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Depois desta frase, “perdoar é esquecer”, vem ao
nosso pensamento inevitavelmente uma outra, que é: “perdoar, perdoo, mas não
esqueço!”
Se esta frase fosse aplicada segundo o contexto
anteriormente abordado, até teria todo o sentido, mas a verdade é que esta
frase tem implícita a “falta de perdão”, ou seja, a tentativa de perdoar a
ofensa, mas não perdoar o ofensor.
Porque ela quase poderia ser acrescentada por uma
outra frase carregada de ironia mordaz, do tipo, “se eu lhe puder ser bom”, ou
seja, se eu tiver oportunidade de fazer o ofensor pagar pela ofensa, não
hesitarei em fazê-lo, o que no fundo significa que se exerce uma espécie de
desejo de vingança e como tal, não houve perdão.
Depois temos também outra forma de ver o perdão, o
perdoar, e que significa uma reconciliação com o ofensor, mas uma reconciliação
do tipo de voltar tudo a ser exactamente igual ao que era antes.
Ora o perdão pode existir, o acto de perdoar pode
ser verdadeiro, mas não haver uma reconciliação e muito menos uma reconciliação
ao nível do que era antes.
Claro que este perdão e este ser perdoado,
“recuperando”, digamos assim, a anterior condição da relação entre ofendido e
ofensor, é sempre possível com Deus, como mais uma vez veremos adiante.
(cont)
(joaquim
mexia alves, Conferência
sobre o perdão na Vigararia da Marinha Grande)
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