A
VOZ DOS SANTOS
«S. Mateus, ao narrar estas
cenas no seu Evangelho, põe constantemente em destaque a fidelidade de José,
que cumpre sem vacilações os mandatos de Deus, embora por vezes o sentido
desses mandatos lhe possa parecer obscuro ou se lhe oculte a sua conexão com o
resto dos planos divinos.
A fé de José não vacila, a
sua obediência é sempre estrita e rápida. Para compreender melhor esta lição
que aqui nos dá o Santo Patriarca, é bom que consideremos que a sua fé é activa
e que a sua obediência não se parece com a obediência de quem se deixa arrastar
pelos acontecimentos. Porque a fé cristã é o que há de mais oposto ao
conformismo ou à falta de actividade e de energia interiores.
José abandonou-se sem
reservas nas mãos de Deus, mas nunca deixou de reflectir sobre os
acontecimentos, e assim recebeu do Senhor a inteligência das obras de Deus, que
é a verdadeira sabedoria.
Deste modo, aprendeu a pouco
e pouco que os planos sobrenaturais têm uma coerência divina, que às vezes está
em contradição com os planos humanos.
Nas diversas circunstâncias
da sua vida, o Patriarca não renuncia a pensar, nem se alheia da sua
responsabilidade. Pelo contrário: põe toda a sua experiência humana ao serviço
da fé. Quando volta do Egipto, ouvindo que Arquelau reinava na Judeia em vez de
seu pai Herodes, temeu ir para lá. Aprendeu a mover-se dentro dos planos
divinos e, como confirmação de que Deus quer o que ele pressentia, recebe a
indicação de se retirar para a Galileia.
Assim foi a fé de S. José:
plena, confiante, íntegra, manifestando-se numa entrega real à vontade de Deus,
numa obediência inteligente. E, com a Fé, a Caridade, o Amor. A sua fé funde-se
com o amor: com o amor de Deus que estava a cumprir as promessas feitas a
Abraão, a Jacob, a Moisés; com o carinho de esposo para com Maria e com o
carinho de pai para com Jesus. Fé e amor na esperança da grande missão que
Deus, servindo-se também dele – um carpinteiro da Galileia – estava a começar
no mundo: a redenção dos homens.»
São
Josemaria (século XX). Cristo que passa, n. 42.
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