TEMA 11 Ressurreição, Ascensão e Segunda
vinda de Jesus Cristo
4.
A Exaltação gloriosa de Cristo: «Subiu aos céus e está sentado à direita de
Deus Pai Todo-poderoso»
A Exaltação gloriosa de
Cristo compreende a Ascensão, que sucedeu quarenta dias após a Ressurreição [i], e
a sua entronização gloriosa no Céu, para partilhar, também como homem, da
glória e do poder do Pai e para ser Senhor e Rei da criação.
Quando confessamos no artigo
do Credo que Cristo «está sentado à direita do Pai», referimo-nos com esta
expressão à «glória e honra da divindade, em cujo seio Aquele que, antes de
todos os séculos, existia como Filho de Deus, como Deus e consubstancial ao
Pai, tomou assento corporalmente desde que encarnou e o seu corpo foi
glorificado» [ii].
Com a Ascensão termina a
missão de Cristo, o seu envio entre nós em carne humana para fazer a salvação.
Era necessário que, depois
da Ressurreição, Cristo continuasse a sua presença entre nós, para manifestar a
sua vida nova e completar a formação dos discípulos.
Mas esta presença termina no
dia da Ascensão. No entanto, embora Jesus volte ao céu para o Pai, fica entre
nós de vários modos e, principalmente no modo sacramental, na Sagrada
Eucaristia.
A Ascensão é sinal da nova
situação de Jesus.
Sobe ao trono do Pai para o
partilhar, não só como Filho eterno de Deus, mas também enquanto verdadeiro
homem, vencedor do pecado e da morte.
A glória que tinha recebido
fisicamente com a Ressurreição completa-se agora com a pública entronização nos
céus como Soberano da criação, junto do Pai. Jesus recebe a homenagem e o
louvor dos habitantes do céu.
Posto que Cristo veio ao
mundo para nos redimir do pecado e nos conduzir á perfeita comunhão com Deus, a
Ascensão de Jesus inaugura a entrada da humanidade no céu.
Jesus é a Cabeça
sobrenatural dos homens, como Adão o foi na ordem da natureza.
Como a Cabeça está no céu,
também nós, seus membros, temos a possibilidade real de o alcançar.
Sentado à direita do Pai,
Jesus continua o seu ministério de Mediador universal da salvação.
«Ele é o Senhor que agora
reina com a sua humanidade na glória eterna de Filho de Deus, e sem cessar intercede
por nós junto do Pai. Envia-nos o Seu Espírito e tendo-nos preparado um lugar,
dá-nos a esperança de um dia ir ter com Ele» [iv].
Com efeito, dez dias depois
da Ascensão ao céu, Jesus enviou o Espírito Santo aos discípulos conforme a sua
promessa.
Desde então, Jesus manda
incessantemente aos homens o Espírito Santo, para lhes comunicar o poder
vivificador que Ele possui e reuni-los por meio da sua Igreja para formar o
único povo de Deus.
Depois da Ascensão do Senhor
e da vinda do Espírito Santo no Pentecostes, a Santíssima Virgem Maria foi
levada, em corpo e alma, aos céus, pois convinha que a Mãe de Deus, que tinha
levado Deus no seu seio, não sofresse, à imitação de seu Filho, a corrupção do
sepulcro [v].
A Igreja celebra a festa da
Assunção de Nossa Senhora, no dia 15 de Agosto.
«A Assunção da Santíssima
Virgem é uma singular participação na Ressurreição do seu Filho e uma
antecipação da ressurreição dos outros cristãos» [vi].
A Exaltação gloriosa de
Cristo:
a) Alenta-nos a viver com o
olhar posto na glória do Céu: quae sursum
sunt, quaerite [vii];
recordando que não temos aqui cidade permanente [viii], e
com o desejo de santificar as realidades humanas.
b) Impulsiona-nos a viver
com fé, pois sabemo-nos acompanhados por Jesus Cristo, que nos conhece e ama e
nos dá, sem cessar, a graça do seu Espírito.
Com a força de Deus podemos
realizar o trabalho apostólico que nos encomendou: levá-Lo a todas as almas [ix] e
pô-Lo no cume de todas as actividades humanas [x],
para que o seu Reino seja uma realidade [xi].
Além disso, Ele
acompanha-nos sempre com a sua presença no Sacrário.
5.
A segunda vinda do Senhor: «Há-de vir julgar os vivos os mortos»
Cristo Senhor é Rei do
universo, mas ainda não lhe estão submetidas todas as coisas deste mundo [xii].
Concede tempo aos homens
para provarem o seu amor e fidelidade. No entanto, no final dos tempos, terá
lugar o seu triunfo definitivo e o Senhor aparecerá com “grande poder e
majestade” [xiii].
Cristo não revelou o tempo
nem o momento da sua segunda vinda [xiv],
mas anima-nos a estar sempre vigilantes e adverte-nos que, antes desta segunda
vinda ou parusia, haverá um último ataque do diabo com grandes calamidades e
outros sinais [xv].
O Senhor virá então como
Supremo Juiz Misericordioso para julgar os vivos e os mortos: é o juízo
universal, em que serão revelados os segredos dos corações, bem como a conduta
de cada um com Deus e com o próximo.
Este juízo sancionará a
sentença que cada um recebeu a seguir à morte.
Todo o homem será repleto de
vida ou condenado para a eternidade, segundo as suas obras.
No juízo final, os santos
receberão, publicamente, o prémio merecido pelo bem que fizeram.
Deste modo se restabelecerá
a justiça já que, nesta vida, muitas vezes os que fazem o mal, são louvados e
os que fazem o bem, desprezados ou esquecidos.
«A mensagem do Juízo final é
um apelo à conversão, enquanto Deus dá aos homens “o tempo favorável, o tempo
da salvação” [xvii].
Ela inspira o santo temor de
Deus, empenha na justiça do Reino de Deus e anuncia a “feliz esperança” [xviii] do
regresso do Senhor, que virá “para ser glorificado nos seus santos, e admirado
em todos os que tiverem acreditado” [xix]» [xx].
ANTONIO
DUCAY
Bibliografia básica
- Catecismo da Igreja
Católica, 638-679; 1038-1041.
Leituras recomendadas
- S. João Paulo II, A
Ressurreição de Jesus Cristo, Catequese: 25-I-1989, 1-II-1989, 22II-1989,
1-III-1989, 8-III-1989, 15-III-1989. - S. João Paulo II, A Ascensão de Jesus
Cristo, Catequese: 5-IV-1989, 12-IV-1989, 19-IV89. - São Josemaria, Homilia «A
Ascensão do Senhor aos Céus», em Cristo que Passa, 117126.
Notas
[i] cf. Act 1, 9-10
[ii] São João Damasceno,
De Fide Ortodoxa, 4, 2: PG 94, 1104; cf. Catecismo, 663
[iii] cf. Jo 14, 3
[iv] Compêndio, 132
[v] Cf. Pio XII, Const.
Munificentissimus Deus, 15-VIII-50: DS 3903.
[vi] Catecismo, 966
[vii] Cl 3, 1
[viii] Heb 13, 14
[ix] cf. Mt 28, 19
[x] cf. Jo 12, 32
[xi] cf. 1 Cor 15, 25
[xii] cf. Heb 2, 7; 1 Cor 15, 28
[xiii] cf. Lc 21, 27
[xiv] cf. Act 1, 7
[xv] cf. Mt 24, 20-30; Catecismo, 674-675
[xvi] 1 Cor 15, 28
[xvii] 2 Cor 6, 2
[xviii] Tt 2,13
[xix] 2 Ts 1, 10
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