Omnia sustineo
propter electos (2Tm 2, 10)
A Virgem dolorosa é
testemunha fiel do Amor de Deus, e ilustra muito bem o acto mais típico da virtude
da fortaleza, que consiste em resistir (sustinere) (Cf. Ángel
Rodriguez Luño, Scelti in Cristo per essere santi. III. Morale speciale, EDUSC,
Roma 2008, p. 291) ao desfavorável, ao
desagradável, ao doloroso. É um perseverar no bem, porque sem o bem não há
felicidade. Para o cristão a felicidade identifica-se com a contemplação da
Trindade no céu.
Em Santa Maria
cumprem-se as palavras do Salmo: si consistant adversum me castra, non
timebit cor meum… se todo um exército se virar contra mim, o meu coração
não temerá. (Sl 26, 3) Também São Paulo, antes de chegar ao supremo testemunho de Cristo, se
exercitou durante a sua vida neste ato característico da fortaleza, até poder
afirmar: “pelo que tudo suporto por amor dos escolhidos”. (2 Tm 2, 10)
Para revelar este
aspeto da virtude (a resistência), a Sagrada Escritura costuma referir-se à
imagem da rocha. Jesus , numa das suas parábolas alude à necessidade de
construir sobre a rocha, ou seja, não só escutar a palavra, mas esforçar-se por
pô-la em prática. (Cf. Lc 6, 47-49) Entende-se que, em última análise, a rocha é Deus, como não cessa de
repetir o Antigo Testamento (Cf. 1 Sm 2, 2; 2 Sm 22, 47; Dt 32, 4; Hab 1, 12; Is 26, 4; Sl 27, 1; Sl
30, 3-4; Sl 61, 3.7-8; Sl 94,22; Sl 144, 1; etc): “Minha rocha e
meu baluarte, meu libertador, meu Deus, o rochedo em que me amparo, meu escudo,
força de minha salvação”. (2 Sm 22, 2-3; cf. Sl 18, 3) Não surpreende então que São Paulo chegue a afirmar que a rocha é o
próprio Cristo, (1Cor 10, 4) o qual é “força de Deus”. (1 Cor 1, 24)
Para resistir nas
dificuldades a fortaleza provém, pois, da união com Cristo pela fé, como indica
São Pedro: resistite fortes in fide!, resisti-lhe fortes na fé. (1 Pd 5, 9) Deste modo, pode
dizer-se que o cristão se converte, como Pedro, na rocha em que Cristo se apoia
para construir e sustentar a sua Igreja. (Cf. Mt 16, 18)
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