A
voz dos santos
«Vimos a sua estrela no
Oriente e viemos adorá-lo. Ao ouvir isto, o Rei Herodes ficou perturbado, e com
ele toda a cidade de Jerusalém [i].
Esta cena continua a repetir-se nos nossos dias. Perante a grandeza de Deus,
perante a decisão – seriamente humana e profundamente cristã – de viver de modo
coerente com a fé, há quem fique desconcertado, e mesmo quem se escandalize,
sem nada entender. Dir-se-ia que não admitem a existência de outra realidade
para além dos seus acanhados horizontes terrenos. Em face das manifestações de
generosidade que observam no comportamento dos que ouviram o chamamento do
Senhor, sorriem com displicência, assustam-se, ou então - em casos que parecem
verdadeiramente patológicos - obstinam-se em pôr obstáculos à santa
determinação tomada por uma consciência com plena liberdade.
Já várias vezes tive
oportunidade de assistir a essa espécie de mobilização geral contra quem se
decide a dedicar toda a sua vida ao serviço de Deus e do próximo. Há pessoas
que estão convencidas que o Senhor não pode escolher quem quer que seja sem
lhes pedir primeiro autorização a eles; e de que o homem não tem inteira
liberdade para aceitar ou recusar o Amor. Para quem pensa desse modo, a vida
sobrenatural de cada alma é algo de secundário; julgam que se lhe deve prestar
atenção, mas só depois de satisfeitos os pequenos comodismos e os egoísmos
humanos (…).
Considerai o caso de
Herodes. É um poderoso da terra e tem oportunidade de recorrer à colaboração
dos sábios: convocando todos os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo,
perguntou-lhes onde havia de nascer o Messias. O poder e a ciência não o levam
ao conhecimento de Deus. Para o seu coração empedernido, o poder e a ciência
são instrumentos da maldade: o desejo inútil de aniquilar Deus, o desprezo pela
vida de um punhado de crianças inocentes».
São
Josemaria (século XX), Cristo que passa, n. 33.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.