
Amar a Igreja
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Sacerdotes e leigos
Compreendo
essa estranheza, mas não seria sincero se afirmasse que a compartilho.
Estes
homens que, livremente, porque assim o quiseram - e isto é uma razão muito
sobrenatural - abraçam o sacerdócio, sabem que não fazem nenhuma renúncia, no
sentido em que vulgarmente se emprega esta palavra.
Já
se dedicavam - pela sua vocação ao Opus Dei - ao serviço da Igreja e de todas
as almas, com uma vocação plena, divina, que os levava a santificar o trabalho
e a procurar, por meio dessa ocupação profissional, a santificação dos outros.
Como
todos os cristãos, os membros do Opus Dei, sacerdotes e leigos, sempre cristãos
correntes, encontram-se entre os destinatários destas palavras de São Pedro: “Vós sois raça eleita, sacerdócio real, nação
santa, povo adquirido, afim de anunciantes as virtudes d'Aquele que vos chamou
das trevas para a Sua luz admirável. Vós que outrora não éreis o Seu povo, mas
que agora sois o povo de Deus; vós que antes não tínheis alcançado misericórdia
e agora a alcançastes”.
Uma
única e a mesma é a condição de fiéis cristãos nos sacerdotes e nos leigos,
porque Deus Nosso Senhor nos chamou a todos à plenitude da caridade, à
santidade: bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos
abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo.
Foi
assim que n'Ele nos escolheu antes da constituição do mundo, para sermos santos
e imaculados diante dos Seus olhos.
Não
há santidade de segunda categoria: ou existe uma luta constante por estar na
graça de Deus e ser conformes a Cristo, nosso Modelo, ou desertamos dessas
batalhas divinas.
O
Senhor convida todos para que cada um se santifique no seu próprio estado.
No
Opus Dei esta paixão pela santidade - apesar dos erros e misérias individuais -
não se diferencia pelo facto de se ser sacerdote ou leigo; e, além disso, os
sacerdotes são apenas uma pequeníssima parte, em comparação com o total de
membros.
Olhando
com olhos de fé, a chegada ao sacerdócio não constitui, portanto, nenhuma
renúncia; e chegar ao sacerdócio também não significa um passo mais na vocação
ao Opus Dei.
A
santidade não depende do estado - solteiro, casado, viúvo, sacerdote -, mas sim
da correspondência pessoal à graça, que a todos é concedida, para aprendermos a
afastar de nós as obras das trevas e para nos revestirmos das armas da luz, da
serenidade, da paz, do serviço sa
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Dignidade do Sacerdócio
O
sacerdócio leva a servir a Deus num estado que, em si mesmo, não é melhor nem
pior do que os outros; é diferente.
Mas
a vocação de sacerdote aparece revestida duma dignidade e duma grandeza que
nada na terra supera.
Santa
Catarina de Sena põe na boca de Jesus Cristo estas palavras: “Não quero que diminua a reverência que se
deve professar aos sacerdotes, porque a reverência e o respeito que se lhes
manifesta, não se dirige a eles, mas a Mim, em virtude do Sangue que lhes dei
para que o administrem. Se não fosse isso, deveríeis dedicar-lhes a mesma
reverência que aos leigos e não mais... Não devem ser ofendidos: ofendendo-os
ofende-se a Mim e não a eles. Por isso o proibi e estabeleci que não admito que
toqueis nos meus Cristos”.
Alguns
afadigam-se à procura, como dizem, da identidade do sacerdote.
Que
claras resultam estas palavras da Santa de Sena!
Qual
é a identidade do sacerdote?
A de
Cristo.
Todos
os cristãos podem e devem ser, não já alter
Christus, mas ipse Christus:
outros Cristos, o próprio Cristo!
Mas
no sacerdote isto dá-se imediatamente, de forma sacramental.
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Para
realizar uma obra tão grande - a da Redenção - Cristo está sempre presente na
Igreja, principalmente nas acções litúrgicas.
Está
presente no sacrifício da Missa, tanto na pessoa do Ministro -
"oferecendo-se agora por ministério dos sacerdotes O mesmo que se ofereceu
a si mesmo na cruz" -, como, sobretudo, sob as espécies eucarísticas.
Pelo
sacramento da Ordem, o sacerdote torna-se efectivamente apto para emprestar a
Nosso Senhor a voz, as mãos, todo o seu ser: é Jesus Cristo quem, na Santa
Missa, com as palavras da consagração, transforma a substância do pão e do
vinho no Seu Corpo, Alma, Sangue e Divindade.
Nisto
se fundamenta a incomparável dignidade do sacerdote.
Uma
grandeza emprestada, compatível com a minha pequenez.
Eu
peço a Deus Nosso Senhor que nos dê, a todos os sacerdotes, a graça de realizar
santamente as coisas santas, e de reflectir também na nossa vida as maravilhas
das grandezas do Senhor.
Nós,
que celebramos os mistérios da Paixão do Senhor, temos de imitar o que fazemos.
E
então a hóstia ocupará o nosso lugar diante de Deus, se nós mesmos nos fizermos
hóstias.
Se
alguma vez encontrais um sacerdote que, exteriormente, não parece viver de
acordo com o Evangelho - não o julgueis, Deus o julga –
,
sabei que, se celebrar validamente a Santa Missa, com intenção de consagrar,
Nosso Senhor não deixa de descer até àquelas mãos, ainda que sejam indignas.
Pode
haver maior entrega, maior aniquilamento?
Mais
do que em Belém e no Calvário!
Porquê?
Porque
Jesus Cristo tem o Coração oprimido pelas suas ânsias redentoras, porque não
quer que ninguém possa dizer que não foi chamado, porque se faz encontrar pelos
que não O procuram.
É
amor?
Não
há outra explicação.
Que
insuficientes se tornam as palavras, para falar do Amor de Cristo!
Ele
baixa-Se a tudo, admite tudo, expõe-Se a tudo - a sacrilégios, a blasfémias, à
frieza da indiferença de tantos - com o fim de oferecer, ainda que seja a um
único homem, a possibilidade de descobrir o bater de um Coração que salta no
Seu peito chagado.
Esta
é a identidade do sacerdote: instrumento imediato e diário da graça salvadora que
Cristo ganhou para nós.
Se
se compreende isto, se isto é meditado no silêncio activo da oração, como se
pode considerar o sacerdócio uma renúncia?
É um
ganho impossível de calcular.
A
Nossa Mãe Santa Maria, a mais santa das criaturas - mais do que Ela, só Deus -
trouxe uma vez Jesus ao mundo; os sacerdotes trazem-No à nossa terra, ao nosso
corpo e à nossa alma, todos os dias: Cristo vem para nos alimentar, para nos
vivificar, para ser, desde já, penhor da vida futura.
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Sacerdócio comum e sacerdócio
ministerial
Nem
como homem, nem como fiel cristão, o sacerdote é mais do que o leigo.
Por
isso é muito conveniente que o sacerdote professe uma profunda humildade, para
entender como também no seu caso se cumprem plenamente, de modo especial,
aquelas palavras de São Paulo: “Que
possuís que não tenhais recebido?”
O
recebido... é Deus!
O
recebido é poder celebrar a Sagrada Eucaristia, a Santa Missa - fim principal
da ordenação sacerdotal -, perdoar os pecados, administrar outros sacramentos e
pregar com autoridade a Palavra de Deus, dirigindo os outros fiéis nas coisas
que se referem ao Reino dos Céus.
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