Os teus parentes, os teus colegas, os teus
amigos, vão notando a diferença, e reparam que a tua mudança não é uma mudança
passageira; que já não és o mesmo. Não te preocupes. Para a frente! Cumpre o
"vivit vero in me Christus" – agora é Cristo quem vive em ti! (Sulco, 424)
Qui habitat in adiutorio Altissimi in
protectione Dei coeli commorabitur – Habitar sob a protecção de Deus, viver com Deus: eis a
arriscada segurança do cristão. É necessário convencermo-nos de que Deus nos
ouve, de que está sempre solícito por nós, e assim se encherá de paz o nosso
coração. Mas viver com Deus é indubitavelmente correr um risco, porque o Senhor
não Se contenta compartilhando; quer tudo. E aproximar-se d'Ele um pouco mais
significa estar disposto a uma nova rectificação, a escutar mais atentamente as
suas inspirações, os santos desejos que faz brotar na nossa alma, e a pô-los em
prática.
Desde a nossa primeira decisão consciente de viver integralmente a
doutrina de Cristo, é certo que avançámos muito pelo caminho da fidelidade à
sua Palavra. Mas não é verdade que restam ainda tantas coisas por fazer? Não é
verdade que resta, sobretudo, tanta soberba? É precisa, sem dúvida, uma outra
mudança, uma lealdade maior, uma humildade mais profunda, de modo, que,
diminuindo o nosso egoísmo, cresça em nós Cristo, pois illum oportet crescere, me autem minui, é preciso que Ele cresça e
que eu diminua.
Não é possível deixar-se ficar imóvel. É necessário avançar para a
meta que S. Paulo apontava: não sou eu quem vive; é Cristo que vive em mim. A
ambição é alta e nobilíssima: a identificação com Cristo, a santidade. Mas não
há outro caminho, se se deseja ser coerente com a vida divina que, pelo
Baptismo, Deus fez nascer nas nossas almas. O avanço é o progresso na
santidade; o retrocesso é negar-se ao desenvolvimento normal da vida cristã.
Porque o fogo do amor de Deus precisa de ser alimentado, de aumentar todos os
dias arreigando-se na alma; e o fogo mantém-se vivo queimando novas coisas. Por
isso, se não aumenta, está a caminho de se extinguir. (Cristo que Passa,
58)
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