A
voz dos santos
«Não nos entristeçamos pela
Sua morte, alegremo-nos, antes, porque receberam o prémio merecido. Quando eles
morreram entre os tormentos, Raquel, ou seja, a Mãe Igreja, acompanhou-os com
luto e lágrimas. Mas a Jerusalém celestial, que é Mãe de todos nós, acolheu
imediatamente com sinais de alegria os que tinham sido audazes na terra e
introduziu-os na glória do Seu Senhor, para que recebessem d’Ele a coroa. Por
este motivo, São João afirma que "estavam diante do trono e diante do
Cordeiro, revestidos com vestes brancas, com palmas nas suas mãos" [i].
Agora, coroados, estão de pé diante do trono de Deus os mesmos que antes
jaziam, esmagados pelos sofrimentos, diante dos tribunais terrenos. Estão na
presença do Cordeiro e não poderão ser excluídos, por motivo algum, da
contemplação da Sua glória, do mesmo modo que aqui em baixo nenhum suplício
pôde apartá-los do amor (...). "Por isso estão diante do trono de Deus e O
servem de dia e de noite no Seu Templo" [ii].
Estar na presença de Deus,
louvá-Lo sem interrupção, não é um serviço custoso, é antes algo muito grato e
desejável; a expressão "de dia e de noite" não significa propriamente
sucessão no tempo, indica antes de modo simbólico a perpetuidade. Nos claustros
de Cristo "já não existirá a noite" [iii],
mas um dia único, mais feliz do que mil dias em qualquer outro lugar. Nesse
dia, Raquel já não chorará pelos seus filhos, pois Deus "enxugará as
lágrimas dos seus olhos" [iv];
mas "há gritos de júbilo e de vitória nas tendas dos justos" [v]».
São
Beda o Venerável (séculos VII-VIII), Homilia sobre os Santos Inocentes 1, 10.
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