10/06/2014

Oh, vem Espírito Santo!

Em frente do sacrário, coloco-me de joelhos, junto as mãos, baixo a cabeça, fecho os olhos e penso: Que vou eu dizer a Deus?
Deixo-me estar assim durante um tempo e … nada!
O cérebro não me dá uma ideia, uma frase, um pensamento, nada, rigorosamente nada!
Em silêncio, penso como é possível não ter nada para dizer a Deus.
Algo dentro de mim me diz para começar tudo de novo, ou seja, não me preocupar tanto com a pose em que estou, abandonar-me ao momento, não procurar pensamentos mais ou menos profundos, deixar que o coração fale as palavras que dele querem brotar.

Mansamente, serenamente, os meus lábios abrem-se e de dentro do coração surgem as primeiras palavras: Oh Jesus, eu amo-te!

Parece que se abriu a comporta de um rio e a frase torna-se repetitiva, quase um respirar, compassado, sincopado, repetindo: Oh Jesus, eu amo-te!

À minha volta deixam de estar coisas, deixa de se perceber qualquer movimento, tudo parece concentrar-se agora, apenas e só nesta frase: Oh Jesus, eu amo-te!

Sinto-me envolvido numa imensa paz, abandonado ao cântico mais suave, despojado de tudo, até de mim mesmo, e repito sem cessar: Oh Jesus, eu amo-te!

De dentro de mim vem essa certeza inabalável que me diz ao coração, a todo o meu ser: Que precisas tu de dizer mais a Deus, se não, oh Jesus, eu amo-te!

Parece que uma brisa suave, um tépido calor, um esvoaçar de asas de pomba, um silêncio envolvente, um abraço de amor, me enche e preenche tanto, que eu apenas abro o coração e a boca, e clamo: Obrigado, Espírito Santo!


Marinha Grande, 7 de Junho de 2014
Joaquim Mexia Alves
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