(…)
São Tiago compara a língua ao leme de um barco, um
pequeno pedaço de madeira que permite dirigir toda a embarcação.
O homem que tem tento na língua controla a sua vida tal
como o marinheiro controla o navio.
Pelo contrário, o homem que fala de mais é um barco à
deriva.
Com efeito, a tagarelice, essa tendência doentia para
exteriorizar todos os tesouros da alma expondo-os a propósito e a despropósito,
é bastante nociva para a vida espiritual.
O seu movimento parte na direcção inversa da vida
espiritual que se interioriza e aprofunda incessantemente para se aproximar de
Deus.
Conduzido para o exterior por uma necessidade de dizer tudo,
o falador fica longe de Deus e de qualquer actividade profunda.
A sua vida passa toda pelos seus lábios e corre em fluxos
de palavras que transportam os frutos dada vez mais pobres do seu pensamento e
da sua alma.
Porque ele já não tem tempo nem vontade para se recolher,
pensar, viver profundamente.
Pela agitação que cria à sua volta, impede os outros no
trabalho e o recolhimento fecundos.
Superficial e vão, o falador é um ser perigoso.
O hábito, tão difundido, de testemunhar em público as
graças divinas concedidas nas profundezas mais secretas do homem, expõe à
superficialidade, à autoavaliação da amizade interior de Deus, e à vaidade.
CARDEAL
ROBERT SARAH
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