I . O EVANGELHO QUE NOS DÁ A SALVAÇÃO (1,18-11,36)
Capítulo 9
Incredulidade de Israel
1É
verdade o que vou dizer em Cristo; não minto, pois é a minha consciência que,
pelo Espírito Santo, disto me dá testemunho: 2tenho uma grande tristeza e uma
dor contínua no meu coração. 3Desejaria ser amaldiçoado, ser eu próprio
separado de Cristo, pelo bem dos meus irmãos, os da minha raça, segundo a
carne. 4Eles são os israelitas, a quem pertence a adopção filial, a glória, as
alianças, a lei, o culto, as promessas. 5A eles pertencem os patriarcas e é
deles que descende Cristo, segundo a carne. Deus que está acima de todas as
coisas, bendito seja Ele pelos séculos! Ámen.
Eleição dos patriarcas
6Não
é que a palavra de Deus tenha falhado. O que acontece é que nem todos os que
descendem de Israel são Israel, 7como nem todos, por serem descendentes de
Abraão, são seus filhos.
Não:
Só os de Isaac é que serão chamados a ser teus descendentes. 8O que significa
que não são os filhos por via carnal que são filhos de Deus, mas só os filhos
devido à promessa é que são tidos em conta como descendentes. 9É uma promessa,
de facto, o que diz esta palavra: Voltarei
por esta altura, e já Sara terá um filho.
10Não
foi só com ela que isso aconteceu, mas também com Rebeca. Concebeu de um só
homem, o nosso pai Isaac; 11e ainda os filhos não tinham nascido, nem nada de
bom ou de mau tinham feito - para que se mantenha claro que o desígnio de Deus
é da sua livre escolha 12e está dependente, não das obras, mas de Deus que
chama - e já lhe foi dito:
O mais velho será servo do mais novo, 13de
acordo com o que está escrito:
Amei Jacob, mas não Esaú.
Deus é livre na sua misericórdia
14Que
havemos de concluir? Que há injustiça em Deus? De modo nenhum! 15É a Moisés que
Ele o diz:
Usarei de misericórdia com quem me
decido a ser misericordioso, e terei compaixão de quem me quero compadecer.
16Portanto,
isto não depende daquele que quer nem daquele que se esforça por alcançá-lo,
mas de Deus que é misericordioso. 17Assim, diz a Escritura ao Faraó:
Exactamente para isto é que Eu te fiz surgir: para mostrar em ti o meu poder e
para que assim o meu nome seja proclamado em toda a terra. 18Portanto, Deus usa
de misericórdia com quem quer e endurece quem Ele quer.
19Dir-me-ás
então: Nesse caso, de que me pode Ele repreender ainda? Sim, porque quem
poderia resistir à sua vontade? 20Quem és tu, homem, para entrares em
contestação com Deus? Dirá, porventura, o que é moldado àquele que o molda:
«Porque me fizeste assim?» 21Ou não tem o oleiro poder sobre o barro para, da
mesma massa, tanto fazer um vaso de luxo como um de uso vulgar?
22Ora,
se Deus, na intenção de mostrar a sua ira e manifestar o seu poder, suportou
com tanta paciência os vasos da ira, prontos para a perdição, 23e se Ele o fez
também para manifestar a riqueza da sua glória para com os vasos da
misericórdia que de antemão tinha preparado para a glória… 24A estes, que somos
nós, chamou-os não só de entre os judeus, mas também de entre os gentios.
25É
exactamente o que Ele diz no livro de Oseias:
Àquele que não é meu povo, hei-de chamar
meu povo, e minha amada, àquela que não é minha amada.
26Precisamente
no lugar onde lhes tinha sido dito:
«Vós não sois o meu povo», aí serão
chamados filhos do Deus vivo.
27Isaías,
por sua vez, exclama, a respeito de Israel: Ainda
que o número dos filhos de Israel fosse como a areia do mar, só o resto se
salvará; 28pois será de um modo completo e restrito que o Senhor há-de cumprir
a sua palavra sobre a terra.
29É
ainda o que profetizou Isaías:
Se o Senhor dos exércitos não nos
tivesse deixado uma descendência, teríamos ficado como Sodoma, seríamos como
Gomorra.
Israel tropeçou no Evangelho
30Que
diremos, portanto? Que os gentios, que não procuravam a justiça, a alcançaram,
mas, claro, a justiça que vem pela fé; 31Israel, ao contrário, que procurava
uma lei que podia levar à justiça, não atingiu essa lei. 32Por que razão?
Porque não foi pela fé, mas pelas obras, que a procuraram obter. Tropeçaram na
pedra de tropeço, 33conforme o que está escrito:
Reparai que ponho em Sião uma pedra de
tropeço, uma rocha de escândalo, e só quem nela acreditar não ficará frustrado.
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