Vol. 2
LIVRO XV
CAPÍTULO XVIII
Que significam Abel, Set e Enós que parece que se referem a Cristo e ao seu Corpo que é a Igreja.
A Set nasceu um filho a quem pôs o nome de Enós.
Eis como clama o testemunho da verdade. E, pois, na esperança que vive o homem, filho da ressurreição. É na esperança que vive a Cidade de Deus enquanto por cá peregrina, gerada que é da fé na ressurreição de Cristo. Porque estes dois homens — Abel que significa luto e Set, seu irmão, que significa ressurreição — são a figura da morte de Cristo e da sua vida ao sair de entre os mortos. Desta fé nasce cá a Cidade de Deus, isto é, o homem que pôs a sua esperança em invocar o nome do Senhor Deus. Diz o Apostolo:
Pela esperança seremos salvos. Mas esperança do que já se vê não é esperança. Quem é que, realmente, espera o que já se vê? Mas se esperamos no que não vemos, precisamos de
paciência para aguardar [ii].
paciência para aguardar [ii].
Quem não pensará que há aqui um profundo mistério?
Não pôs Abel a sua esperança em invocar o nom e do Senhor Deus, ele cujo sacrifício a Escritura relata que foi tão agradável a Deus? Não pôs Set a sua esperança em invocar o nome do Senhor Deus, ele de quem se disse:
Porquê atribuir então a Enós como próprio o que se vê ser comum a todos os homens piedosos, senão porque aquele que se dá com o primeiro descendente do pai das gerações reservadas para uma melhor parte (isto é, pai da Cidade do Alto) devia prefigurar o homem ou a sociedade dos homens que vivem, não com o ao homem apraz na realidade da felicidade terrestre, mas como apraz a Deus na esperança da felicidade eterna? Não se disse «ele pôs a sua esperança no Senhor Deus», nem «ele invocou o nome do Senhor Deus» — mas sim:
Que quer dizer:
senão a profecia de que viria a nascer um povo que, por eleição da graça, invocaria o nome do Senhor Deus? Isto é — o que foi dito por outro profeta o aplicou o Apóstolo a este povo que pertencia à graça de Deus:
Isto mesmo que foi dito:
e o que se segue:
mostram bem que o homem não deve pôr a esperança em si mesmo. Assim se lê noutra passagem:
Ninguém, portanto, deve pôr a esperança em si mesmo, para ser cidadão da outra cidade — aquela que não se radica neste tempo, na peugada do filho de Caim, isto é, no decurso efémero deste mundo perecível, mas na imortalidade da eterna beatitude.
(cont)
(Revisão da versão portuguesa por ama)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.