Em seguida devemos tratar da causa da graça.
E Nesta questão discutem-se cinco
artigos:
Art. 1 – Se só Deus é a causa da
graça.
Art. 2 – Se, da parte do homem, é
necessária alguma preparação ou disposição para a graça.
Art. 3 – Se é necessariamente dada a
graça a quem para ela se prepara, ou faz tudo quanto pode.
Art. 4 – Se a graça é maior em um que
em outro.
Art. 5 – Se o homem pode saber que tem
a graça.
Art.
1 – Se só Deus é a causa da graça.
(III, q. 62, a. 1, q. 64, a. 1, I
Sent., dist. XIV, part, q. 3, dist. XL, q.4, 2, ad 3, II, dist. V, q. 1, a.3,
qª 1, DeVerit., q. 27, a. 3, Ad Rom., cap. V, lect. I).
O primeiro discute-se assim. – Parece
que não é só Deus a causa da graça.
1. – Pois, diz a Escritura: a graça e a verdade foi trazida por Jesus
Cristo. Ora, o nome de Jesus Cristo designa não só a natureza divina unida
à humana, mas também essa natureza humana criada e assumida por Deus. Logo,
alguma criatura pode ser causa da graça.
2. Demais. – Os sacramentos da lei
nova e os da antiga diferem em aqueles causarem a graça, e estes somente a
significarem. Ora, os sacramentos da lei nova são elementos visíveis. Logo, nem
só Deus é a causa da graça.
3. Demais. – Segundo Dionísio, os anjos
purificam, iluminam e aperfeiçoam, tanto os anjos inferiores, como os homens.
Ora, a criatura racional é purificada, iluminada e aperfeiçoada pela graça.
Logo, não é só Deus a causa da graça.
Mas, em contrário, diz a Escritura: O Senhor dará a graça e a glória.
Nenhum ser pode agir fora
dos limites da sua espécie, pois a causa há-de ser sempre superior ao efeito.
Ora, o dom da graça excede as faculdades de toda natureza criada, pois a graça
não é senão uma participação da natureza divina, que sobrepuja qualquer outra
natureza. Por onde, é impossível qualquer criatura causar a graça. E portanto e
necessariamente, só Deus pode deificar, comunicando o consórcio da sua
natureza, por uma participação de semelhança, assim como só o fogo pode dar a
um corpo o estado de combustão.
DONDE A RESPOSTA À PRIMEIRA OBJECÇÃO.
– A humanidade de Cristo é um como instrumento da sua divindade, na expressão
de Damasceno. Ora, um instrumento não realiza a ação do agente principal, por
virtude própria, mas em virtude daquele. Donde, a humanidade de Cristo não
causa a graça por virtude própria, mas em virtude da divindade adjunta, que
torna salutares as obras dessa humanidade.
RESPOSTA À SEGUNDA. – Assim como na
pessoa mesma de Cristo a humanidade causa a nossa salvação pela graça, mas sob
a acção principal da virtude divina, assim também os sacramentos da lei nova,
derivados de Cristo, causam a graça instrumental, mas é a virtude do Espírito
Santo, operando neles, que a causa principalmente, conforme a Escritura: Quem não renascer da água e do Espírito
Santo não pode entrar no reino de Deus.
RESPOSTA À TERCEIRA. – O anjo
purifica, ilumina e aperfeiçoa outro anjo ou o homem, instruindo-o, de certo
modo, não porém justificando, pela graça. Por isso, Dionísio diz, que essa purificação, iluminação e perfeição não
passam de uma recepção da ciência divina.
Nota:
Revisão da versão portuguesa por ama.
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