26/05/2014

As sete palavras de Cristo na Cruz 26

Capítulo 4: Explicação textual da segunda palavra: “Amém, Eu te digo: Hoje estarás comigo no paraíso. 8

Ainda que algumas pessoas tenham discutido acerca do sentido da palavra “Paraíso” neste texto, não parece haver fundamento para a discussão. Pois é seguro — porque é artigo de fé — que no mesmo dia de Sua morte, o Corpo do Cristo foi colocado no sepulcro, e Sua Alma desceu ao Limbo; é igualmente certo que a palavra “Paraíso” — falemos do Paraíso celeste, ou do terrestre — não se pode aplicar nem ao sepulcro, nem ao Limbo. Não se pode aplicar ao sepulcro, pois era um lugar mui triste — a primeira morada dos cadáveres — e o Cristo foi o único enterrado nele: o ladrão o foi em outro lugar. Mais ainda, as palavras “estarás comigo” não se cumpririam, se o Cristo falasse meramente do sepulcro. Tampouco se pode aplicar a palavra “Paraíso” ao Limbo. Pois “Paraíso” é um jardim de delícias — inclusive, no Paraíso terrestre haviam flores e frutas, águas límpidas e uma deliciosa suavidade no ar. No Paraíso celestial, delícias sem fim, glória interminável, além dos lugares dos Bem-aventurados. Mas no Limbo, onde as almas dos justos estavam detidas, não havia luz, nem alegria, nem prazer; evidentemente, essas almas não estavam sofrendo, já que a esperança da redenção e a perspectiva de ver a Cristo era motivo de consolo e gozo para eles; contudo, se conservavam como cativos na prisão. Sobre isso, conforme o Apóstolo, ao explicar os profetas: “subindo às alturas, levou os cativos” 24; e conforme Zacarias: “quanto a ti, por causa de tua aliança de sangue, libertarei os teus cativos da fossa sem água” 25, onde as palavras “teus cativos” e “a fossa sem água” apontam evidentemente não às delicias do Paraíso, mas à obscuridade de uma prisão. Por isso, na promessa do Cristo, a palavra “Paraíso” só poderia significar a Bem-aventurança da alma, que consiste na visão de Deus – este é realmente um Paraíso de delícias, não um Paraíso corpóreo ou extenso, mas um espiritual e celestial.

são roberto belarmino

(Tradução: Permanência, revisão ama).

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Notas:
24. Ef 4,8.
25. Zc 9,11.


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