Pessoa e circunstância
Emoções - Idealismo e ralismo psicológico
A fonte principal das nossa angústias são os nossos
desejos fracassados que ficam dentro de nós como cadáveres apodrecidos. Os
nossos desejos são maus porque não se regulam pela realidade. Desejamos dos
outros o que eles não podem dar, porque não têm capacidade natural para tanto e
quando nós pretendemos alguma coisa de alguém, mais projectamos nesse outros a
nossa ânsia pessoal de que o ajudamos a fecundar a sua própria potencialidade.
O realismo psicológico deve ser abase das relações. Hás
pessoas que quando dizem o que sentem, não dizem o que pensam. Só desabafam
emoções, não expõem convicções, relações reflectidas e motivadas. Por vezes
essas confidências ou expansões voltam-se contra elas na ocasião menos
esperada. Ficam então desiludidas da confiança que depositaram no grupo amigo.
Desta forma esvai-se a alegria da companhia, e crescem as barreiras inter-pessoais.
Por vezes o melhor acto de amizade que podemos ter para com as pessoas que escutamos, é esquecer o que
elas nos disseram.
(E. de Vasconcelos, Pessoa e Circunstância, Brotéria,
Julho 1969, pg. 31)
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