Ao falarmos de perdão, falamos forçosamente de
ofensa.
Ora a ofensa da nossa parte em relação a Deus,
chama-se pecado, embora hoje em dia a sociedade quase queira banir essa
palavra, atribuindo-lhe uma carga de castigo, de condenação, digamos assim, que
ela afinal não deve ter porque a misericórdia de Deus é infinita e está sempre
ao nosso alcance.
Quando ofendemos alguém, cortamos a nossa relação
com essa pessoa e mais do que isso essa pessoa corta a sua relação connosco.
Quando ofendemos Deus pelo pecado, Deus não corta a
sua relação connosco, pois ama-nos para além das nossas fraquezas, mas nós
cortamos a nossa relação com Deus.
Ora a nossa verdadeira relação com Deus baseia-se
sempre no amor, amor que nos é dado e ensinado por Deus, que nos amou primeiro.
Se pela ofensa/pecado cortamos a nossa relação com
Deus, e a nossa relação com Ele é sempre baseada no amor, significa também que
cortamos a nossa relação com o amor, pois o amor vem-nos de Deus.
Mas assim, se cortamos a nossa relação com Deus,
com o amor, também nos tornamos incapazes de amar o outro verdadeiramente,
porque estamos afastados da fonte do amor: Deus.
Por isso, e por todas as razões que quisermos,
Jesus Cristo insiste sem cessar no discurso do perdão, de como devemos perdoar
constantemente, setenta vezes sete vezes, bem como pedir perdão, para
restabelecer a relação com Deus, com o amor, com os outros.
Por isso também, Jesus Cristo instituiu tão
claramente o Sacramento da Confissão, da Reconciliação, como lemos em Jo 20,
19-23 –
«Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana,
estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo
das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz
esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos
encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz
seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» Em
seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a
quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes,
ficarão retidos.»
(cont)
(joaquim
mexia alves, Conferência
sobre o perdão na Vigararia da Marinha Grande)
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