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Outro aspecto do perdão aos outros é também o facto
de muitas vezes a ofensa não nos ser dirigida a nós especificamente, mas a um
grupo de pessoas em que nos incluímos ou não, mas que de qualquer modo nos
ofende na nossa humanidade, na nossa condição de filhos de Deus.
Temos visto recentemente os cruéis atentados e
execuções públicas por parte dos auto-proclamados islâmicos e outros grupos que
infelizmente por este mundo fora existem.
Aliás, podemos juntar a estes, as atitudes
extremistas de racismo, de ofensas às mulheres e crianças, etc., etc., e até,
nestes últimos dias, um qualquer dito artista espanhol que profanou hóstias
consagradas, expondo-as no chão com a palavra pedofilia, numa atitude que nos
causa a nós católicos uma indignação e revolta profundas.
Em todos estes casos e de uma forma geral, também
nós somos ofendidos na nossa sensibilidade, na nossa humanidade, na nossa
relação com os inocentes e desprotegidos, mesmo que não seja ao pé da nossa
porta, como se costuma dizer.
E como tal, e perante esses factos, também nós
desenvolvemos sentimentos de raiva impotente, até mesmo desejos de vingança, ou
que algo de mal aconteça àqueles que tais actos praticam, esperando quase que
Deus os castigue de forma inabalável.
E para que seja possível essa nossa indignação,
essa nossa revolta, (que não deixa de ser legitima), desumanizamos esses
ofensores, tornamo-los para nós como animais irracionais que, portanto, não
merecem o nosso perdão, nem a nossa compaixão.
E assim torna-se difícil, muito difícil o perdoar,
até mesmo essas ofensas que não nos foram dirigidas pessoalmente, e os
ofensores, mas que afectam o nosso viver comum, o nosso viver moral, e até, o
nosso viver a fé.
(cont)
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