A VOZ DOS SANTOS
«Contemplo
agora Jesus, deitado numa manjedoura [i], num lugar que só é próprio para os animais. Onde está,
Senhor, a Tua realeza: o diadema, a espada, o ceptro? Pertencem-Lhe e não os
quer; reina envolto em panos. É um Rei inerme, que se nos apresenta indefeso: é
uma criança. Como não havemos de recordar aquelas palavras do Apóstolo:
aniquilou-se a Si mesmo, tomando a forma de servo [ii]?
Nosso
Senhor encarnou, para nos manifestar a vontade do Pai. E começa a instruir-nos,
estando ainda no berço. Jesus Cristo procura-nos — com uma vocação, que é
vocação para a santidade — para consumarmos com Ele a Redenção. Considerai o
seu primeiro ensinamento: temos de corredimir à custa de triunfar, não sobre o
próximo, mas sobre nós mesmos. Como Cristo, precisamos de aniquilar-nos, de
sentir-nos servidores dos outros para os conduzir a Deus.
Onde
está o nosso Rei? Não será que Jesus deseja reinar, antes de mais, no coração,
no teu coração? Por isso se fez Menino, porque quem não ama uma criança? Onde
está o Rei? Onde está o Cristo, que o Espírito Santo procura formar na nossa
alma? Não pode estar na soberba, que nos separa de Deus, nem na falta de
caridade que nos isola dos homens. Aí não está Cristo, aí o homem fica só.
Aos
pés de Jesus Menino, diante de um Rei que não ostenta sinais exteriores de
realeza, podeis dizer-lhe: Senhor, expulsa a soberba da minha vida, subjuga o
meu amor próprio, esta minha vontade de afirmação pessoal e de imposição da
minha vontade aos outros. Faz com que o fundamento da minha personalidade seja
a identificação contigo».
São
Josemaría Escrivá de Balaguer (século XX). Cristo que passa, n. 31.
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