A
voz do Magistério
«As palavras do velho
Simeão, anunciando a Maria a Sua participação na missão salvífica do Messias,
põem em evidência o papel da mulher no mistério da redenção. Com efeito, Maria
é não só uma pessoa individual, mas também a «filha de Sião», a mulher nova
que, ao lado do Redentor, partilha a Sua paixão e gera no Espírito os filhos de
Deus. Essa realidade é expressa pela imagem popular das «sete espadas» que
trespassam o coração de Maria. Essa representação evidencia o profundo vínculo
que existe entre a mãe, que se identifica com a filha de Sião e com a Igreja, e
o destino de sofrimento do Verbo encarnado.
Ao entregar o Filho, há
pouco recebido de Deus, para O consagrar à Sua missão de salvação, Maria
entrega-se também a si mesma a essa missão. Trata-se de um gesto de
participação interior, que não só é fruto do natural afecto materno, mas
exprime sobretudo o consentimento da mulher nova à obra redentora de Cristo.
Na sua intervenção, Simeão
indica a finalidade do sacrifício de Jesus e do sofrimento de Maria: estes
acontecerão «a fim de se revelarem os pensamentos de muitos corações» [i].
Jesus «sinal de contradição» [ii] que
envolve a mãe no Seu sofrimento, conduzirá os homens a tomar posição
relativamente a Ele, convidando-os a uma decisão fundamental. Ele, com efeito,
«está aqui para queda e ressurgimento de muitos em Israel» [iii].
Maria está, pois, unida ao
Seu divino Filho com vista à obra da salvação. Existe certamente o perigo de
queda para quem rejeita Cristo, mas um efeito maravilhoso da redenção é a
levantar de muitos. Este simples anúncio acende uma grande esperança nos
corações, aos quais já testemunha o fruto do sacrifício.
Pondo sob o olhar da Virgem
estas perspectivas da salvação antes da oferta ritual, Simeão parece sugerir a
Maria que ela cumpra este gesto para contribuir no resgate da humanidade. De
facto, ele não fala com José nem de José: as suas palavras dirigem-se a Maria,
que ele associa ao destino do Filho (…).
A conclusão do episódio da
apresentação de Jesus no templo parece confirmar o significado e o valor da
presença feminina na economia da salvação. O encontro com uma mulher, Ana,
conclui estes momentos singulares, nos quais o Antigo Testamento quase se
entrega ao Novo».
João
Paulo II (séc. XX), Discurso na audiência geral, 8-I-1997
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