27/01/2019

Leitura espiritual


Fortaleza
 
Os meios

Os meios para conseguir a fortaleza devem encaminhar-se em primeiro lugar para o robustecimento da fé

Não é a mesma coisa ter uma suspeita de fé ou uma certeza de fé.
É necessário que repassemos a vida de Cristo, que nos detenhamos nos Seus extraordinários milagres – garantias fidedignas da autenticidade da Sua vida divina -; que percorramos a história da Igreja, as maravilhas vividas ao longo dos séculos por esses homens de Deus que chamamos santos; que constatemos as misericórdias do Senhor e de Maria, Sua Mãe, estampadas em todas as épocas e em todos os lugares…

É necessário, em última instância, que aprofundemos nas verdades da fé, que nos deixemos impregnar por elas, para adquirir essa segurança e essa certeza que só uma fé inquebrantável pode comunicar.

É uma pena ver tantos cristãos vacilantes e indecisos na fé.
Talvez o estudo das verdades cristãs tenha ficado para eles estacionado num nível primário, enquanto a personalidade foi amadurecendo e os conhecimentos científicos e culturais se foram elevando até um nível superior, criando assim, porventura, um desequilíbrio entre a capacidade intelectual que atingiram e o carácter elementar da sua formação cristã.

Este fenómeno costuma provocar o que alguns chamam “dúvidas de fé” e que, na realidade, deveriam chamar-se dúvidas de ignorância.

A honestidade intelectual e a coerência de vida exigem um aprofundamento que revigore a fé.

O micróbio da dúvida não se pode instalar no núcleo das nossas convicções fundamentais.
A fé tem de se tornar inabalável.
E ela, por sua vez, tornará inabalável a nossa personalidade.

Mas uma fé isolada da vida não é suficiente.
A fé tem que ser operativa.
Mais ainda, a fé – como todas as virtudes – tem de se apoiar numa estrutura humana estável, consistente.

Um princípio fundamental da teologia católica diz-nos que a graça não destrói a natureza, antes a aperfeiçoa.

Isto é: Deus não dispensa o nosso esforço humano, mas complementa-o.

É frequente haver pessoas que se deixam enganar por um “espiritualismo”, beato.
Pensam: Deus ajudará, não temos razão para nos inquietarmos; vamos confiar, vamos deixar que a fé actue.


Esquecem-se da sabedoria do velho ditado cristão: “Ajuda-te e Deus te ajudará, que se fundamenta naquele princípio teológico enunciado por Santo Agostinho: “Deus que te criou sem ti não te salvará sem ti».

Não nos esqueçamos que existe uma profunda diferença entre o verdadeiro abandono à vontade de Deus e o “quietismo” herético que simplesmente canoniza a apatia e o desleixo.

É certo que muitos problemas humanos são problemas espirituais.

Quantas situações de depressão humana são uma falta de sentido espiritual para a vida!

Mas, com a mesma convicção, diríamos que muitos problemas espirituais são problemas humanos: não se progride na aquisição das virtudes próprias do cristão simplesmente porque falta carácter, porque falta empenho, luta verdadeira.

A fé necessita pois, de um forte hábito operativo, que reclama, por sua vez, uma luta séria, empenhada.

Veremos um possível roteiro dos principais pontos em torno dos quais se deve travar essa luta.



(Do Livro FORTALEZA (1991) de Rafael Llano Cifuentes)

(Revisão da versão portuguesa por AMA)





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