Evangelho, comentário L. Espiritual (A beleza de ser cristão) - A beleza de ser cristão
(Ernesto Juliá), AMA - Comentários ao Evangelho
Jo 13 16-20, Ernesto Juliá Diaz
Padroeiros do blog: SÃO PAULO; SÃO TOMÁS DE AQUINO; SÃO FILIPE DE NÉRI; SÃO JOSEMARIA ESCRIVÁ
30/04/2015
Evangelho, comentário L. Espiritual (A beleza de ser cristão)
Semana IV da Páscoa
Evangelho:
Jo 13 16-20
16 Em verdade, em verdade vos digo: o
servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado é maior do que aquele que
o enviou. 17 Já que compreendeis estas coisas, bem-aventurados sereis se as praticardes.
18 «Não falo de todos vós; sei os que escolhi; porém, é necessário que se
cumpra o que diz a Escritura: “O que come o pão comigo levantará o seu
calcanhar contra mim”. 19 Desde agora vo-lo digo, antes que suceda, para que,
quando suceder, acrediteis que “Eu sou”. 20 Em verdade, em verdade vos digo
que, quem recebe aquele que Eu enviar, a Mim recebe, e quem Me recebe, recebe
Aquele que Me enviou».
Comentário:
Com as mesmas
palavras e termos com que o Pai Se identificou
a Moisés no episódio da sarça ardente, assim
Jesus Se identifica a Si próprio querendo significar de modo iniludível que é
igual ao Pai.
Não há declaração mais definitiva, não podem restar quaisquer dúvidas nos que O escutam com boa vontade e são critério.
(ama,
comentário sobre Jo 13, 16-20 2014-05-15)
Leitura espiritual
a beleza de
ser cristão
PRIMEIRA PARTE
O QUE É SER CRISTÃO?
I.
Relações que Deus estabelece com o homem.
…/16
Deus
falou face a face com Adão no paraíso. Deus Uno e Trino manifesta-se-nos na
terra, no imediatismo da realidade de carne, na Pessoa de Jesus Cristo Deus. Na
nova criação, e para que possamos viver com Ele a nossa realidade de ser
«filhos de Deus”, Deus quer manter essa proximidade com o homem; e uma
proximidade mais íntima que a vivida no Paraíso.
Depois
da Redenção, essa proximidade só se pode dar em Cristo Jesus, pessoalmente, em
e com a Pessoa de Cristo.
As
palavras do Evangelho de São João são muito claras: «Jesus disse em voz alta: O
que crê em Mim, não crê em Mim, mas sim naquele que me enviou. E o que me vê a Mim vê aquele que me enviou”.[i]
Mais
adiante, sublinha, ante a petição de Filipe que lhe mostre o Pai: «Filipe, há
tanto tempo que estou convosco, e não me conheceste? Quem me viu a mim, também,
viu o Pai”.[ii]
Não
poderão ver o Pai os que não tenham contemplado na terra o rosto de Cristo?
Não
poderão conversar com o Pai os que não tenham trocado palavras com Cristo nos
caminhos da terra?
Porquê
esta afirmação tão concreta do Catecismo?
A
resposta é clara: Jesus Cristo institui a Eucaristia; e na Eucaristia, Ele está
sempre presente connosco, para continuara caminhando também connosco, com cada
um de nós, e ajudar-nos a descobrir o Pai. «Na Eucaristia, a glória de Cristo
está encoberta (…).
Todavia, precisamente através do mistério do
seu total ocultamento, Cristo faz-se mistério de luz, graças ao qual, o crente
se vê introduzido nas profundidades da vida divina” [iii].
E
na Eucaristia, Cristo realiza as suas palavras no espírito do crente: «Essa é a
vida eterna: que te conheçam a ti, o único e verdadeiro Deus, e aquele que tu
enviaste, Jesus, o Messias”.[iv]
Na
Eucaristia, o cristão «vê” o rosto de Cristo, troca palavras com o próprio
Cristo.
Desta
forma, considerada a nova vida que Deus Doa aos homens, depois da Encarnação e
da Redenção a Eucaristia é «fonte cume de toda a vida cristão”.[v]
«Os
outros sacramentos, como também todos os ministérios eclesiais e as obras de
apostolado, estão unidos na Eucaristia e a ela se ordenam. A sagrada
Eucaristia, com efeito, contem todo o bem espiritual da Igreja, quer dizer, o
próprio Cristo, nossa Páscoa” [vi].[vii]
Sem
a Eucaristia não seriamos verdadeiramente cristãos.
Na
Eucaristia encontramos e vivemos Cristo; cada um de nós, na individualidade do
seu eu, da sua pessoa, une-se a Deus, conhece a Deus, que, em Cristo se tornou
presente na história dos homens, na história pessoal de cada ser humano.
«A
fé pede-nos que estejamos ante a Eucaristia com a consciência de estar ante o
próprio Cristo.
A
sua presença da precisamente às demais dimensões – de banquete, de memorial da
Páscoa, de antecipação escatológica – um significado que transcende, em muito,
o de um mero simbolismo.
A
Eucaristia é mistério de presença, por meio do qual se realiza de forma suprema
a promessa de Jesus de permanecer connosco até ao fim do mundo” [viii].
Unidos
s Cristo Eucaristia, numa verdadeira união de fé, de esperança, de caridade,
permitimos que o próprio Jesus Cristo nos ajude, viva connosco, a realidade da
nossa criação, a graça.
E,
convertidos à «divindade” enxertada na nossa «humani9dade, podemos,
precisamente vivendo a santa Missa «com Cristo, por Cristo, em Cristo”,
introduzir-nos na missão de Cristo: adorar, reparar, dar graças, pedir graças,
a Deus Pai Omnipotente, na unidade do Espírito Santo.
Assim
o exprime São Josemaria Escrivá: «Viver a Santa Missa é permanecer em oração
contínua; convencermo-nos que, para cada um de nós, este é um encontro pessoal
com Deus: adoramos, louvamos, pedimos, damos graças, reparamos pelos nossos
pecados, purificamo-nos, sentimo-nos uma só coisa com Cristo, com todos os cristãos”
[ix].
Ainda
que normalmente digamos que Cristo está na Eucaristia, podemos dizer com toda a
propriedade que Cristo «é” a Eucaristia, e que e Eucaristia «é” Cristo. Ao
instituir este sacramento, o Senhor exprimiu-se com palavras admiráveis e
inequívocas: «Isto é o meu corpo”; «Este é o meu sangue da Aliança”.
E
o sacerdote ao mostrar a hóstia ao povo, afirma: «Este é o Cordeiro de Deus,
que tira os pedados do mundo”.
Ele
mesmo se fica na Eucaristia. Ele mesmo é a Eucaristia.
E
assim torna possível que o crente, o homem que vive de fé, no processo de se ir
convertendo em «nova criatura”, descubra e saboreie a realidade das palavras:
«sem Mim não podeis fazer nada”, e possa viver «pessoalmente” com Cristo; possa
aprender «pessoalmente”, com Ele, por Ele, nele, o modo de «actuar” o seu «ser”
de nova criatura; para chegar a ser, com Ele, «outro Cristo”, «o próprio
Cristo”, que se une e vive com cada cristão.
Por
razões semelhantes se diz que a Eucaristia «faz a Igreja”.
Sem a Eucaristia, a Igreja, certamente, não
existiria; não teria nenhuma razão de ser.
A
Igreja não seria mais que uma espécie de academia de crenças ou de doutrinas;
nunca seria Templo de Deus, Casa de Deus vivo; o próprio Cristo vivendo na
Terra, o encontro perene de Deus com os homens.
«A
Eucaristia significa e realiza a comunhão de vida com Deus e a unidade do povo
de Deus pelas quais a Igreja é ela própria.
Nela
encontra-se a paz ao mesmo tempo o cume da acção pela qual, Cristo, Deus
santifica o mundo, e do culto que, no Espírito Santo, os homens dão a Cristo e
por Ele, ao Pai”.[x]
A PENITÊNCIA OU
RECONCILIAÇÃO
O
«participar na natureza divina” e o viver com e em Cristo nunca alcançam a
totalidade da conversão plena do crente em «filho de Deus em Cristo”.
A
possibilidade de pecar, de abandonar o processo de conversão, de actuar contra
a Fé, contra a Esperança, contra a Caridade, está sempre presente na vida do
cristão e acompanhá-lo-á até ao fim da sua estadia na terra.
A
vida humana é tempo de liberdade e de busca amorosa da união com Deus, em
liberdade de espírito.
A
«iniciação cristã” que começou a germinar no homem ao receber os sacramentos do
Baptismo, da Confirmação e da Eucaristia pode interromper o seu crescimento com
o ceder do homem ante o pecado.
Na
segunda parte trataremos com detalhe da influência do pecado e da consequência
mais profunda no espírito do homem: o afã de se separar de Deus, de se afastar
de si próprio.
Agora
parece suficiente recordar que a queda no pecado, que em Adão provocou a
expulsão do Paraíso e a perda do estado original, uma vez realizada a Redenção,
não implica que Deus abandone o homem, por muito radical que a separação chegue
a ser por parte do homem: todo o pecado pode ser perdoado.
As
palavras do Senhor a propósito dos pecados contra o Espírito Santo parecem
indicar o contrário: «Todo o pecado e toda a blasfémia serão perdoadas aos
homens, mas a blasfémia contra o Espírito não será perdoada.
E
ao que diga uma palavra contra o Filho do homem perdoar-se-á; mas ao que a diga
contra o Espírito Santo não se lhe perdoará nem neste mundo nem no outro”.[xi]
Estas
palavras, todavia, não querem reduzir o alcance da Redenção que Cristo nos
ganhou.
Significam,
portanto, que quem rejeite o arrependimento, o convite de Cristo à penitência,
não recebe o perdão.
Esta
obstinação no pecado constitui o verdadeiro pecado contra o Espírito Santo.
Deus
não impõe o perdão; perdoa generosamente a quem lho pede.
Além
disso, o «carácter”, esse sinal indelével que o Baptismo e a Confirmação –
acontece igualmente no sacramento da Ordem - deixam na alma, não se apaga ne
sequer ante os maiores pecados contra a fé, contra a esperança, contra a
caridade que o homem possa cometer.
Ao
mesmo tempo esse «sinal indelével” de modo algum tira a liberdade do homem face
a Deus.
O
homem pode sempre rejeitar Deus.
Não
pode impedir, todavia, que Deus o procure, que Deus lhe saia ao caminho.
O
homem pode esquecer-se de Deus; Deus nunca se esquece do homem.
O
sacramento da Penitência confere uma graça particular de purificação e de
arrependimento.
Cristo
institui-o «para os que, depois do Baptismo, tenham caído no pecado grave e
assim tenham perdido a graça baptismal e lesionado a comunhão eclesial.
O
sacramento da Penitência oferece a estes uma nova possibilidade de se
converterem e de recuperar a graça da justificação”.[xii]
Este
perdoar o pecado na alma do homem, e devolver eficácia sobrenatural à amizade
com Deus, torna possível que a eficácia da graça continue actuando na pessoa do
pecador, que Cristo viva na alma.
Entende-se,
então, que o sacramento da Reconciliação – o homem receber o perdão de Deus –
seja também um passo prévio à vinda de Deus, Pai, Filho e Espírito Santo a cada
ser humano, a cada pessoa.
E
também se compreende que a Eucaristia tenha de ser recebida sem pecado mortal,
para que o encontro pessoal com Cristo possa chegar a realizar-se.
Então,
não é estranho que, se alguém comete o sacrilégio de receber em pecado o Corpo
e o Sangue de Cristo, receba a clara admoestação de São Paulo: «Portanto
examine-se cada um a si mesmo e depois coma daquele pão e beba do cálice.
Porque quem o come ou bebe indignamente como e bebe a sua própria condenação”.[xiii]
Com
a penitência do homem pecador, a Reconciliação com Deus torna possível eu o
pecado não se apodere do homem, que o homem não se torne «escravo do pecado”,
que o homem fique em condições de usar a sua liberdade para que o pecado não se
apodere do seu espírito nem nele deite raízes; e para que a graça da «nova
criatura em Cristo Jesus” continue crescendo e desenvolvendo-se nele.
A
«nova criatura” não vive só no espírito.
O
homem é pessoa, corpo, alma, espírito, e, com o transmitir-nos a «participação
na natureza divina” Jesus Cristo quis sublinhar essa unidade do homem
instituindo um sacramento que toca directamente a fragilidade do ser humano.
(cont)
ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)
[i] Jo 12, 44-45
[ii] Jo 14, 9
[iii] são joão paulo II, Mane nobiscum Domine, n. 11.
[iv] Jo 17, 3
[v] Lumen gentium, 11
[vi] Presbiterorum
ordinis, 2
[vii] Catecismo, n. 1324
[viii] são joão paulo II, Mane nobiscum Domine, n. 16.
[ix] Es Cristo que passa, n. 88.
[x] Catecismo n. 1325
[xi] Mt 12, 31
[xii] Catecismo, n. 1446
[xiii] 1 Co 11, 28-29
Sejamos sempre selvaticamente sinceros
Se o demónio mudo – de que nos fala o Evangelho – se meter na
alma, deita tudo a perder. Mas, se o expulsarmos imediatamente, tudo sai bem,
anda-se feliz, tudo corre bem. Propósito firme: "sinceridade
selvagem" na direcção espiritual, com educação delicada..., e que essa
sinceridade seja imediata. (Forja,
127)
Volto a afirmar que todos temos misérias. Isso, porém, não é razão
para nos afastarmos do Amor de Deus. É, sim, estímulo para nos acolhermos a
esse Amor, para nos acolhermos à protecção da bondade divina, como os antigos
guerreiros se metiam dentro da sua armadura. Esse ecce ego, quia vocasti me,
conta comigo porque me chamaste, é a nossa defesa. Não devemos fugir de Deus
quando descobrimos as nossas fraquezas, mas devemos combatê-las, precisamente
porque Deus confia em nós.
Como é que conseguiremos superar estas coisas mesquinhas? Insisto
neste ponto, porque ele se reveste de importância capital: com humildade e
sinceridade na direcção espiritual e no sacramento da Penitência. Ide aos que
vos dirigem espiritualmente, com o coração aberto. Não o fecheis porque, se se
mete o demónio mudo pelo meio, depois é difícil lançá-lo fora.
Perdoai-me a insistência, mas julgo imprescindível que fique gravado
a fogo nas vossas inteligências que a humildade e a sua consequência imediata a
sinceridade, se ligam com os outros meios de luta e fundamentam a eficácia da
vitória. Se a tentação de esconder alguma coisa se infiltra na alma, deita tudo
a perder; se, pelo contrário, é vencida imediatamente, tudo corre bem, somos
felizes e a vida caminha rectamente. Sejamos sempre selvaticamente sinceros,
embora com modos prudentemente educados.
Quero dizer-vos com toda a clareza que me preocupa muito mais a
soberba do que o coração e a carne. Sede humildes! Sempre que estiverdes
convencidos de que tendes toda a razão, é porque não tendes nenhuma. Ide à
direcção espiritual com a alma aberta. Não a fecheis, porque então intromete-se
o demónio mudo e é muito difícil expulsá-lo.
Lembrai-vos do pobre endemoninhado que os discípulos não conseguiram
libertar. Só o Senhor o pôde fazer com oração e jejum. Naquela altura o Mestre
realizou três milagres. O primeiro foi fazê-lo ouvir, porque quando o demónio
mudo nos domina, a alma fica surda; o segundo foi fazê-lo falar; e o terceiro
foi expulsar o diabo. (Amigos
de Deus, nn. 187–188)
Temas para meditar - 433
Reflectindo - 76
Tinha em cima da minha mesa de trabalho
uma folha de papel com um excerto de um texto de São Josemaria. Foi numa altura
de intensa convulsão interior em que as enormes dificuldades económicas
pareciam querer condicionar toda a minha vida e a perspectiva de me manter
lúcido e tranquilo, confiante e com esperança.
“Lança para longe de ti
essa desesperança que te produz o conhecimento da tua miséria. - É verdade:
pelo teu prestígio económico és um zero..., pelo teu prestígio social, outro
zero..., e outro pelas tuas virtudes, e outro pelo teu talento...
Mas, à esquerda desses zeros, está Cristo... E que cifra incomensurável isso dá!”
Um dia a Fernandinha viu esse papel e
insurgiu-se – é o termo – dizendo-me com clareza:
“Não me parece nada correcto! Está bem que
confies em Deus e te entregues com esperança que Ele resolve tudo da melhor
forma mas, tu não és nada disso que aí está escrito, és um bom homem muito
melhor do que imaginas. Não te deixes abater…”
Concluo, agora, que ela tinha razão,
pensar-se um “zero” é, talvez, cómodo e pode levar a dispensar-se de meter
ombros ao que se tem a fazer sem demora: lutar para ultrapassar as
dificuldades!
(ama,
reflexões, 2014.12.02)
Pequena agenda do cristão
Quinta-Feira
(Coisas muito simples, curtas, objectivas)
Propósito:
Participar na Santa Missa.
Senhor, vendo-me tal como sou, nada, absolutamente, tenho esta percepção da grandeza que me está reservada dentro de momentos: Receber o Corpo, o Sangue, a Alma e a Divindade do Rei e Senhor do Universo.
O meu coração palpita de alegria, confiança e amor. Alegria por ser convidado, confiança em que saberei esforçar-me por merecer o convite e amor sem limites pela caridade que me fazes. Aqui me tens, tal como sou e não como gostaria e deveria ser.
Não sou digno, não sou digno, não sou digno! Sei porém, que a uma palavra Tua a minha dignidade de filho e irmão me dará o direito a receber-te tal como Tu mesmo quiseste que fosse. Aqui me tens, Senhor. Convidaste-me e eu vim.
Lembrar-me:
Comunhões espirituais.
Senhor, eu quisera receber-vos com aquela pureza, humildade e devoção com que Vos recebeu Vossa Santíssima Mãe, com o espírito e fervor dos Santos.
Pequeno exame:
Cumpri o propósito que me propus ontem?
29/04/2015
2015.04.29
Evangelho, comentário L. Espiritual (A beleza de ser cristão) - A beleza de ser cristão
(Ernesto Juliá), AMA - Comentários ao Evangelho
Mt 11 25-30, Ernesto Juliá Diaz
Evangelho, comentário L. Espiritual (A beleza de ser cristão)
Semana IV da Páscoa
Santa Catarina de Sena – Doutora de Igreja
Evangelho:
Mt 11 25-30
25
Então Jesus, falando novamente, disse: «Eu Te louvo ó Pai, Senhor do céu e da
terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste
aos pequeninos. 26 Assim é, ó Pai, porque assim foi do Teu agrado. 27
«Todas as coisas Me foram entregues por Meu Pai; e ninguém conhece o Filho
senão o Pai; nem ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o
quiser revelar. 28 O «Vinde a Mim todos os que estais fatigados e
oprimidos, e Eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o Meu jugo, e
aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para
as vossas almas. 30 Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo leve».
Comentário:
São bem conhecidos os que
aceitaram esse Teu suave jugo: são os santos que veneramos, que queremos
imitar.
É bem verdade:
a Tua carga é leve porque
dás a força necessária para a suportar e o Teu jugo é suave porque não sujeita
nem obriga, é antes guia e segurança para o caminho.
(ama, comentário sobre Mt 11, 25-27, 2010.11.02)
Leitura espiritual
a beleza de
ser cristão
PRIMEIRA PARTE
O QUE É SER CRISTÃO?
I.
Relações que Deus estabelece com o homem.
…/15
Já
assinalámos que a única vida que Deus nos impõe é a vida humana, o ser
criaturas. Vida que, ainda que sendo recebida sem opção da nossa parte para não
a aceitar, não deixa de ser um dom divino; origem e fundamento de toda a
grandeza humana.
A
«vida cristã” a realidade de «ser nova criatura”, é também um dom de Deus; e
certamente nos configura como «seus filhos”, não nos deixa indiferentes.
Podemos,
todavia, rejeitá-la, se sendo conscientes da oferta que Deus nos faz, não
desejamos aceitá-la, como é o caso das pessoas não baptizadas na sua infância e
que não aceitam receber o Baptismo tampouco quando já adultos.
E,
além do mais, ainda que tendo recebido o Baptismo na infância, está nas nossas
mãos fazer com que a «participação na natureza divina” que se nos concede, e a
acção da graça em nós que a acompanha, seja eficaz ou inoperante.
Uma
vez recebida a Graça, aceite, e aberto o nosso espírito à sua acção, a
capacidade de ser «filhos de Deus em Cristo” o corpo e as potências do homem
abrem-se à santidade, à união com Deus, como filhos adoptivos, e deitam raízes
e desenvolvem-se em cada cristão; na liberdade de cada cristão, qe se manifesta
expressamente no desejo de amar a Deus e na decidida rejeição do pecado.
São
Paulo exprime-o com estas palavras: «Todos os que são guiados pelo Espírito de
Deus são filhos de Deus.
Pois
não recebestes um espírito de escravos para recair no temor; antes recebeste um
espírito de filhos adoptivos, que nos faz clamar: Abbá, Pai!
O
próprio Espírito se une ao nosso espírito para dar testemunho de que somos
filhos de Deus. E, seus filhos, também, herdeiros; herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo, já que sofremos com Ele, para ser também glorificados
com Ele”.[i]
A CONFIRMAÇÃO
O
nosso ser criatura tem consigo uma capacidade para desenvolver as potências e
as qualidades que cada um de nós tem como seres humanos.
O
nosso «eu”, esse núcleo vital de cada ser humano que é a «pessoa”, encarrega-se
de pôr em marcha a nossa «riqueza humana”.
Como
poderemos desenvolver a «riqueza sobrenatural” que recebemos no Baptismo e
chegar a viver como verdadeiros filhos de Deus em Cristo, «participando da
natureza divina”?
Este
é o principal trabalho do segundo sacramento da iniciação cristã: a Confirmação.
«O
efeito do sacramento da Confirmação é a efusão especial do Espírito Santo, como
foi concedida num outro tempo aos Apóstolos no dia de Pentecostes”.[ii]
O
Senhor ao despedir-se dos Apóstolos, prometeu-lhes a chegada do Espírito Santo
e anunciou-lhes a obra que o Paráclito levaria a cabo na alma de cada um deles
e no espírito de todos os crentes, através dos séculos.
Manifestar
a existência do Espírito Santo e prometer o seu envio aos homens, começando
pelos Apóstolos, foi como que o encerrar definitivo da sua Revelação.
O
anúncio de Jesus Cristo consta de duas fases: «O Paráclito. O Espírito Santo,
que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará e recordará quanto vos disse.[iii]
Pouco
depois, O Senhor afirma: «O Espírito da verdade vos guiará até à verdade completa,
pois não falará por sua conta, mas sim pelo que oiça e vos ensinará o que há-de
vir… Receberá do que é meu e vo-lo comunicará”.[iv]
O
Espírito Santo, ao ensinar-nos e dar-nos a Verdade, o próprio Cristo, e ao
enxertar-nos nele, permite-nos viver com Cristo e, vivendo com Cristo, com a
Pessoa de Cristo, torna possível que cada um de nós esteja em condições de
desenvolver as potencialidades sobrenaturais recebidas na «participação da
natureza divina”, no Baptismo.
A
Confirmação leva a cabo definitivamente a consolidação de cada pessoa na sua
nova vida cristã, em Deus, tanto no plano do «ser” com o no do «actuar”.
Esta
acção fica expressa nestas palavras: «A Confirmação imprime na alma uma marca
espiritual indelével, o «carácter”,
que é o sinal que Jesus Cristo marcou o cristão com o selo do seu Espírito
revestindo-o com a força do alto para que seja sua testemunha”.[v]
Os
efeitos da Confirmação promovem o crescimento da «nova criatura em Cristo”, que
cada cristão é.
Esta
acção do Sacramento ocorre seguindo um duplo canal: desenvolvendo a graça
baptismal, que introduz mais profundamente o cristão na filiação divina; e
aperfeiçoando o sacerdócio comum dos fieis – que mais adiante consideramos -,
que dá o poder de confessar publicamente a fé de Cristo, e como que em virtude
de um cargo.[vi]
A
acção do Espírito Santo não se reflecte, portanto, na consciência de ser «nova
criatura”, que o cristão vai adquirindo, consciência que o leva a saber-se, e a
ser, «filho de Deus”, capaz de clamar «Abbá, Pai”.
Toda
esta consolidação da consciência da filiação divina é obra da acção dos dons do
Espírito Santo, que actuam no baptizado desde o primeiro instante da sua vida
cristã, como veremos oportunamente.
A
acção do Espírito Santo, que, em primeiro lugar, fortalece o interior da pessoa
do crente reflecte-se para o exterior, na condição social do homem e nas suas
acuações públicas, concedem-lhe uma força especial para difundir e defender a
fé mediante a palavra e as obras «como verdadeiras testemunhas de Cristo”, para
confessar com valentia o o nome de Cristo e para jamais sentir vergonha da
cruz”.[vii]
A
Confirmação, portanto, sublinha com clareza a dignidade a que foram chamados os
cristãos: a viver com Deus e em Deus, sendo filhos de Deus; e manifestando a
grandeza deste viver em Cristo com as suas obras e com as suas acções, porque
também estão chamados a ser testemunhas vivas da vida – no céu e na terra – de
Cristo morto e ressuscitado.
Testemunhas,
portanto, não só da permanência e estada de Cristo no tempo e no agora da vida
dos homens, mas também do viver de Cristo na eternidade do Céu.
Viver
com Cristo, guiados pelo Espírito Santo e participando da natureza divina,
comporta uma plenitude de vida, uma riqueza de espirito, que logicamente se
traduz em testemunho da vida de Cristo entre nós, no meio das mais variadas
situações do viver.
A
vida do cristão confirmado tende a converter-se num testemunho real do viver de
Cristo.
Porque
esta vida em Cristo é também «vida de Cristo em nós”, e não só é o Espírito
Santo que clama dentro de nós «Abbá, Pai”; é também Cristo que nos une ao seu
sacerdócio e nos faz viver, a todos os fiéis cristãos, membros da Igreja, o seu
próprio sacerdócio de oferecimento, de intercessão, de reparação, de acção de
graças a Deus Pai.
Na
verdade podemos dizer que a acção Espírito Santo que recebemos na Confirmação
nos une firmemente e Cristo, os ajuda a identificarmo-nos com Ele, a fazer com
que o próprio Cristo cresça em nós no espírito.
Um
crescimento que contem uma certa analogia – guardadas, logicamente todas as
distâncias – com o crescimento de Cristo em Maria, na carne de Maria.
Quando
considerarmos os dons do Espírito Santo e os seus Frutos no nosso eu,
sublinharemos a realidade da conversão do cristão no próprio Cristo, que torna
possível desenvolver a capacidade de entender e de actuar para dirigir todo o
bem, «ao bem dos que amamos a Deus”.
IX. OS SACRAMENTOS
(II)
A EUCARISTIA
O
terceiro sacramento da iniciação cristã é a Eucaristia.
«A
Sagrada Eucaristia culmina a iniciação cristã.
Os
que foram elevados à dignidade do sacerdócio rela pelo Baptismo e mais
profundamente configurados com Cristo pela Confirmação, participam, por meio da
Eucaristia, com toda a comunidade no próprio sacrifício do Senhor”.[viii]
Que
significado pode ter esse «culminar a iniciação cristã”?
Acaso falta alguma qualidade ao Baptismo na
sua missão de converter o cristão em nova criatura, em filho de Deus em Cristo?
Acaso a Confirmação não comunica o Espírito
Santo ao fiel cristão, que vai tornar possível que Cristo nasça nele, entenda o
que Cristo lhe ensinou e seja testemunha de Cristo com e na sua vida?
Já
assinalámos que os mistério da graça afecta pessoalmente o homem em todos os
planos do seu viver: o do «ser” e o do «actuar”.
O Baptismo realiza a sua missão de introduzir
no espírito do baptizado a «participação na natureza divina”: esse é o plano do
«ser” em que fica constituído o nosso ser «nova criatura”.
A
Confirmação dá ao homem a capacidade de entender, no Espírito Santo, o sentido
dessa «nova natureza”, dom de Deus Pai.
O
homem compreende assim o sentido da sua vida, da sua existência como «nova
criatura”, e já está em condições de levara a cabo o novo viver, que o Baptismo
implica; de «actuar” verdadeiramente como cristão.
Na
Eucaristia, o cristão vive, além de uma «participação na natureza divina”,
enquanto «natureza”, um encontro pessoal com Deus, na Pessoa de Cristo.
(cont)
ernesto juliá, La belleza de ser cristiano, trad. ama)
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