IV. PAULO PRISIONEIRO
DE CRISTO [i]
Capítulo 22
Discurso de Paulo à
multidão
1«Irmãos e pais, ouvi agora o que tenho a dizer-vos em
minha defesa.» 2Como o ouvissem dirigir-lhes a palavra em língua hebraica,
maior silêncio fizeram. Ele prosseguiu:
3«Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas fui educado
nesta cidade, instruído aos pés de Gamaliel, em todo o rigor da Lei dos nossos
pais e cheio de zelo pelas coisas de Deus, como todos vós sois agora. 4Persegui
de morte esta «Via», algemando e entregando à prisão homens e mulheres, 5como o
podem testemunhar o Sumo Sacerdote e todos os anciãos. Recebi até, da parte
deles, cartas para os irmãos de Damasco, onde ia para prender os que lá se
encontrassem e trazê-los agrilhoados a Jerusalém, a fim de serem castigados.
6Ia a caminho, e já próximo de Damasco, quando, por volta
do meio dia, uma intensa luz, vinda do Céu, me rodeou com a sua claridade. 7Caí
por terra e ouvi uma voz que me dizia: ‘Saulo, Saulo, porque me persegues?’
8Respondi: ‘Quem és Tu, Senhor?’ Ele disse-me, então: ‘Eu sou Jesus de Nazaré,
a quem tu persegues.’ 9Os meus companheiros viram a luz, mas não ouviram a voz
de quem me falava. 10E prossegui: ‘Que hei-de fazer, Senhor?’ O Senhor
respondeu-me: ‘Ergue-te, vai a Damasco, e lá te dirão o que se determinou que
fizesses.’ 11Mas, como eu não via, devido ao brilho daquela luz, fui levado
pela mão dos meus companheiros e cheguei a Damasco.
12Ora um certo Ananias, homem piedoso e cumpridor da Lei,
muito respeitado por todos os judeus da cidade, 13foi procurar-me e disse:
‘Saulo, meu irmão, recupera a vista.’ E, no mesmo instante, comecei a vê-lo.
14Ele prosseguiu: ‘O Deus dos nossos pais predestinou-te para conheceres a sua
vontade, para veres o Justo e para ouvires as palavras da sua boca, 15porque
serás testemunha diante de todos os homens, acerca do que viste e ouviste. 16E
agora, porque esperas? Levanta-te, recebe o baptismo e purifica-te dos teus
pecados, invocando o seu nome.’
17De regresso a Jerusalém, enquanto orava no templo, caí
em êxtase. 18Vi o Senhor e Ele disse-me: ‘Apressa-te e sai rapidamente de
Jerusalém, porque não receberão o teu testemunho a meu respeito.’ 19Eu
respondi: ‘Senhor, eles bem sabem que eu andava pelas sinagogas a meter na
prisão e a açoitar os que acreditavam em ti. 20E, quando foi derramado o sangue
de Estêvão, tua testemunha, também eu estava presente, de acordo com eles, e
tinha à minha guarda as capas dos que lhe davam a morte.’ 21Ele, então,
disse-me: ‘Vai, que te vou enviar lá ao longe, aos pagãos.’»
Paulo declara-se
cidadão romano
22Foram-no ouvindo até esta frase, mas, depois, ergueram
a voz, dizendo: «Elimina da terra semelhante homem! Ele não pode continuar a
viver!» 23Como não deixassem de gritar, de arremessar as capas e de atirar
terra para o ar, 24o tribuno ordenou que ele fosse conduzido para a fortaleza e
o obrigassem a falar, à força de vergastadas, a fim de saber por que motivo
assim gritavam contra ele. 25Mas, quando iam amarrá-lo para ser açoitado, Paulo
disse ao centurião de serviço: «Tendes autoridade para açoitar um cidadão
romano, que nem sequer foi julgado?»
26Ouvindo isto, o centurião correu a avisar o tribuno:
«Que vais fazer? - disse. Esse homem é cidadão romano!» 27O tribuno foi ter com
Paulo e perguntou-lhe: «Diz-me, tu és cidadão romano?» Ele respondeu: «Sou.»
28O tribuno continuou: «Eu adquiri por muito dinheiro esse direito de
cidadania.» Paulo retorquiu: «Pois eu já nasci com esse direito.» 29Os que o
iam interrogar retiraram-se imediatamente e o tribuno ficou cheio de medo, ao
saber que tinha mandado algemar um cidadão romano.
30No dia seguinte, querendo averiguar com imparcialidade
do que era acusado pelos judeus, fê-lo desalgemar, convocou os sumos sacerdotes
e todo o Sinédrio e mandou buscar Paulo, fazendo-o comparecer diante deles.
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