Questão
60: Dos Sacramentos
Art. 6 — Se para significar
os sacramentos são necessárias palavras.
O
sexto discute-se assim. — Parece que para significar os sacramentos não são
necessárias palavras.
1.
— Pois, diz Agostinho: Que outra coisa,
são os sacramentos corpóreos senão umas como palavras visíveis? E assim
acrescentar palavras às coisas sensíveis, nos sacramentos, é acrescentar
palavras a palavras. Ora, isso é supérfluo. Logo não é necessário que, nos
sacramentos, sejam as palavras acrescentadas às coisas sensíveis.
2.
Demais. — Um sacramento, é uma certa unidade. Ora, de coisas de géneros
diversos não pode resultar nenhuma unidade. Pertencendo, pois, as coisas
sensíveis e as palavras a géneros diversos, porque as coisas sensíveis provêm
da natureza, e as palavras da razão parece que nos sacramentos não é necessário
acrescentar as palavras às coisas sensíveis.
3.
Demais. — Os sacramentos da lei nova sucederam aos da antiga; pois,
desaparecidos aqueles, foram instituidos estes, como ensina Agostinho. Ora, nos
sacramentos da lei antiga não era necessária nenhuma forma de palavras. Logo,
nem nos sacramentos da lei nova o são.
Mas,
em contrário, o Apóstolo: Cristo amou a
Igreja e por ela se entregou a si mesmo, para a santificar purificando-a no
batismo da água pela palavra da vida. E Agostinho diz: Acrescentou-se a palavra ao elemento e nasceu o sacramento.

DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. As coisas visíveis dos sacramentos se chamam
palavras por uma certa semelhança; isto é, enquanto participam de uma certa
virtude significativa, que principalmente está nas palavras mesmo, como se
disse. Por isso não há supérflua duplicação de palavras quando nos sacramentos
o verbo se acrescenta às coisas visíveis; pois, uma dessas realidades é
determinada pela outra.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — Embora as palavras e as outras coisas sensíveis sejam de género diverso,
no concernente à natureza delas, contudo convêm pelo modo de significar, mais
perfeito nas palavras do que nas outras coisas. Por isso, das palavras e das
coisas resulta de certo modo uma unidade nos sacramentos, como da forma e da matéria;
isto é, enquanto que pelas palavras se completa a significação das coisas, como
se disse. Pois, nas palavras também se compreendem os próprios actos sensíveis,
como a ablução, a unção e outros semelhantes; porque têm elas o mesmo modo de
significar que as coisas.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — Como diz Agostinho, uns são
os sacramentos da realidade presente e outros os da futura. Assim, os
sacramentos da lei antiga eram o prenúncio de Cristo que devia vir. Por isso
não significavam a Cristo de modo tão expressivo como os sacramentos da lei
nova, que emanam do próprio Cristo, e encerram em si mesmos uma certa
semelhança, como se disse. — Na vigência da lei antiga, porém usavam de certas
palavras, no atinente ao culto de Deus, tanto os sacerdotes, que eram os
ministros desses sacramentos, segundo a Escritura — Assim abençoareis os filhos de Israel e lhes direis: O Senhor te
abençoe, etc.; como também os que se serviam desses sacramentos, segundo
aquele outro lugar: Confesso hoje diante
do Senhor teu Deus, que, etc.
Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.
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