Art.
4 — Se Cristo, enquanto homem, é a cabeça dos anjos.
O quarto discute-se assim. — Parece
que Cristo, enquanto homem, não é a cabeça dos anjos.
1. — Pois, a cabeça e os membros são
da mesma natureza. Ora, Cristo, enquanto homem, não tem a mesma natureza dos
anjos, mas a dos homens, porque, como diz o Apóstolo, ele em nenhum lugar tomou
aos anjos, mas tomou a descendência de Abraão, Logo, Cristo, enquanto homem,
não é a cabeça dos anjos.
2. Demais. — Cristo é a cabeça dos que
pertencem à Igreja, que é o seu corpo, como diz o Apóstolo. Ora, os anjos não
pertencem à Igreja, pois, esta é a congregação dos fiéis, ora, não há fé nos
anjos, que não andam por fé, mas, por visão, do contrário, andariam ausentes do
Senhor, como argumenta o Apóstolo. Logo, Cristo, enquanto homem, não é a cabeça
dos anjos.
3. Demais. — Agostinho diz, que assim
como o Verbo que estava no princípio junto de Deus, vivifica as almas, assim o
Verbo feito carne vivifica os corpos, que os anjos não têm. Ora, o Verbo feito
carne é Cristo enquanto homem. Logo, Cristo, enquanto homem, não influi a vida
nos anjos. E portanto, enquanto homem, não é a cabeça dos anjos.
Mas, em contrário, o Apóstolo diz: Ele
que é a cabeça de todos os Principados e Potestades. E o mesmo se dá com os
anjos das outras ordens. Logo, Cristo é a cabeça dos anjos.

DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— A influência de Cristo sobre os homens exerce-se principalmente quanto às
almas, pelas quais os homens convêm com os anjos na natureza genérica, embora
não na natureza específica. E em razão dessa conformidade, Cristo pode ser
considerado cabeça dos anjos, embora falte a conformidade quanto ao corpo.
RESPOSTA À SEGUNDA. — A Igreja, neste
mundo, é a congregação dos fiéis, mas, na pátria, é dos que gozam da visão
beatífica. Ora, Cristo, ao mesmo tempo que vivia esta vida mortal gozava da
visão beatífica. Donde, é a cabeça não somente dos fiéis mas também dos que
gozam da glória, por ter plenissimamente a graça e a glória.
RESPOSTA À TERCEIRA. — Agostinho, no
lugar aduzido, fala fundado numa certa assimilação de causa a efeito, isto é,
enquanto os corpos agem sobre os corpos e os espíritos, sobre os espíritos.
Contudo, a humanidade de Cristo, em
virtude da natureza espiritual, isto é, divina, pode causar efeitos, não só nos
espíritos dos homens, mas também nos dos anjos, pela conjunção máxima dele com
Deus, isto é, por causa da união pessoal.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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