"O
mês de Maio estimula-nos a pensar e a falar d'Ela de um modo particular. Este é
o seu mês. Assim, pois, o período do ano litúrgico [Páscoa], e o mês actual
chamam e convidam os nossos corações a abrir-se de uma maneira singular a
Maria." (João Paulo II, Audiência Geral, 2-V-1979)
Como
gostam os homens de que lhes recordem o seu parentesco com personagens da
literatura, da política, do exército, da Igreja!... - Canta diante da Virgem
Imaculada, recordando-Lhe: Ave, Maria, Filha de Deus Pai; Ave, Maria, Mãe de
Deus Filho; Ave, Maria, Esposa de Deus Espírito Santo... Mais do que tu, só
Deus! (Caminho,
496)
De
uma maneira espontânea, natural, surge em nós o desejo de conviver com a Mãe de
Deus, que é também nossa mãe; de conviver com Ela como se convive com uma
pessoa viva, porque sobre Ela não triunfou a morte; está em corpo e alma junto
a Deus Pai, junto a seu Filho, junto ao Espírito Santo.
Para
compreendermos o papel que Maria desempenha na vida cristã, para nos sentirmos
atraídos por Ela, para desejar a sua amável companhia com filial afecto, não
são precisas grandes especulações, embora o mistério da Maternidade divina
tenha uma riqueza de conteúdo sobre a qual nunca reflectiremos bastante.
A
fé católica soube reconhecer em Maria um sinal privilegiado do amor de Deus.
Deus chama-nos, já agora, seus amigos; a sua graça actua em nós, regenera-nos
do pecado, dá-nos forças para que, entre as fraquezas próprias de quem é pó e
miséria, possamos reflectir de algum modo o rosto de Cristo. Não somos apenas
náufragos que Deus prometeu salvar; essa salvação já actua em nós. A nossa
relação com Deus não é a de um cego que anseia pela luz mas que geme entre as
angústias da obscuridade; é a de um filho que se sabe amado por seu Pai.
Dessa
cordialidade, dessa confiança, dessa segurança, nos fala Maria. Por isso o seu
nome vai tão direito aos nossos corações. A relação de cada um de nós com a
nossa própria mãe pode servir-nos de modelo e de pauta para a nossa intimidade
com a Senhora do Doce Nome, Maria. Temos de amar a Deus com o mesmo coração com
que amamos os nossos pais, os nossos irmãos, os outros membros da nossa
família, os nossos amigos ou amigas. Não temos outro coração. E com esse mesmo
coração havemos de querer a Maria.
Como
se comporta um filho ou uma filha normal com a sua Mãe? De mil maneiras, mas
sempre com carinho e confiança. Com um carinho que se manifestará em cada caso
de determinadas formas, nascidas da própria vida, e que nunca são algo de frio,
mas costumes muito íntimos de família, pequenos pormenores diários que o filho
precisa de ter com a sua mãe e de que a mãe sente falta, se o filho alguma vez
os esquece: um beijo ou uma carícia ao sair ou ao voltar a casa, uma pequena
delicadeza, umas palavras expressivas...
Nas
nossas relações com a nossa Mãe do Céu, existem também essas normas de piedade
filial, que são modelo do nosso comportamento habitual com Ela. Muitos cristãos
tornam seu o antigo costume do escapulário; ou adquirem o hábito de saudar (não
são precisas palavras; o pensamento basta) as imagens de Maria que há em
qualquer lar cristão ou que adornam as ruas de tantas cidades; ou dão vida a
essa oração maravilhosa que é o Terço, em que a alma não se cansa de dizer
sempre as mesmas coisas, como não se cansam os enamorados, e em que se aprende
a reviver os momentos centrais da vida do Senhor; ou então habituam-se a
dedicar à Senhora um dia da semana - precisamente este em que estamos reunidos:
o sábado - oferecendo-lhe alguma pequena delicadeza e meditando mais
especialmente na sua maternidade. (Cristo que passa, 142)
Maria
Santíssima, Mãe de Deus, passa despercebida, como uma qualquer, entre as
mulheres do seu povo.
Aprende
d'Ela a viver com «naturalidade». (Caminho, 499)
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