A
VOZ DO MAGISTÉRIO
«A definição do dogma da
Imaculada Conceição refere-se de modo directo unicamente ao primeiro instante
da existência de Maria, a partir do qual ficou livre de toda a mancha da culpa
original. O Magistério pontifício quis assim definir só a verdade que tinha
sido objecto de controvérsias ao longo dos séculos: a preservação do pecado
original, sem se preocupar em definir a santidade permanente da Virgem Mãe do
Senhor».
«Essa verdade faz parte do
senso comum do povo cristão, que defende que Maria, livre do pecado original,
foi preservada também de todo o pecado actual e a santidade inicial foi-lhe
concedida para preencher toda a sua existência».
«A Igreja reconheceu constantemente
que Maria foi santa e livre de todo o pecado ou imperfeição moral. O Concílio
de Trento expressa essa convicção afirmando que ninguém “pode na sua vida
inteira evitar todos os pecados, mesmo os veniais, se não for por privilégio
especial de Deus, como a Igreja ensina sobre a bem-aventurada Virgem" [1].
Também o cristão transformado e renovado pela graça tem a possibilidade de
pecar. Com efeito, a graça não preserva de todo o pecado no decurso completo da
vida, salvo se, como afirma o Concílio de Trento, um privilégio especial
assegurar essa imunidade do pecado. E foi isso o que aconteceu em Maria».
«O Concílio tridentino não
quis definir este privilégio, mas declarou que a Igreja o afirma com vigor: tenet, quer dizer, mantém-no com
firmeza. Trata-se de uma opção que, longe de incluir essa verdade entre as
crenças piedosas ou as opiniões de devoção, confirma o seu carácter de doutrina
sólida, bem presente na fé do povo de Deus. Por outro lado, essa convicção
fundamenta-se na graça que o anjo atribui a Maria no momento da Anunciação. Ao
chamá-la "cheia de graça" — kejaritoméne
—, o anjo reconhece n’Ela a mulher dotada de uma perfeição permanente e de uma
plenitude de santidade, sem sombra de culpa nem de imperfeição moral ou
espiritual».
«O privilégio especial que
Deus outorgou à Toda Santa leva-nos a admirar as maravilhas realizadas pela
graça na sua vida. E recorda-nos também que Maria foi sempre toda do Senhor e
que nenhuma imperfeição diminuiu a perfeita harmonia entre Ela e Deus».
«A sua vida terrena,
portanto, caracterizou-se pelo desenvolvimento constante e sublime da fé, da
esperança e da caridade. Por isso, Maria é para os crentes sinal luminoso da
Misericórdia divina e guia seguro para as elevadas metas da perfeição
evangélica e a santidade».
João
Paulo II, Catequese mariana (Discurso na audiência geral, 19-VI-1996).
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