O Papa Francisco disse esta
segunda-feira que a Igreja Católica propõe uma “paternidade responsável”, com
recurso aos “meios lícitos”, os métodos naturais de planeamento familiar.
“Alguns pensam que - desculpem a
expressão - para ser bons católicos é preciso ser como os coelhos, não é? Não.
Paternidade responsável: isso é claro e por isso há na Igreja grupos de casais,
peritos nesta matéria”, declarou, no voo entre Manila e Roma, em conferência de
imprensa.
Francisco mostrou-se preocupado com a
quebra demográfica e sublinhou o trabalho feito pela Igreja Católica para
travar o que denominou como “neomalthusianismo”, que “procurava um controlo da
humanidade por parte das grandes potências”.
Neste sentido, referiu que para as
pessoas mais pobres “um filho é um tesouro” e que “Deus sabe como ajudá-las”.
“Paternidade responsável, mas olhando
também para a generosidade do pai e da mãe que vê em cada filho um tesouro”,
prosseguiu.
Durante a viagem às Filipinas, o Papa
evocou a "coragem" do Beato Paulo VI, autor da encíclica 'Humanae
Vitae' (1968), sobre a regulação da natalidade, que rejeitava a contraceção
artificial, "para defender a abertura à vida na família" e contrariar
a "ameaça da destruição da família pela privação dos filhos".
No voo de regresso a Roma, Francisco
sublinhou que a posição de Paulo VI rejeitava este “neomalthusianismo
universal”, de controlo da população, que levou à crise demográfica em vários
países ocidentais.
“Paulo VI não era um antiquado, alguém
fechado. Não, foi um profeta que nos disse: tenham cuidado com o
neomalthusianismo que está a chegar”, precisou.
O Papa recordou que, na Igreja
Católica, a “abertura à vida” é condição para o Matrimónio, pelo que se um dos
cônjuges se tiver casado com a intenção de não ter filhos, o sacramento é nulo.
“Isto não significa que os cristãos
devem fazer filhos em série”, insistiu.
A conferência de imprensa, de quase
uma hora, retomou ainda a questão da “colonização ideológica” sobre a família
nos países mais pobres, denunciada em Manila.
Francisco deu como exemplo um caso que
viveu em 1995, quando um ministro propôs como moeda de troca para as obras de
melhoramentos nas escolas a introdução de um livro que ensinava a ideologia de
género.
“Esta é a colonização ideológica:
chegam junto de uma população com uma ideia que não tem nada a ver com o povo”,
advertiu, e “colonizam o povo com uma ideia que muda ou quer mudar uma
mentalidade”.
Segundo o Papa, isto é algo semelhante
ao que fizeram “as ditaduras do último século”.
“Os povos não devem perder a sua
liberdade. Cada povo tem a sua cultura, a sua história”, sublinhou.
OC
Lisboa,
20 Jan 2015 (Ecclesia)
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