A
voz dos Padres
«Herodes teme, os magos
desejam; estes desejam encontrar o Rei, aquele temeu perder o reino. Por
último, todos O procuram: aqueles, para viver por Ele; o outro, porque quer
dar-Lhe a morte; Herodes, para cometer um grande pecado contra Ele; os magos,
para que lhes perdoe todos os seus. Herodes dá morte a muitas crianças com a
intenção de matar um determinado, e enquanto causa tão cruel e sangrenta
matança nas pessoas de tantos inocentes, é ele o primeiro a causar a sua
própria morte com tanta maldade. Entretanto, o nosso Rei, a Palavra que ainda
não fala, enquanto os magos O adoravam as crianças morriam por Ele, ou jazia
deitado ou tomava o peito, e antes de falar encontrava crentes e antes de
padecer fazia também mártires.
Oh crianças ditosas,
recém-nascidas, nunca tentados, nunca forçados a lutar e já coroados! Duvide
que fostes coroados, ao padecer por Cristo, quem pense que de nada serve às
crianças o Baptismo de Cristo. Ainda não tínheis a idade para crer em Cristo,
que havia de sofrer também a Sua paixão, mas tínheis carne em que padecê-la por
Ele, que a sofreria posteriormente. De nenhum modo a graça do Salvador
abandonaria estas crianças, o Menino que tinha vindo buscar o que se tinha
perdido, não só mediante o Seu nascimento, mas também suspenso da cruz. Quem
pôde ter como pregoeiros do seu nascimento os anjos, como proclamadores os céus
e como adoradores os magos, poderia conceder-lhes que não morressem aqui por
Ele, se soubesse que com aquela morte iam perecer e não viver numa felicidade
maior. Longe, longe de nós pensar que, vindo libertar os homens, Cristo não se
preocupasse com a recompensa para aqueles que iam morrer por Ele que, pendente
da cruz, orou inclusivamente pelos seus assassinos».
Santo
Agostinho (séculos IV-V), Sermão 373, 2-3.
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