1ª Carta de Pedro
Esta Carta foi sempre
considerada como escrito inspirado e, se não aparece no Cânon de Muratori, será
porque este está deteriorado. Aparece escrita pelo Apóstolo Pedro (1,1), por
meio de um seu secretário, Silvano (5,12). A crítica bíblica moderna tem
chamado a atenção para uma série de dificuldades em admitir a autoria de Pedro,
mas sem que elas nos obriguem a ter de procurar outro autor. Vejamos:
O seu carácter de discurso
exortativo e baptismal não exige que seja um escrito tardio; com efeito, uma
Carta do Apóstolo podia ter, logo na origem, um carácter de exortação moral e
um fundo que se coadune com uma “homilia baptismal”. Por outro lado, as
referências às perseguições não implicam tratar-se das perseguições oficiais
dos imperadores romanos, que só nos fins do séc. I se estenderam a todo o
império. Finalmente, a elegância e perfeição do grego, assim como as frequentes
expressões paulinas, podem dever-se ao secretário utilizado, Silvano (5,12), o
mesmo que Silas nos Actos, discípulo e companheiro de Paulo.
DESTINATÁRIOS
Os destinatários da Carta
são nomeados no início (1,1). Uns pensam que se tratava dos cristãos de toda a
Ásia Menor (menos a Cilícia), como parecem indicar as províncias designadas;
outros, que seriam apenas as regiões evangelizadas por Paulo.
A designação de «os que
peregrinam na diáspora» (1,1) é entendida por uns no sentido literal os
judeo-cristãos da diáspora e por outros no sentido figurado os cristãos em
geral, dispersos por este mundo.
CONTEXTO, LOCAL E DATA
A Carta pretende exortar
os fiéis a permanecerem firmes na fé, no meio de um ambiente hostil. A sua
ocasião é desconhecida; alguns pensam que teria sido a chegada a Roma de
notícias de graves dificuldades para a perseverança dos cristãos daquelas
regiões, enquanto Paulo andaria pela Espanha.
Aparece como enviada a
partir da «comunidade dos eleitos que está em Babilónia» (5,13), isto é, de
Roma, como esta é designada no Apocalipse; de facto, não podia tratar-se da
Babilónia da Mesopotâmia, já destruída, nem da do Egipto, simples guarnição
militar. Admitida a autenticidade da Carta, deve datar-se antes da morte de Pedro,
o mais tardar, no ano 67.
DIVISÃO E CONTEÚDO
A carta encontra-se
dividida em 4 secções:
Saudação inicial e acção
de graças: 1,1-12;
I. Exortação à santidade:
1,13-2,10;
II. Os cristãos perante o
mundo: 2,11-3,12;
III. Os cristãos perante o
sofrimento: 3,13-4,11;
IV. Últimas exortações:
4,12-5,14.
Estamos perante um escrito
da segunda geração cristã que pretende animar a fé dos que já tinham desanimado
na sua caminhada na Igreja.
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