Vida de São Francisco de Assis)
ALGUNS
MILAGRES REALIZADOS APÔS A MORTE DE SÃO FRANCISCO
O
PODER DOS ESTIGMAS
CAPÍTULO
II
Alguns
mortos que ressuscitaram
5. Na cidade de Cápua, um
menino que brincava com um grupo de outros às margens do rio Volturno caiu na
água.
A corrente arrastou-o para
baixo imediatamente e enterrou-o no fundo, debaixo da areia e da lama.
As crianças que com ele brincavam
começaram a gritar e logo se ajuntou uma multidão de pessoas em volta.
Humilde e devotamente
invocaram a intercessão de São Francisco para que considerasse favoravelmente a
fé que tinham os pais da criança, seus devotos, e a salvasse da morte.
Então um homem que estava
nadando a certa distância, ouviu as vozes comovidas daquelas pessoas, aproximou-se
delas e perguntou onde havia desaparecido o menino.
Invocou o nome de
Francisco e enfim descobriu o lugar onde o lodo fizera uma espécie de túmulo
para a criança.
Puxou-o para fora e tirou-o
da água, mas para sua tristeza viu que estava morto. Todos podiam ver que ele
estava morto, mas continuavam clamando entre lágrimas: “São Francisco, devolve
o menino vivo a seu pai”.
Inesperadamente, o menino
pôs-se de pé para grande alegria e espanto geral.
Pediu que o levassem à
igreja de São Francisco para agradecer-lhe o grande favor porque por sua força
sabia agora que havia recuperado a vida milagrosamente.
6. Em Sessa, num bairro
chamado Alle Colonne, ruiu uma casa, sepultando nos escombros um jovem que
faleceu no mesmo instante.
O povo que ouvira o ruído
acorreu de toda parte, removeu as vigas e pedras retirando de lá o corpo do
filho morto e entregou-o à sua Mãe. Mas a infeliz suspirava amargamente e
clamava: “São Francisco, São Francisco, devolve-me o filho!”
Os circunstantes junto com
ela rogavam o socorro do santo, mas a vitima não abria a boca nem dava sinal de
vida.
Então depuseram o cadáver
num leito e se prepararam para enterrá-lo no dia seguinte.
Sua Mãe, porém, punha a
sua confiança em Deus e nos méritos do seu santo e prometeu que cobriria o
altar de São Francisco com toalhas novas, se ele restituísse a vida a seu
filho.
Então, por volta de
meia-noite, o jovem começou a bocejar, o corpo foi se aquecendo, ele se
levantou e começou a louvar a Deus.
Deu assim ensejo ao clero
e a todo o povo de louvar a Deus e agradecer a Ele e a São Francisco com toda a
alegria.
7. Um jovem de Ragusa,
chamado Gerlandino, vinha em tempo de vindima para encher seus odres num lagar.
De repente, todo o
madeirame cedeu e desabou. As pesadas pedras caíram por cima dele esmagando-lhe
a cabeça fatalmente.
O pai correu logo, mas,
perdida toda a esperança, nada pôde fazer para socorrê-lo; e deixou-o lá onde
havia caído debaixo daquele peso.
Acudiram pressurosos os
trabalhadores de uma vinha perto, atraídos pelos gritos que ouviram, e,
compadecidos também tal como o pai do rapaz, retiraram o cadáver dentre aquelas
pedras.
Entretanto, o pai,
prostrado aos pés de um crucifixo, lhe pedia instantemente que, pelos méritos
do bem-aventurado Francisco, cuja festa estava próxima, lhe devolvesse vivo o
único filho que tinha; repetia as suas preces, fazia promessas e, não contente
com isso, prometeu visitar com o seu filho o sepulcro do santo se ele voltasse
a viver.
De repente, o jovem cujo
corpo estava todo esmagado se reanimou e voltou à sua perfeita forma física.
Levantou-se diante de
todos, alegremente, e reprovou as lamentações pelar sua morte, dizendo que
havia sido restituído à vida pelas preces de São Francisco.
8. São Francisco também
ressuscitou um homem na Alemanha, como atesta o Papa Gregório numa carta
apostólica dirigida aos Irmãos que haviam acorrido a um CAPÍTULO no tempo em
que o santo teve os seus restos mortais trasladados.
Não incluo o relato aqui
porque o ignoro, julgando que o testemunho do papa vale muito mais do que
qualquer descrição.
CAPÍTULO
III
ALGUNS
QUE SÃO FRANCISCO SALVOU DO PERIGO DA MORTE
1. Vivia perto de Roma um
nobre de nome Rodolfo com a sua mulher, muito devota, os quais receberam certa
vez em sua casa alguns Irmãos menores, não apenas por espírito de hospitalidade,
mas particularmente por seu amor e devoção ao santo.
Naquela mesma noite
descansava no mais alto ponto da torre a sentinela do castelo sobre um monte de
lenha colocado sobre o ressalto do muro, quando se desfez o monte e ele caiu
sobre o telhado do palácio e daí no chão.
Ao ruído, toda a família
despertou e, sabendo da desgraça da sentinela, o senhor do castelo, sua esposa
e os Irmãos acudiram rápidos em seu auxílio.
Mas o infeliz estava com
tanto sono, que não despertou com a dupla queda nem com o clamor de toda aquela
família desconsolada. Acordando, enfim, pelos movimentos dos que o levavam e
moviam de um lado para o outro, começou a queixar-se amargamente de ter sido
privado de seu suave repouso, dizendo que se encontrava dormindo tranquilamente
nos braços de São Francisco.
Mas vindo a saber pelos
circunstantes da sua queda e vendo-se em terra, ele que se achava no mais alto
da torre, ficou muito admirado por não se ter dado conta do que lhe sucedera; e
como prova do seu agradecimento a Deus e a São Francisco, prometeu, em presença
de todos, consagrar-se aos rigores da penitência.
2. Numa pequena aldeia
chamada Pofi, na Campania, um sacerdote chamado Tomás estava consertando o
moinho de propriedade da igreja.
Caminhando incautamente ao
longo do conduto da água, por onde esta se precipitava com grande força,
formando um sorvedouro profundo, caiu de repente e ficou preso entre as pás da
roda que fazia girar o moinho.
Deitado assim com o ventre
para cima, calam-lhe as águas sobre a boca. Não podendo abri-la, invocava com o
coração o nome de Francisco. Muito tempo ficou nessa posição, até que seus
companheiros, que acudiram ao lugar do acidente, desesperaram de poder
salvar-lhe a vida, embora fizessem a roda girar para trás. Com isso conseguiram
livrá-lo daquela espécie de prisão, mas o sacerdote, quase asfixiado,
revolvia-se na corrente das água.
Entretanto, um Irmão menor,
vestido de branca túnica e cingido de uma corda, tomou-o suavemente pelo braço
e, tirando-o para fora da água, lhe disse: “Eu sou Francisco, a quem com tanta
fé invocaste”. Vendo-se livre o sacerdote, admirou-se muito e desejando beijar
as pegadas dos pés de Francisco, corria de um lado para outro, perguntando a
seus companheiros: “Onde está o servo de Deus? Por que lugar andou o santo? Por
que caminho saiu?”
Atemorizados, os companheiros
caíram de joelhos no chão, anunciando as grandes maravilhas do Altíssimo e os
extraordinários méritos de seu servo.
(cont)
São
Boaventura
Revisão
da versão portuguesa por AMA
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