Em frente do sacrário, coloco-me de joelhos,
junto as mãos, baixo a cabeça, fecho os olhos e penso: Que vou eu dizer a Deus?
Deixo-me estar assim durante um tempo e … nada!
O cérebro não me dá uma ideia, uma frase, um
pensamento, nada, rigorosamente nada!
Em silêncio, penso como é possível não ter nada
para dizer a Deus.
Algo dentro de mim me diz para começar tudo de
novo, ou seja, não me preocupar tanto com a pose em que estou, abandonar-me ao
momento, não procurar pensamentos mais ou menos profundos, deixar que o coração
fale as palavras que dele querem brotar.
Mansamente, serenamente, os meus lábios abrem-se
e de dentro do coração surgem as primeiras palavras: Oh Jesus, eu amo-te!
Parece que se abriu a comporta de um rio e a
frase torna-se repetitiva, quase um respirar, compassado, sincopado, repetindo:
Oh Jesus, eu amo-te!
À minha volta deixam de estar coisas, deixa de
se perceber qualquer movimento, tudo parece concentrar-se agora, apenas e só
nesta frase: Oh Jesus, eu amo-te!
Sinto-me envolvido numa imensa paz, abandonado
ao cântico mais suave, despojado de tudo, até de mim mesmo, e repito sem
cessar: Oh Jesus, eu amo-te!
De dentro de mim vem essa certeza inabalável que
me diz ao coração, a todo o meu ser: Que precisas tu de dizer mais a Deus, se
não, oh Jesus, eu amo-te!
Parece que uma brisa suave, um tépido calor, um
esvoaçar de asas de pomba, um silêncio envolvente, um abraço de amor, me enche
e preenche tanto, que eu apenas abro o coração e a boca, e clamo: Obrigado,
Espírito Santo!
Marinha Grande, 7 de Junho de 2014
Joaquim Mexia Alves
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