Fortaleza
Os
meios
Os meios para conseguir a
fortaleza devem encaminhar-se em primeiro lugar para o robustecimento da fé
Não é a mesma coisa ter
uma suspeita de fé ou uma certeza de fé.
É necessário que
repassemos a vida de Cristo, que nos detenhamos nos Seus extraordinários
milagres – garantias fidedignas da autenticidade da Sua vida divina -; que
percorramos a história da Igreja, as maravilhas vividas ao longo dos séculos
por esses homens de Deus que chamamos santos; que constatemos as misericórdias
do Senhor e de Maria, Sua Mãe, estampadas em todas as épocas e em todos os
lugares…
É necessário, em última
instância, que aprofundemos nas verdades da fé, que nos deixemos impregnar por
elas, para adquirir essa segurança e essa certeza que só uma fé inquebrantável
pode comunicar.
É uma pena ver tantos
cristãos vacilantes e indecisos na fé.
Talvez o estudo das
verdades cristãs tenha ficado para eles estacionado num nível primário,
enquanto a personalidade foi amadurecendo e os conhecimentos científicos e
culturais se foram elevando até um nível superior, criando assim, porventura,
um desequilíbrio entre a capacidade intelectual que atingiram e o carácter elementar
da sua formação cristã.
Este fenómeno costuma
provocar o que alguns chamam “dúvidas de fé” e que, na realidade, deveriam
chamar-se dúvidas de ignorância.
A honestidade intelectual
e a coerência de vida exigem um aprofundamento que revigore a fé.
O micróbio da dúvida não
se pode instalar no núcleo das nossas convicções fundamentais.
A fé tem de se tornar inabalável.
E ela, por sua vez,
tornará inabalável a nossa personalidade.
Mas uma fé isolada da vida
não é suficiente.
A fé tem que ser
operativa.
Mais ainda, a fé – como todas
as virtudes – tem de se apoiar numa estrutura humana estável, consistente.
Um princípio fundamental
da teologia católica diz-nos que a graça não destrói a natureza, antes a
aperfeiçoa.
Isto é: Deus não dispensa
o nosso esforço humano, mas complementa-o.
É frequente haver pessoas que
se deixam enganar por um “espiritualismo”, beato.
Pensam: Deus ajudará, não
temos razão para nos inquietarmos; vamos confiar, vamos deixar que a fé actue.
Esquecem-se da sabedoria
do velho ditado cristão: “Ajuda-te e Deus te ajudará, que se fundamenta naquele
princípio teológico enunciado por Santo Agostinho: “Deus que te criou sem ti
não te salvará sem ti».
Não nos esqueçamos que
existe uma profunda diferença entre o verdadeiro abandono à vontade de Deus e o
“quietismo” herético que simplesmente canoniza a apatia e o desleixo.
É certo que muitos
problemas humanos são problemas espirituais.
Quantas situações de
depressão humana são uma falta de sentido espiritual para a vida!
Mas, com a mesma
convicção, diríamos que muitos problemas espirituais são problemas humanos: não
se progride na aquisição das virtudes próprias do cristão simplesmente porque
falta carácter, porque falta empenho, luta verdadeira.
A fé necessita pois, de um
forte hábito operativo, que reclama, por sua vez, uma luta séria, empenhada.
Veremos um possível
roteiro dos principais pontos em torno dos quais se deve travar essa luta.
(Do Livro FORTALEZA (1991)
de Rafael Llano Cifuentes)
(Revisão da versão
portuguesa por AMA)
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