A
voz do Magistério
«Maria é a Virgem oferente.
No episódio da apresentação de Jesus no Templo [i], a
Igreja, guiada pelo Espírito Santo, descobriu, para além do cumprimento das
leis respeitantes à oblação do primogénito [ii] e à
purificação da mãe [iii], um
mistério "salvífico" relativo à história da Salvação, precisamente: e
em tal mistério realçou a continuidade da oferta fundamental que o Verbo
encarnado fez ao Pai, ao entrar no mundo [iv];
viu nele proclamada a universalidade da Salvação, porque Simeão, ao saudar no
Menino a luz para iluminar as nações e a glória de Israel [v],
reconhecia n’Ele o Messias, o Salvador de todos; entendeu aí uma referência
profética à Paixão de Cristo: é que as palavras de Simeão, as quais uniam num
único vaticínio o Filho, "sinal de contradição" [vi], e
a Mãe, a quem a espada haveria de trespassar a alma [vii],
verificaram-se no Calvário. Mistério de salvação, portanto, que nos seus vários
aspectos, orienta o episódio da apresentação no Templo para o acontecimento
"salvífico" da Cruz.
Mas a mesma Igreja,
sobretudo a partir dos séculos da Idade Média, entreviu no coração da Virgem
Maria, que leva o Filho a Jerusalém "para o oferecer ao Senhor" [viii],
uma vontade oblativa, que transcendia o sentido ordinário do rito. Dessa
intuição temos um testemunho na afectuosa apóstrofe de São Bernardo:
"Oferece, Virgem santa, o teu Filho e apresenta ao Senhor o fruto bendito
do teu ventre. Sim! Oferece a hóstia santa e agradável a Deus, para
reconciliação de todos nós!" [ix]
Paulo
VI (séc. XX) Exortação apostólica Marialis cultu, 2-II-1974, n. 20
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