La pornografía, un problema real para jóvenes y adultos: una industria diseñada para crear adicción
Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
Evangelho
Jo XXI, 1 - 25
Pesca milagrosa
1 Algum tempo depois, Jesus apareceu
outra vez aos discípulos, junto ao lago de Tiberíades, e manifestou-se deste
modo: 2 estavam juntos Simão Pedro, Tomé, a quem chamavam o Gémeo, Natanael, de
Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. 3 Disse-lhes
Simão Pedro: «Vou pescar.» Eles responderam-lhe: «Nós também vamos contigo.»
Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. 4 Ao
romper do dia, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que
era Ele. 5 Jesus disse-lhes, então: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?»
Eles responderam-lhe: «Não.» 6 Disse-lhes Ele: «Lançai a rede para o lado
direito do barco e haveis de encontrar.» Lançaram-na e, devido à grande
quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar. 7 Então, o
discípulo que Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!» Simão Pedro, ao ouvir
que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à
água. 8 Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes; com
efeito, não estavam longe da terra, mas apenas a uns noventa metros. 9 Ao
saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão. 10 Jesus
disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora.» 11 Simão Pedro subiu à
barca e puxou a rede para terra, cheia de peixes grandes: cento e cinquenta e
três. E, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. 12 Disse-lhes Jesus:
«Vinde almoçar.» E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és
Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. 13 Jesus aproximou-se, tomou o pão e
deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe. 14 Esta já foi a terceira vez que Jesus
apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos.
Pedro recebe o primado
15 Depois de terem comido, Jesus
perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?»
Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus
disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.» 16 Voltou a perguntar-lhe uma segunda
vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes
que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas.»
17 E perguntou-lhe, pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu és deveras meu
amigo?» Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: ‘Tu és
deveras meu amigo?’ Mas respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que
eu sou deveras teu amigo!» E Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas. 18
Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais novo, tu mesmo atavas o cinto
e ias para onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te
há-de atar o cinto e levar para onde não queres.» 19 E disse isto para indicar
o género de morte com que ele havia de dar glória a Deus. Depois destas
palavras, acrescentou: «Segue-me!» 20 Pedro voltou-se e viu que o seguia o
discípulo que Jesus amava, o mesmo que na ceia se tinha apoiado sobre o seu
peito e lhe tinha perguntado: ‘Senhor, quem é que te vai entregar?’ 21 Ao
vê-lo, Pedro perguntou a Jesus: «Senhor, e que vai ser deste?» 22 Jesus
respondeu-lhe: «E se Eu quiser que ele fique até Eu voltar, que tens tu com
isso? Tu, segue-me!» 23 Foi assim que, entre os irmãos, correu este rumor de
que aquele discípulo não morreria. Jesus, porém, não disse que ele não havia de
morrer, mas sim: «Se Eu quiser que ele fique até Eu voltar, que tens tu com
isso?»
Segundo e último epílogo
24
Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e que as escreveu. E nós
sabemos bem que o seu testemunho é verdadeiro. 25 Há ainda muitas outras coisas
que Jesus fez. Se elas fossem escritas, uma por uma, penso que o mundo não
teria espaço para os livros que se deveriam escrever.
DE
CIVITATE DEI
LIVRO IX
CAPÍTULO IX
Se o homem pode obter a am izade
dos deuses por intercessão dos demónios.
De que raça são então esses mediadores
entre os deuses e os homens, por intermédio dos quais poderão os homens aspirar
à amizade com os deuses — se o que há de m elhor nos seres animados, a alma, é
o que neles, como nos homens, há de pior; e se o que há de pior nos seres animados,
o corpo, é o que neles, com o nos deuses, há de melhor? E fectivamente, o ser
animado ou animal é composto de alma e corpo. Destes dois, o melhor é, sem dúvida,
a alma, mesmo que viciosa e doente seja ela, e perfeitamente são e vigoroso o
corpo. E que a sua natureza é de ordem mais elevada; a mácula dos vícios não a faz
descer abaixo do corpo. E assim como o ouro, que, mesm o impuro, tem maior
valor do que a prata e o chumbo mais puros. Estes mediadores entre os deuses e
os homens têm como os deuses um corpo eterno e, como os homens, uma alma
viciosa — como se a religião, pela qual pretendem que os homens se unem aos
deuses por intermédio dos demónios, tivesse o seu fundamento mais no corpo do
que na alma!
Enfim, que malícia, que castigo
suspendeu estes falsos e falazes mediadores, como se, por assim dizer,
estivessem de cabeça para baixo? É que a parte inferior do seu ser animado,
isto é, o corpo, têm-na eles em comum com os seres superiores; mas a parte
superior, isto é, a alma, têm-na em comum com os seres inferiores. Estão unidos
aos deuses celestes pela parte que é escrava e, desgraçados, estão unidos aos
homens terrestres pela parte que domina.
Realmente, o corpo é escravo, como diz
Salústio: Usamos do espírito
preferentemente para mandar e do corpo
para servir (Animi
império, corporis servitio magis utimur. Salústio,
Catilim, I,
2.) e acrescenta:Uma qualidade é comum a nós e
aos deuses, e outra a nós e aos brutos (Alterum
nobis cum diis, alterum cum beluis conmune est.d. Ib.),
ao
falar dos homens que têm, como os brutos, um corpo mortal. Mas estes, que os
filósofos nos propuseram como mediadores entre nós e os deuses, bem podem dizer
do seu corpo e da sua alma: esta é comum a nós e aos homens, e aquele é comum a
nós e aos deuses. Com a diferença,
como disse, de que estão ligados e
suspensos às avessas, tendo o corpo escravo comum com os deuses bem -aventurados
e a alma suspensa, com os desgraçados dos homens, ou seja: exaltados pela parte
inferior e rebaixados pela parte superior. Donde se conclui: ainda que alguém
julgue que eles têm de comum com os deuses a eternidade, porque morte nenhuma poderá,
como acontece nos seres terrestres, separar o seu espírito do seu corpo, —
mesmo assim não se pode considerar o seu corpo como veículo eterno de um corpo
de seres dignos de honra, mas antes como eterno veículo de condenados.
O FINAL DOS TEMPOS
Contemplar o mistério
– Jesus, considerando agora mesmo as minhas misérias, digo-te: Deixa-te enganar pelo teu filho, como esses pais bons, carinhosos, que põem nas mãos do seu menino a dádiva que dele querem receber..., porque sabem muito bem que as crianças nada têm. E que alvoroço o do pai e o do filho, ainda que ambos estejam no segredo! (Forja, 195)
A vida de oração e de
penitência e a consideração da nossa filiação divina transformam-nos em
cristãos profundamente piedosos, como meninos pequenos diante de Deus. A
piedade é a virtude dos filhos e, para que o filho possa entregar-se nos braços
do seu pai, há-de ser e sentir-se pequeno, necessitado. Tenho meditado com
frequência na vida de infância espiritual, que não se contrapõe à fortaleza,
porque requer uma vontade rija, uma maturidade bem temperada, um carácter firme
e aberto.
Piedosos, portanto, como
meninos; mas não ignorantes, porque cada um há-de esforçar-se, na medida das
suas possibilidades, pelo estudo sério e científico da fé. E o que é isto,
senão teologia? Piedade de meninos, sim, mas doutrina segura de teólogos.
O afã por adquirir esta
ciência teológica – a boa e firme doutrina cristã – deve-se, em primeiro lugar,
ao desejo de conhecer e amar a Deus. Simultaneamente é consequência da
preocupação geral da alma fiel por alcançar a mais profunda compreensão deste
mundo, que é uma realização do Criador. Com periódica monotonia, há pessoas que
procuram ressuscitar uma suposta incompatibilidade entre a fé e a ciência,
entre a inteligência humana e a Revelação divina. Tal incompatibilidade só pode
surgir, e só na aparência, quando não se entendem os termos reais do problema.
Se o mundo saiu das mãos de
Deus, se Ele criou o homem à sua imagem e semelhança e lhe deu uma chispa da
sua luz, o trabalho da inteligência deve ser – embora seja um trabalho duro –
desentranhar o sentido divino que naturalmente já têm todas as coisas. E, com a
luz da fé, compreendemos também o seu sentido sobrenatural, que resulta da
nossa elevação à ordem da graça. Não podemos admitir o medo da ciência, visto
que qualquer trabalho, se é verdadeiramente científico, tende para a verdade. E
Cristo disse: «Ego sum veritas». Eu
sou a verdade. (Cristo que passa, 10)
Educação dos Filhos
Estamos enganados quando dizemos:
falhei na educação dos meus filhos; não soube fazer o bem em volta de mim.
Realmente, ainda não tivemos êxito, o
sucesso não é ainda como tínhamos esperado. Isto é: a colheita ainda não chegou
à maturidade.
O que importa é que tenhamos semeado,
que tenhamos dado Deus às almas.
Quando Deus quiser, essas almas
voltar-se-ão para Ele. Nós talvez não estejamos lá para o ver, mas outros
colherão o que semeámos.
(Georges
Chevrot, Jesus e a Samaritana, Éfeso, 1956, pg 201)
Evangelho
Jo XX, 1 - 31
Jesus aparece a Maria Madalena
1
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda
escuro, e viu retirada a pedra que o tapava. 2 Correndo, foi ter com Simão Pedro
e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado
do túmulo e não sabemos onde o puseram.» 3 Pedro saiu com o outro discípulo e
foram ao túmulo. 4 Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do
que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5 Inclinou-se para observar e reparou
que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou. 6 Entretanto,
chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao
ver os panos de linho espalmados no chão, 7 ao passo que o lenço que tivera em
volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho,
mas de outro modo, enrolado noutra posição. 8 Então, entrou também o outro
discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer, 9 pois
ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar
dos mortos. 10 A seguir, os discípulos regressaram a casa. 11 Maria estava
junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar. Sem parar de chorar, debruçou-se para
dentro do túmulo, 12 e contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde
tinha estado o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. 13 Perguntaram-lhe:
«Mulher, porque choras?» E ela respondeu: «Porque levaram o meu Senhor e não
sei onde o puseram.» 14 Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas
não se dava conta que era Ele. 15 E Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras?
Quem procuras?» Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe:
«Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou
buscá-lo.» 16 Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em
hebraico: «Rabbuni!» - que quer dizer: «Mestre!» 17 Jesus disse-lhe: «Não me
detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e
diz-lhes: ‘Subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é vosso
Deus.’» 18 Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» E
contou o que Ele lhe tinha dito.
Jesus e o poderde perdoar
19
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do
lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas,
veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» 20 Dito
isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por
verem o Senhor. 21 E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como
o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» 22 Em seguida, soprou sobre eles e
disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. 23 Àqueles a quem perdoardes os pecados,
ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»
Incredulidade de Tomé
24
Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus
veio. 25 Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes:
«Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse
sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito.» 26 Oito dias
depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando
as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja
convosco!» 27 Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo!
Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.» 28
Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» 29 Disse-lhe Jesus: «Porque me
viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto!»
Primeiro epílogo
30
Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus
discípulos, que não estão escritos neste livro. 31 Estes, porém, foram escritos
para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando,
terdes a vida nele.
DE
CIVITATE DEI
LIVRO IX
CAPÍTULO VIII
Definição, dada pelo platónico
Apuleio, dos deuses celestes, demónios aéreos e homens terrestres.
Mas quê? Merecerá algum a atenção a
definição que ele dá dos demónios (cujos term os a todos se aplicam ) em que
diz: Os
demónios são — quanto
ao género, seres animados; passíveis,
quanto ao ânimo; quanto à mente,
racionais; aéreos, quanto ao corpo; quanto ao tempo, eternos .
Nestas cinco propriedades, nada,
absolutamente nada, referiu em que os demónios parecessem ter de comum exclusivamente
com os homens bons algum a coisa que não tivessem em comum com os maus.
Efectivamente, descreve um pouco mais pormenorizadamente, no seu lugar próprio,
homens, deles falando como de seres ínfimos e terrestres, depois de ter falado
dos deuses do Céu; e, uma vez evocados os dois extremos, inferior e superior,
trata em último lugar dos demónios, que ocupam o meio.
Escreve ele: Portanto,
os homens, — orgulhosos
pela razão, poderosos pela palavra, dotados de alma imortal, de membros votados
à morte, de espírito ágil e inquieto, de corpos pesados e
débeis, de costumes
dessemelhantes e erros parecidos, de audácia obstinada e de esperança firme, de
actividade estéril e de
(daemones
esse genere animalia, animo passiva, mente rationalia, corpore aeria, tempore
aetema. Apuleio, D
e Deo Socratis, IV; ed. Thom as, p. 10.)
fortuna
instável, individualmente mortais, todos, porém, no seu género, perpétuos
porque se sucedem na renovação das gerações, de existência fugitiva, de tardia
sabedoria, de morte rápida, de vida lastimosa — , habitam na terra 2
(lgitur homines, ratione gaudetites, oratione pollentes, inmortalibus animis,
moribundis membris, levibus et anxiis mentibus, brutis et obnoxiis corporibus,
dissimilibus moribus, similibus enoribus, pervicaci audacia, pertinaci spe,
casso labore, fortuna caduca, singillatim mortales, cuncti tamen universo
genere perpetui, vkissim sufficienda prole mutabiles, volucri tempore, tarda
sapientia, cita morte, querula vita terras incolunt. Apuleio,
D e Deo Socratis, IV;
ed. Thom as, p. 10.) .
Ao mencionar tantas coisas que se
referem à maior parte dos homens, acaso se calou acerca desse pormenor que
sabia pertencer a um pequeno número — a tardia sabedoria? Se o tivesse omitido,
a sua descrição do género humano, apesar de tão atento cuidado, ficaria na
verdade incompleta. Pois bem — quando põe em relevo a excelência dos deuses,
frisou bem que ela consistia nessa beatitude a que os homens pretendem chegar
por meio da sabedoria. Por conseguinte, se a sua intenção fosse a de dar a
entender que há bons demónios, teria juntado à sua descrição alguma propriedade
donde parecesse que eles possuem, em comum com os deuses, um a certa beatitude,
ou, com os homens, algum a sabedoria. Ora ele não lhes pôs em relevo qualquer
destas boas qualidades que permitem distinguir os bons dos maus. E, embora se
tenha abstido de fazer ressaltar demasiado livremente a sua malícia, fê-lo, não
para os não ofender a eles, mas antes para não ofender os seus adoradores, a
quem se dirigia. Todavia permitiu que os seus leitores precavidos
compreendessem o que deviam pensar desses demónios: assim, aos deuses, no seu
entender todos bons e felizes, pô-los absolutamente a salvo das paixões e, com
o ele mesm o confessa, das tempestadas que agitam os demónios, e só os
relacionou pela eternidade dos corpos; todavia, em relação à alma, declarou abertamente
que os demónios se assemelham, não aos deuses, mas aos homens. E, mesmo esta
semelhança, respeita não à sabedoria, bem de que os próprios homens podem
participar, mas à perturbação das paixões que dominam os insensatos e os maus,
que os sábios e os bons dominam, preferindo não as ter, a ter de as vencer.
Se A Puleio quisesse dar a entender que
os demónios têm de comum com os deuses, não a eternidade do corpo mas a da
alma, não teria de certo excluído os homens deste com um privilégio porque,
como platónico que é, pensa sem dúvida que também os homens têm alma imortal.
Por isso é que, ao descrever esta
espécie de seres animados, ele diz que os homens são dotados de
alma imortal, de membros votados à morte (inmortalibus
animis, moribundis membris. Apuleio, D
e Deo Socratis, IV; ed. Thom as, p. 10.).
Se, portanto, os homens não partilham
da eternidade com os demónios porque têm um corpo mortal, é porque têm um corpo
imortal que os demónios a possuem.
O FINAL DOS TEMPOS
Contemplar o mistério
Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a
ação da graça nas nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do amor a
Deus, supõem já uma antecipação do Céu, um começo destinado a crescer dia a
dia. Nós, cristãos, não suportamos uma vida dupla: mantemos uma unidade de
vida, simples e forte, na qual se fundamentam e compenetram todas as nossas
ações.
Se desejas deveras ser alma penitente – penitente e alegre –, deves defender, acima de tudo, os teus tempos diários de oração, de oração íntima, generosa, prolongada, e hás-de procurar que esses tempos não sejam ao acaso, mas a hora fixa, sempre que te for possível. Sê escravo deste culto quotidiano a Deus, e garanto-te que te sentirás constantemente alegre. (Sulco, 994)
Como anda a tua vida de
oração? Não sentes às vezes, durante o dia, desejos de falar mais devagar com
Ele? Não Lhe dizes: logo vou contar-te isto e aquilo; logo vou conversar sobre
isso contigo?
Nos momentos dedicados
expressamente a esse colóquio com o Senhor o coração expande-se, a vontade
fortalece-se, a inteligência – ajudada pela graça – enche a realidade humana
com a realidade sobrenatural. E, como fruto, sairão sempre propósitos claros,
práticos, de melhorares a tua conduta, de tratares delicadamente, com caridade,
todos os homens, de te empenhares a fundo – com o empenho dos bons desportistas
– nesta luta cristã de amor e de paz.
A oração torna-se contínua
como o bater do coração, como as pulsações. Sem essa presença de Deus não há
vida contemplativa. E sem vida contemplativa de pouco vale trabalhar por
Cristo, porque em vão se esforçam os que constroem se Deus não sustenta a casa.
Para se santificar, o
cristão corrente – que não é um religioso e não se afasta do mundo, porque o
mundo é o lugar do seu encontro com Cristo – não precisa de hábito externo nem
sinais distintivos. Os seus sinais são internos: a constante presença de Deus e
o espírito de mortificação. Na realidade, são uma só coisa, porque a
mortificação é apenas a oração dos sentidos. (Cristo que passa, 8–9)
O
Matrimónio
2.
A celebração do matrimónio
O
matrimónio nasce do consentimento pessoal e irrevogável dos esposos (cf.
Catecismo, 1626). «O consentimento matrimonial é o acto da
vontade, pela qual o homem e a mulher se entregam e aceitam mutuamente em
aliança irrevogável para constituir o matrimónio» (CDC,
1057 §2).
«Normalmente,
a Igreja exige para os seus fiéis a forma eclesiástica da celebração do
Matrimónio» (Catecismo , 1631).
Por isso, «somente são válidos aqueles casamentos que se contraem perante o
Ordinário do lugar ou o pároco, um sacerdote ou diácono delegado por um deles,
para que assistam, e perante testemunhas, de acordo com as regras
estabelecidas» pelo Código do Direito Canónico (CDC
, 1108 §1).
Concorrem
várias razões para explicar esta determinação: o casamento sacramental é um acto
litúrgico ; introduz numa ordo eclesial, criando direitos e deveres na Igreja
entre os esposos e para com os filhos. Devido ao matrimónio ser um estado de
vida na Igreja, é preciso que sobre ele existam certezas (daí a obrigação da
presença de testemunhas); e o carácter público do consentimento protege o “Sim”
uma vez dado e ajuda a permanecer-lhe fiel (cf. Catecismo, 1631).
Caridade
Não é a dificuldade que há em amar o
inimigo o que conta para o merecimento, se não for na medida em que se
manifesta nela a perfeição do amor, que triunfa da dita dificuldade.
Assim, pois, se a caridade fosse tão
completa que suprimisse em absoluto a dificuldade, seria então mais meritória.
(São Tomás de Aquino, Questões discutidas
sobre a caridade, q. 8, ad 17.)
Evangelho
Jo XIX, 25 - 42
A mãe junto da Cruz
25 Estavam, de pé, junto à
cruz de Jesus, Sua mãe, a irmã de Sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria
Madalena. 26 Jesus, vendo Sua mãe e, junto dela, o discípulo que amava, disse a
Sua mãe: «Mulher, eis o teu filho». 27 Depois disse ao discípulo: «Eis a tua
mãe». E, desde aquela hora, o discípulo recebeu-a na sua casa. 28 Em seguida,
sabendo Jesus que tudo estava consumado, para se cumprir a Escritura, disse:
«Tenho sede». 29 Havia ali um vaso cheio de vinagre. Então, os soldados,
ensopando no vinagre uma esponja e atando-a a uma cana de hissopo, chegaram-Lha
à boca. 30 Jesus, tendo tomado o vinagre, disse: «Tudo está consumado!».
Depois, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Sepultura de Jesus
31 Os judeus, visto que era
o dia da Preparação, para que os corpos não ficassem na cruz no sábado, porque
aquele dia de sábado era de grande solenidade, pediram a Pilatos que lhes
fossem quebradas as pernas e fossem retirados. 32 Foram, pois, os soldados e
quebraram as pernas ao primeiro e ao outro com quem Ele havia sido crucificado.
33 Mas, quando chegaram a Jesus, vendo que já estava morto, não Lhe quebraram
as pernas, 34 mas um dos soldados trespassou-Lhe o lado com uma lança e
imediatamente saiu sangue e água. 35 Quem foi testemunha deste facto o atesta,
e o seu testemunho é digno de fé e ele sabe que diz a verdade, para que também
vós acrediteis. 36 Porque estas coisas sucederam para que se cumprisse a
Escritura: “Não Lhe quebrarão osso algum”. 37 E também diz outro passo da
Escritura: “Hão-de olhar para Aquele a quem trespassaram”. 38 Depois disto,
José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, ainda que oculto por medo dos
judeus, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. Pilatos
permitiu-o. Foi, pois, e tomou o corpo de Jesus. 39 Nicodemos, aquele que tinha
ido anteriormente de noite ter com Jesus, foi também, levando uma composição de
quase cem libras de mirra e aloés. 40 Tomaram o corpo de Jesus e envolveram-n'O
em lençóis com perfumes, segundo a maneira de sepultar usada entre os judeus.
41 Ora, no lugar em que Jesus foi crucificado, havia um horto e no horto um
sepulcro novo, em que ninguém tinha ainda sido sepultado. 42 Por ser o dia da
Preparação dos judeus e o sepulcro estar perto, depositaram ali Jesus.
DE
CIVITATE DEI
LIVRO IX
CAPÍTULO VI
Paixões que perturbam os demónios,
segundo Apuleio, que afirma ser útil aos homens a sua ajuda junto dos deuses.
Por agora, ponhamos de parte a questão
dos santos anjos e vejamos com o, segundo os platónicos, os demónios, colocados
entre os deuses e os homens, são agitados pelas ferventes ondas das paixões.
Se, efectivamente, sofressem tais movimentos, mantendo a liberdade de espírito
e dominando-as, (A Puleio)
não teria dito dos demónios que, entregues, com o nós, aos movimentos
desordenados do coração e às agitações do espírito, flutuam à mercê do
fervilhar das ondas do pensamento. E, pois, o seu espírito, isto é, a parte
superior da alma, a parteque os toma
racionais, onde a virtude e a sabedoria
(se é que alguma têm) com andariam as paixões turbulentas das partes inferiores
da alma, para as reger e moderar — é, pois, o seu espírito, digo eu, como
confessa este platónico, que é sacudido pelas agitadas ondas das paixões. O seu
espírito é, portanto, escravo das paixões torpes, dos medos, das cóleras e de
outras que tais. Qual é, então, neles a parte que está livre e na posse da
sabedoria pela qual poderão agradar aos deuses e, com o exemplo dos seus bons
costumes, estimularos homens, — se o seu espírito, submetido e oprimido por
paixões viciosas, aplica tudo o que a natureza lhes concedeu de razão para
enganar e seduzir — com tanto maior sanha quanto mais possuído está pela avidez
de prejudicar?
CAPÍTULO VII
Afirmam os platónicos que os
deuses foram desacreditados
pelas fantasias dos poetas, que os
representam como sujeitos a afeições contrárias, próprias
dos demónios e não dos deuses.
Se alguém disser que não se refere a
todos mas apenas ao grupo dos maus demónios aos quais os poetas, sem muito se
afastarem da verdade, representam como deuses inimigos ou amigos do homem, e
que é destes que A Puleio diz que “flutuam à mercê do fervilhar das ondas do
seu pensamento” — com o poderemos compreender uma coisa dessas, quando, ao
falar assim, ele (A Puleio) descreve o lugar que ocupam entre os deuses e os
homens, não apenas os maus mas todos os demónios, devido ao seu corpo aéreo?
Realm ente, diz ele, a ficção dos
poetas consiste nisto: em colocarem alguns destes demónios entre os deuses, em
darem-lhes nomes de deuses, em lhes distribuírem homens à sua vontade, como
amigos ou inimigos, — e tudo graças à liberdade impune da ficção poética.
Todavia, apresentam-nos os deuses muito distanciados, devido à sua morada
celeste e à opulência da sua felicidade, destes costumes dos demónios. É, pois,
uma ficção dos poetas chamar deuses a seres que o não são e, com o nome de
deuses, pô-los a brigar entre si por causa dos homens que amam ou odeiam por
paixão partidária. Mas esta ficção, diz ele, não está longe da verdade, porque
os demónios, chamados deuses [835] sem o serem, são todavia descritos tais
quais são. Diz ser o caso dessa Minerva de Homero que
intervém em plena assembleia dos Gregos para acalmar a cólera de Aquiles
(Quae
mediis coetibus Graiutn cohibendo Achiüi intervenit. Apuleio,
De Deo Socratis, XI;
ed. Thom as, p. 19).
Essa Minerva é para ele uma ficção
poética, porque Minerva, considera-a ele como uma deusa e coloca-a, longe de
todo o contacto com os mortais, nas altas regiões do éter, entre os deuses, que
ele a todos tem por bons e felizes. Mas que certo demónio tenha favorecido os
Gregos contra os Troianos e outro tenha protegido os Troianos contra os Gregos
(Vénus e Marte, como lhes chama o citado poeta (Homero) — mas que para ele (A
Puleio) são deuses por ele colocados nas moradas celestes onde não praticam
estas façanhas, e que os demónios tenham lutado entre si a favor dos seus
amigos contra os seus inimigos, é nisso que, confessa, os poetas pouco se
afastam da verdade. Realmente, contam estes factos de seres semelhantes aos
homens nos movimentos do seu coração e que, com o afirma (A Puleio), flutuam à
mercê do fervilhar das ondas do seu pensamento, capazes de manifestarem a sua
predilecção por uns e o seu ódio por outros, não por amorda justiça mas por
paixões partidárias, tal como o público que, no circo, toma partido pelos
caçadores ou aurigas da sua preferência. Parece, pois, que o filósofo platónico
procurou fazer com que, quando os poetas cantam estes feitos, todos acreditem
que eles foram cometidos, não pelos demónios intermediários, mas pelos próprios
deuses cujos nomes os poetas introduzem nas suas ficções.