Art.
4 — Se Cristo devia ter assumido todas as misérias corporais dos homens.
O quarto discute-se assim. — Parece
que Cristo devia ter assumido todas as misérias corporais dos homens.
1. — Pois, diz Damasceno: O na assumível é incurável. Ora, Cristo veio
curar todos os nossos males. Logo, devia assumir todas as nossas misérias.
2. Demais. — Foi dito que, para Cristo
satisfazer por nós, devia ter os hábitos perfectivos da alma e as deficiências
do corpo. Ora, a alma de Cristo assumiu a plenitude de todas as graças. Logo, o
seu corpo devia assumir todas as misérias.
3. Demais. — Dentre todas as misérias
do corpo a principal é a morte. Ora, Cristo sofreu a morte. Logo, com maior
razão, devia ter assumido todas as outras misérias.
Mas, em contrário, não pode um mesmo
sujeito ser sede de causas opostas. Ora, algumas fraquezas são opostas entre
si, como causadas de princípios contrários. Logo, Cristo não podia ter assumido
todas as enfermidades humanas.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— Todas as misérias particulares dos homens são causadas pela corruptibilidade
e pela passibilidade do corpo, com a colaboração de algumas causas particulares.
Donde, quando Cristo sanou a passibilidade e a corruptibilidade do nosso corpo,
por as ter assumido, sanou por consequência todos os outros defeitos.
RESPOSTA À SEGUNDA. — A plenitude de
toda graça e ciência da alma de Cristo era, em si mesma, a esta devida, por
isso mesmo que foi assumida pelo Verbo de Deus. Mas, as nossas misérias ele assumiu-as
por condescendência, para satisfazer pelos nossos pecados, e não porque em si
mesmo devesse assumi-las. Por isso não devia assumi-las todas, mas só aquelas
que bastavam para satisfazer pelo pecado de todo o género humano.
RESPOSTA À TERCEIRA. — A morte fere
todos os homens em virtude do pecado dos nossos primeiros pais, não porém algumas
outras misérias, embora sejam menores que a morte. Donde a comparação não
colhe.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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