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Diz ele:
Já fizeste as tuas orações? Já rezaste o teu rosário?
Digo eu:
Estás muito preocupado com as minhas orações!
Diz ele:
É só para tu veres como essas obrigações são aborrecidas, e ver se percebes que
não precisas delas assim todos os dias.
Digo eu:
Dou-te razão pelo menos em parte, ou seja, as obrigações são aborrecidas.
Diz ele:
Vês, eu não te dizia?
Digo eu:
O problema é que estás enganado. É que as orações, o rosário, não são
obrigações, não são imposições, são amor em diálogo com Deus.
Diz ele:
Sê verdadeiro e não me digas que rezas sempre cheio de amor e que algumas vezes
não tens que te obrigar a rezar?
Digo eu:
Um mentiroso a dizer a outrem para ser verdadeiro, tem graça. Mas sim, é
verdade que algumas vezes tenho que me obrigar a rezar. Mas faço-o com alegria
porque a oração é sempre alimento divino e sem ele não posso viver.
Diz ele:
Olha que Ele, se calhar, não gosta dessas orações “obrigadas”!
Digo eu:
Aí é que te enganas! Dá-lhes o valor imenso de quem não se deixou levar por ti
e não desistiu da oração.
Diz ele:
És um chato! Não se pode falar contigo que interpretas tudo à tua maneira.
Digo eu:
E querias que interpretasse como? À tua maneira? Em tudo tento interpretar não
à minha maneira mas sim à maneira d’Ele e é isso que te incomoda.
Diz ele:
A mim não me incomoda nada! Tu é que tens sempre essas obrigações, porque eu
não tenho nenhuma.
Digo eu:
Já te disse e repito que não são obrigações. E já agora só para te incomodar,
(não és só tu que incomodas), agradeço-te estas conversas porque me fazem estar
mais atento à vontade d’Ele.
Diz ele:
Chega! Vou-me embora!
Digo eu:
Vai, mas infelizmente sei que hás-de voltar! Mas as minhas orações vão-me
preparando para não te dar ouvidos e viver apenas para Ele.
Monte
Real, 28 de Agosto de 2018
Joaquim
Mexia Alves
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