Art. 3 — Se o corpo de
Cristo se reduziu a cinza, no sepulcro.
O terceiro discute-se assim. — Parece que o
corpo de Cristo se reduziu as cinzas, no sepulcro.
1.
— Pois, assim como a morte foi a pena do pecado dos nossos primeiros pais,
assim a redução às cinzas. Porquanto foi dito ao primeiro homem - Tu és pó e em pó te tornarás, como
refere a Escritura. Ora, Cristo padeceu a morte para nos livrar dela. Logo,
também o seu corpo devia reduzir-se a cinzas, a fim de livrar o nosso dessa
mesma redução.
2.
Demais. — O corpo de Cristo era da mesma natureza que o nosso. Ora o nosso
corpo logo depois da morte, começa a desfazer-se e a entrar em putrefacção;
porque, desaparecido o calor natural, sobrevém o calor estranho, causa da
putrefacção. Logo, parece que o mesmo devia ter-se dado com o corpo de Cristo.
3.
Demais. — Como se disse, Cristo quis ser sepultado, para nos dar a esperança de
ressurgir, mesmo do sepulcro. Logo, também devia ter sofrido a redução a
cinzas, para dar a esperança de ressurgir aos que se acham reduzidos a cinzas,
mesmo depois dessa redução.
Mas,
em contrário, a Escritura: Não permitirás
que o teu santo veja corrupção. O que, Damasceno explica, se refere à corrupção
resultante da redução aos elementos.

DONDE
A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO. — Cristo, não estando sujeito ao pecado, também
não o estava à morte nem a ser reduzido a cinzas. Voluntàriamente, porém,
sofreu a morte pela nossa salvação, pelas razões já apresentadas. Se, porém, o
corpo lhe tivesse sido putrefato ou decomposto, isso teria sido antes em
detrimento da salvação humana; pois então não acreditaríamos no seu poder
divino. Por isso, da sua pessoa diz a Escritura: Que proveito há no meu sangue se desço à corrupção? Como se
dissesse: Se o meu corpo se putrefizer, perder-se-á o proveito do sangue
derramado.
RESPOSTA
À SEGUNDA. — O corpo de Cristo, quanto à condição da natureza passível, foi
putrescível, embora não quanto à causa do merecimento da putrefacção, que é o
pecado. Mas o poder divino preservou o corpo de Cristo da putrefacção, como o
ressuscitou da morte.
RESPOSTA
À TERCEIRA. — Cristo ressurgiu dos mortos pelo seu poder divino, que não é coarctado
por nenhum limite. Por onde, o facto de ter ressurgido do sepulcro era um
argumento suficiente para estabelecer que os homens haveriam de ressuscitar,
por esse poder divino, não só dos sepulcros, mas também de quaisquer cinzas.
Nota: Revisão da versão portuguesa por ama.
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