Tanto a queremos proteger de influências exteriores, que a fechamos ao mundo, que a escondemos no nosso dia-a-dia, que fazemos dela uma relação quase exclusiva entre Deus e nós, onde outros não entram.
E, no entanto, a vida cristã é essencialmente comunitária, é Igreja, ou seja, assembleia de fiéis, pois se assim não fosse, como poderíamos dar testemunho cristão, como chamar outros a Deus, na certeza de que Ele se quer servir de nós para essa missão?
A nossa relação com Deus, a nossa vida cristã deve revestir-se da certeza de que Ele está sempre connosco, e assim, deve enformar de tal modo a nossa vida diária, que não devemos temer a influência do mundo, pois na comunhão com Cristo e com os irmãos, reside a nossa força para resistir ao pecado.
O mundo é bom, é belo, é uma criação de Deus e como tal o mal não está no mundo, mas sim naquilo que o homem pecador transforma no mundo, e o afasta de Deus.
A Confissão/Reconciliação é realmente uma relação inteiramente a dois, entre o pecador e Deus/sacerdote, mas é celebrada em Igreja e leva sempre à Eucaristia, à Comunhão de Cristo Sacramentado, e essa Comunhão só se torna completa verdadeiramente, quando se torna também comunhão com os outros, amando-nos uns aos outros como Ele nos ama.
Sim, a nossa vida cristã deve ser um cofre para proteger o tesouro mais sagrado da fé em Deus, mas deve ter como combinação de abertura a oração, a Confissão, a Eucaristia, a Comunhão, combinação essa que nos torna sempre abertos ao mundo, aos outros, precisamente porque estamos abertos a Deus.
Joaquim Mexia Alves
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