Art.
4 — Se uma Pessoa pode assumir a natureza criada, sem a assumir outra.
O quarto discute-se assim. — Parece
que uma Pessoa não pode assumir a natureza, sem a assumir outra.
1. — Pois, as obras da Trindade são
indivisas, como diz Agostinho. Ora, como a essência das três Pessoas é só uma,
assim também uma só a operação. Ora, assumir é uma determinada operação. Logo,
não pode convir a uma Pessoa divina sem que o convenha a outra.
2. Demais. — Assim como falamos da
pessoa incarnada do Filho, assim, da natureza: pois, toda a natureza divina se
encarnou numa das suas hipóstases, como diz Damasceno. Ora, a natureza é comum
às três Pessoas. Logo, também a assunção.
3. Demais. — Assim como a natureza
humana em Cristo foi assumida por Deus, assim também pela graça, os homens são
assumidos por ele, segundo o Apóstolo: Deus o recebeu por seu. Ora, esta
assunção pertence comumente a todas as Pessoas. Logo, também a primeira.
Mas, em contrário, Dionísio diz que o
mistério da Encarnação pertence à teologia descritiva, pela qual se introduz a
distinção das Pessoas divinas.
Como dissemos, a assunção
implica duas coisas: o acto de quem assume e o termo da assunção. Ora, o acto
de quem assume procede da virtude divina, comum às três Pessoas, mas o termo da
assunção é a pessoa, como se disse. Logo, o que implica uma acção, na assunção,
é comum às três Pessoas, mas o que implica a ideia de termo convém de modo a
uma Pessoa, que não convém às outras. Pois, as três Pessoas fizeram com que a
natureza humana se unisse à Pessoa do Filho.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
— A objecção colhe quanto à operação. E a conclusão seria consequente se
importasse só essa operação sem o termo, que é a Pessoa.
RESPOSTA À SEGUNDA. — Dizemos que a
natureza se encarnou e que assumiu, em razão da Pessoa na qual se terminou a
união, como se disse, não porém enquanto comum às três Pessoas, Pois dizemos
que toda a natureza divina se encarnou, não por se ter encarnado em todas as
Pessoas, mas por não faltar nenhuma das perfeições divinas à natureza da Pessoa
encarnada.
RESPOSTA À TERCEIRA. — A assunção
feita pela graça da adopção termina numa determinada participação da natureza
divina, por assimilação com a bondade dela, conforme a Escritura. Para que
sejais feitos participantes, etc. E essa assunção é comum às três Pessoas,
tanto quanto ao princípio, como ao termo. Mas, a assunção feita pela graça da
união é comum quanto ao princípio, mas não quanto ao termo, como se disse.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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