Capítulo
4: Explicação
textual da segunda palavra: “Amém, Eu te
digo: Hoje estarás comigo no paraíso.”
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Ainda que algumas pessoas
tenham discutido acerca do sentido da palavra “Paraíso” neste texto, não parece
haver fundamento para a discussão. Pois é seguro — porque é artigo de fé — que
no mesmo dia de Sua morte, o Corpo do Cristo foi colocado no sepulcro, e Sua
Alma desceu ao Limbo; é igualmente certo que a palavra “Paraíso” — falemos do
Paraíso celeste, ou do terrestre — não se pode aplicar nem ao sepulcro, nem ao
Limbo. Não se pode aplicar ao sepulcro, pois era um lugar mui triste — a
primeira morada dos cadáveres — e o Cristo foi o único enterrado nele: o ladrão
o foi em outro lugar. Mais ainda, as palavras “estarás comigo” não se
cumpririam, se o Cristo falasse meramente do sepulcro. Tampouco se pode aplicar
a palavra “Paraíso” ao Limbo. Pois “Paraíso” é um jardim de delícias — inclusive,
no Paraíso terrestre haviam flores e frutas, águas límpidas e uma deliciosa
suavidade no ar. No Paraíso celestial, delícias sem fim, glória interminável,
além dos lugares dos Bem-aventurados. Mas no Limbo, onde as almas dos justos
estavam detidas, não havia luz, nem alegria, nem prazer; evidentemente, essas
almas não estavam sofrendo, já que a esperança da redenção e a perspectiva de
ver a Cristo era motivo de consolo e gozo para eles; contudo, se conservavam
como cativos na prisão. Sobre isso, conforme o Apóstolo, ao explicar os
profetas: “subindo às alturas, levou os cativos” 24; e conforme Zacarias:
“quanto a ti, por causa de tua aliança de sangue, libertarei os teus cativos da
fossa sem água” 25, onde as palavras “teus cativos” e “a fossa sem água”
apontam evidentemente não às delicias do Paraíso, mas à obscuridade de uma
prisão. Por isso, na promessa do Cristo, a palavra “Paraíso” só poderia
significar a Bem-aventurança da alma, que consiste na visão de Deus – este é realmente
um Paraíso de delícias, não um Paraíso corpóreo ou extenso, mas um espiritual e
celestial.
são
roberto belarmino
(Tradução:
Permanência, revisão ama).
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Notas:
24.
Ef 4,8.
25.
Zc 9,11.
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