“Faz parte de ser católica aceitar
outros caminhos” e, por isso, quando se colocou a Assunção Cristas a proposta
de seguir o caminho da política, a agora ministra fez o que costuma fazer na
vida: procurar em Jesus Cristo o exemplo e a fonte de discernimento. E não teve
medo das más companhias. “Inspirei-me em Jesus que nunca teve medo de se meter
com gente pouco recomendável”, afirmou a ministra da Agricultura na segunda
sessão das Conversa sobre Deus, na Capela do Rato, em Lisboa.
A conversa, moderada por Maria João
Avillez, começou pela infância da dirigente do CDS, quando “a fé foi
transmitida na ternura dos afectos familiares”. Um tempo em que a avó assumiu
um papel de transmissora de fé e de tradição, em que o que valia era o Menino
Jesus e o Pai Natal só foi aceite como “ajudante”, e a mãe teve sempre como que
um papel de alerta de consciência, com o “hábito de chamar a atenção para a
responsabilidade na aplicação dos talentos” e para a prática da caridade.
Depois, no Colégio do Bom Sucesso,
Assunção Cristas foi evoluindo para a imagem de “um Deus amigo, acolhedor, que
perdoa todos os nossos pecados”.
“Ao longo do tempo e da vida, fui
tendo uma relação diferente com as três pessoas da Santíssima Trindade”, afirmou
a ministra, assumindo que “foi o Espírito Santo o que chegou mais tarde”, já na
adolescência e muito por influência de um professora de Físico-química.
Para Assunção Cristas, Jesus é “um
companheiro de vida, um exemplo e um filtro de acção” e o Espírito Santo é “um
companheiro mais íntimo” a quem pede “muita sabedoria, iluminação e
discernimento”, a quem recorre sempre que fala em público para que lhe dê as
palavras que cheguem ao coração de quem a ouve. “Deus é o Pai, aquele que
desejo, aquele que está à nossa espera e um dia vou poder aninhar-me no colo
d’Ele. Deus alimenta-nos num desejo de chegar a Ele”, continuou a ministra, que
não se imagina sem fé.
Fé como “caminho de felicidade e
alegria"
Claro que tem dúvidas, assumiu
Assunção Cristas perante o auditório, que claro se questiona se tudo isto não
passa de uma ilusão. Não importa, responde: “Se nada disto for verdade, eu sou
muito feliz assim.”
Por isso, e porque acredita e
experimenta que “a fé é, de facto, um caminho de felicidade e de alegria”, o
que mais pede para a sua família é a fé.
Uma fé assim entendida e vivida
interfere nas opções do dia-a-dia e nos dias de grandes opções. Foi assim
quando se colocou a hipótese de entrar para a política, os convites para
integrar o CDS, ser deputada e ser ministra.
“Nós trilhamos uns caminhos, a vida
traz outros e faz parte de ser católica aceitar outros caminhos”, afirmou
Assunção Cristas, que, antes de entrar para a política, apostava na sua
carreira académica e no exercício de advocacia. Tem saudades do silêncio e do
tempo para estudar, investigar, aprofundar conhecimentos, mas também assume que
se sente “muito feliz” na política (e “pode acontecer fazer política a vida
toda”).
Não se assustou com os riscos de mau
nome e más companhias de quem se mete na política porque Jesus também sempre
fez questão de se misturar com todos. E também não se condiciona com os efeitos
que a dedicação à política podem ter no tempo para o marido e os quatro filhos.
“Sinto que estas horas gastas em prol
de todos são mais facilmente justificáveis do que se estivesse a trabalhar só
para mim ou para a minha família”, afirmou Assunção Cristas, a mulher, mãe e
ministra para quem “o que é indesligável é a nossa relação com Deus”.
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