4. Não confiar na força da verdade
Este
demónio é uma variante da pouca confiança em Deus, ainda que seja uma tentação
com características próprias.
A
verdade cristã, exposta por Cristo e transmitida pelo magistério da Igreja,
apresenta desafios doutrinais e morais que hoje vão na contracorrente das
ideologias e dos critérios éticos das culturas dominantes e secularizadas.
Verdades como a vida depois da morte, a confiança na providência amorosa de
Deus, o valor positivo do sofrimento, da cruz ou da austeridade, a necessidade,
às vezes, de crer ou de aceitar sem entender, assim como o valor da castidade
ou da virgindade, da preservação do matrimónio ou da defesa da vida, ainda que
em casos extremos, não são hoje afirmações “populares”. Inclusive para os que creem
nelas, não deixam de ser uma pedra de tropeço quando os afectam pessoalmente.
Ora,
diante disso, todo o apóstolo está exposto à tentação de vacilar, de não
oferecer a verdade de Cristo tal como ela é (ainda com as necessárias
considerações pedagógicas de tempo, oportunidade, etc.), supondo que ela não
vai ser seguida ou aceite, ou que é inconveniente fazê-lo. É desta maneira que
nas diversas formas do apostolado da palavra que se passa por cima de certas
verdades ou se cai na ambiguidade, confiando mais na prudência humana, que não
se confunde com a conveniente pedagogia, do que na força e no poder de
persuasão da própria verdade. Cai-se igualmente nesta tentação na formação de
pessoas, na hora de oferecer um conselho, uma orientação, uma esperança… Em
lugar das exigências e da luz do Evangelho, oferece-se às pessoas mera
experiência humana, conselhos “razoáveis”, privando-as da oportunidade de
conhecerem progressivamente a verdade que nos faz livres.
Confiar
na força do apostolado supõe para o apóstolo ter a convicção de que a verdade
da fé e da moral coincide com a humanização do ser humano e os seus grandes
ideais. É preciso crer que na verdade está o autêntico bem das pessoas e,
portanto, sua única felicidade verdadeira.
Fonte:
prebíteros
(revisão
da versão portuguesa por ama)
Este
texto é um extracto do livro do teólogo chileno segundo
galilea, Tentación y
Discernimiento, Narcea, Madrid 1991, p. 29-67.
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